20- A caça ao Veado Branco

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                                          S/n:
Bom, depois da festa, Pedro e eu fomos para uma das sacadas.

Podíamos ver a praia e o céu estrelado.

A composição perfeita com a melhor companhia possível.

Ele parou de olhar as estrelas e ficou olhando para os meus olhos.

— O que foi? — perguntei e olhei pra ele.

— É que os seus olhos são encantadores, principalmente com as estrelas refletidas neles. — respondeu.

— Obrigada. Então talvez eu devesse voltar a olhar para as estrelas. — falei e voltei a olhar para elas.

— Não! — disse e virou meu rosto. — Acho que ficam melhores quando vejo o meu reflexo neles.

— Então tá.

— Eu não quero que passe de hoje.

— O que?

— Não é atoa que esse lugar seja mágico. Sabe, é tudo bem diferente do meu mundo. Mas aqui eu encontrei algo muito mais precioso do que todos os valiosos artefatos antigos do professor Kirke, você. Sou sortudo por isso.

Permaneci calada.

— Consegue contar quantas estrelas há no céu? Esse é o tanto que eu te amo. E por isso eu gostaria de saber se aceita ser minha namorada.

— É claro que sim!

Pedro sorriu e me beijou.

Em nenhum dos meus sonhos "perfeitos" imaginei que meu pedido de namoro pudesse ser melhor. Talvez até pudesse, mas eu ainda não conhecia Pedro e como tudo se tornava perfeito com ele. 

*** years later ***

Sr. Tumnus, já agora um fauno de meia-idade, trouxe notícias de que o Veado Branco voltará a aparecer. O Veado Branco, quando capturado, satisfazia todos os desejos de quem o encontrava.

Eu, Pedro, Ed, Susana e Lúcia, acompanhados dos principais membros da corte, fomos à caça do Veado Branco nos Bosques do Ocidente, conduzindo cães e fazendo soar as trompas.

Não demoramos para avista-lo. Corremos em sua perseguição por montes e vales, por bosques e planícies, até deixarmos para trás os cavalos dos cortesãos. Só nós cinco continuamos a persegui-lo.

Vimos o veado desaparecer numa capoeira tão cerrada que os cavalos não conseguiram entrar. Então Pedro disse:

— Leais consortes, desmontemos, deixando aqui os nossos corcéis, e sigamos o veado pela floresta; pois nunca meus olhos viram tão nobre animal.

E assim nós fizemos. Prendemos os cavalos às árvores e fomos a pé na floresta cerrada. E mal tínhamos entrado, quando Susana disse:

— Gentis amigos, eis que vejo uma grande maravilha; parece-me uma árvore de ferro.

— Susana, — disse Edmundo — se olhar bem, vereis que é um pilar de ferro, com uma lanterna em cima.

— Pela Juba do Leão! — exclamou Pedro. — Que idéia é essa de afixar uma lanterna num local em que as árvores crescem tão juntas e tão alto, que, mesmo acesa, não daria luz a ninguém!

— Pedro — falei - É provável que, quando este poste e esta lâmpada aqui foram colocados, talvez fossem as árvores pequenas, ou poucas, ou nem árvores existissem. Porque este bosque é jovem e o poste é velho.

Ficamos todos olhando para ele. Disse Edmundo:

— Não sei bem o que é, mas aquela lâmpada faz-me sentir um não sei quê. Não me sai do pensamento que já a vi em outro tempo, como se fosse em um sonho, ou no sonho de um sonho...

— Tenho a mesma impressão. — disse Pedro.

— E a mim me parece — acrescentou Lúcia — que se passarmos para além do poste e da lanterna, encontraremos estranhas aventuras, ou então haverá grandes transformações em nossas existências.

— Tenho o mesmo pressentimento. — disse Pedro.

— Eu também. — declarou Susana. — Por isso, sou de opinião que voltemos sem demora ao sítio onde deixamos os cavalos e deixemos de perseguir o inatingível Veado Branco.

— Susana — disse Pedro — me perdoe se te contradigo. Porque, desde que somos reis e rainhas de Nárnia, jamais encetamos uma alta empresa (batalhas, demandas, feitos de armas e atos de justiça) para depois desistirmos. Sempre levamos a bom termo tudo quanto iniciamos.

— Minha irmã, — disse Lúcia – Pedro tem razão. Grande vexame seria para nós se, por qualquer terror ou pressentimento, deixássemos de perseguir tão nobre animal, como o que nos propusemos caçar.

— Faço minhas as suas palavras. — falei. — E tão grande é o meu desejo de descobrir o sentido daquele objeto, que nem pela jóia mais rica que possa existir em Nárnia, nem por todas as suas ilhas, eu voltaria atrás, por meu querer.

— Então, em nome de Aslam. — disse Susana — Se o desejo de todos nós é esse, continuemos em busca da aventura que nos aguarda.

Assim, entramos no bosque, e ainda não tínhamos dado meia dúzia de passos quando notamos que o objeto visto era um lampião.

E pouco mais tínhamos andado quando percebemos que não seguíamos entre ramagens, mas entre casacos de peles. E daí a um pouquinho saltamos todos da porta do guarda-roupa para a sala vazia.

Não éramos mais cinco adultos, tínhamos a idade de quando nos conhecemos, ainda durante o governo da Feiticeira Branca.

Ouvimos passos vindos do corredor e logo a porta foi aberta.

— O estavam fazendo no guarda-roupa crianças? — perguntou um senhor.

— Se contássemos, não acreditaria. — disse Pedro.

— Experimente. — respondeu o senhor. Nem ao menos questionou o motivo de agora sermos cinco.

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Como de costume, terá um cap extra para o final
Obs: O final deste capítulo incluiu cenas narradas no livro.

𝗙𝘂𝗴𝗶𝘁𝗶𝘃𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗡𝗮𝗿𝗻𝗶𝗮 |1Where stories live. Discover now