Encurralada.

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 P.O.V: Mayla Sanchez

Cheguei em casa, depois de um dia completamente atípico. Eu estou radiante, eufórica, feliz. Afinal de contas, não é todo dia que Bruno Rezende contrata seus serviços, não é mesmo?! Eu fiquei completamente sem jeito perto dele. Acompanho os jogos da seleção e ele já era lindo na televisão, pessoalmente é mais lindo ainda. Eu estou saltitando de alegria, mas sou interrompida quando minha irmã mais velha, Naomi, me olhou e começou a dar risada.

— o que aconteceu, dona Mayla? —  perguntou em meio as risadas. Eu moro em um apartamento de três quartos com meus três irmãos: Nós éramos em 4: Naomi, a mais velha de 33 anos, eu com 26, Levi com 17 e Isaque, com apenas 2 aninhos. Nossa mãe, Maria Rosa, veio a falecer após o parto complicado de meu irmão mais novo. Em meio a tanta tristeza, Isaque era a nossa alegria e nossa força. Ele lembra muito a minha mãe, tanto na aparência quanto na personalidade. Meu pai, Ezequias, 11 meses após a morte da minha mãe se mudou para uma casa que fica próxima de onde moramos. Eu amo o meu pai, mas depois da morte da minha mãe, ele não tem sido muito presente. Principalmente pelo fato de ele ter um filho pequeno. Desde então, eu e meus irmãos nos unimos e nos fortalecemos mais do que nunca. Naomi virou como uma "mãe" para a gente, afinal, ela era a figura matriarcal mais próxima que tínhamos no momento. Isaque até chegou a chamar ela de "mãe" por umas duas vezes, mas logo foi corrigido.

— Na, você não vai acreditar em quem é meu cliente agora! — disse, empolgada, me jogando no sofá.

— meu Deus, criatura. Vai quebrar o sofá?!— rimos — vai, me diz, quem é que te deixou assim. — Naomi perguntou

— o Bruninho do vôlei, Na! — eu disse, empolgada e vi uma expressão de surpresa se formar no rosto da minha irmã.

— que? O que? Como assim? — ela perguntou, tentando processar as informações — o Bruno Rezende? Que tá no Taubaté agora? Filho do Bernardinho?

— ele mesmo! — eu bati palmas — aí Na, ele consegue ser ainda mais gostoso pessoalmente! — eu disse e nós rimos.

— para de ser assanhada, dona Mayla. Você nem sabe se o cara tem namorada! — riu e eu mordi o lábio inferior. — mas me conta tudo, o que rolou? O que aconteceu? — ela perguntou e eu expliquei tudo. — caralho, do nada! — rimos — mas fico feliz por você, maninha. Seu trabalho vai ser cada dia mais reconhecido, anota aí! Tenho muito orgulho de você!

— te amo! —dei um beijo em sua bochecha, logo ouvimos um choro agudo. Era Isaque, possivelmente tinha acabado de acordar da sua soneca da tarde.

— também te amo! — sorriu — vou pegar o Isaque! — ela disse e eu concordei com a cabeça. Peguei meu celular e logo abri o Instagram. Instantâneamente, entro no Instagram de Bruninho. Saio rolando o seu feed de publicações e sem querer, curti uma foto de 2 anos atrás.

— aí, caralho! — gritei, batendo com a mão na minha perna.

— tá doida, Mayla? — meu irmão 'aborrecente' falou.

— não tô doida não, Levizinho! — fiz uma voz de criança em "Levizinho". Eu adorava irritar meu irmão.

— para de graça, Mayla! — revirou os olhos. Ele odeia esse apelido.

— May, não aguento mais dormir com o Isaque, sério. Por favor, me deixa dormir no seu quarto! — ele fez uma carinha de cachorro sem dono, o que me fez rir.

— de novo esse assunto, Levi Augusto? — perguntei, rindo e balançando com a cabeça negativamente.

— eu tô falando sério, mano! — bufou

— assim como você precisa da sua privacidade, também preciso da minha, querido irmão. Então a resposta é a mesma de sempre: não! — mandei um beijo pra ele que me mostrou o dedo do meio e em seguida, saiu da sala, o que me arrancou uma gargalhada. Logo, sinto meu celular vibrar com uma notificação. Desbloqueio e vejo que tem uma nova solicitação de mensagem. Fui ver quem era e quando vi, quase caí para traz. Era uma mensagem de Bruninho.

@bruninho1: Hm, então quer dizer que minha arquiteta anda me stalkeando? Hahahahah.

Quase caí para trás com a mensagem recebida. Como assim ele soube que eu visitei seu perfil? Foi quando em um lapso de memória, me lembrei da foto que eu havia curtido sem querer. Mas eu tirei a curtida logo em seguida, como ele soube? Decidi responder a mensagem, de forma corajosa.

@maylasanchez: desculpa! 😬 Hahaha, foi sem querer, juro!

Logo em seguida, não demorou muito para eu obter uma resposta.

@bruninho1: só aceito suas desculpas se você me passar seu WhatsApp pessoal! 😂

Meu coração gelou com a mensagem. Sim, o número na qual Bruninho havia entrado em contato comigo ontem era comercial.

@maysanchez: +55 12 **********

Sob um momento de coragem, passei meu número pessoal para Bruno. O que será que ele quer? Pelo tom da mensagem, já posso ter uma ideia, ou simplesmente posso estar enganada... Enfim! Isaque veio correndo e agarrou minhas pernas, o que me fez rir e pegá-lo no colo.

— oi, mocinho! — passei a mão em seus cabelos cacheadinhos e vi o pequeno sorrir.

— saudade! — ele falou todo embolado, o que me fez rir e abraça-lo

— a mana também estava com saudades, meu amor! — beijei o topo de sua testa.

No dia seguinte:

Depois de passar meu número pessoal para Bruno, ele combinou de vir até meu escritório hoje, somente resolver algumas coisas contratuais. O que me deixou ainda mais inquieta sobre o por qual motivo ele pediu meu número pessoal. Hoje mais cedo, vi que ele havia começado a me seguir no Instagram. O segui de volta e curti a sua última foto que foi postado há 3 dias atrás, na maior cara de pau. Ele também curtiu minha última foto que havia sido postada há semanas. Enquanto eu me distraía nos meus devaneios, vejo que Bruno havia chegado ao meu escritório, conforme combinado.

 Enquanto eu me distraía nos meus devaneios, vejo que Bruno havia chegado ao meu escritório, conforme combinado

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— bom dia, minha arquiteta! — ele deu um sorriso de canto que fez meu corpo inteiro aquecer

— bom dia, Bruno! — engoli em seco, mas dei um sorriso — por favor, sente-se! — apontei a cadeira e assim o fez. Conversamos algumas coisas sobre o início da obra e outras coisas de contrato, quando finalmente, assinamos o mesmo. — sabe, nunca pensei que um dia eu trabalharia para um dos melhores levantadores do mundo. — eu disse e nós caímos na risada

— eu também ouvi falar muito bem de você! — ele sorriu

— sério? — eu disse, me levantando

— mas é claro! Tive ótimas recomendações de você! — sorrimos um para o outro e pude ver Bruno me olhar fixamente.

— ah, é muito bom saber disso! — sorri — quer café? — perguntei

— aceito um pouquinho! — ele disse e eu concordei com a cabeça, me virando de costas para ele para pegar duas xícaras de café na máquina. Quando de repente, sinto um calor humano perto de mim. Era Bruno. Ele colocou seus dois braços na parede, bloqueando qualquer passagem que antes eu tinha. Até porque, não dá pra competir: eu tenho 1,65 e Bruno tem 1,90 de altura. Bruno se aproximou ainda mais, o que fez meu coração acelerar. Bruno tinha um sorriso de canto nos lábios, um sorriso um tanto... Malicioso! Por uma fração de segundos, senti vontade de beijar aquela boca rosada. Mas eu não faria isso, deixaria ele tomar a iniciativa. Queria saber o que ele queria me encurralando na parede desse jeito.

Minha Arquiteta.Where stories live. Discover now