Unrestrained - Snarry

Capítulo 33 : Passado rescrito

Com os olhos fechados, Harry esperou pelo brilho verde que sabia que viria. Terceira vez em sua vida, ele enfrentou a maldição de que ninguém poderia sobreviver, mas desta vez, ele não teve chance de retornar dela. Tudo o que ele tinha era esperança de que Severus sobreviveria a isso, que seu coração dilacerado e partido aceitaria que não era sua culpa e ele poderia viver.

Mas a luz verde nunca apareceu, e Harry lentamente olhou para cima.

Olhos negros o observavam, totalmente abertos com o horror absoluto do que quase aconteceu, do que Snape quase fez. O corpo inteiro de Severus estremecia, o medo descontrolado estava nas profundezas infinitas, o medo de machucar, de trair a única coisa que ele considerava preciosa. Harry podia lê-lo tão facilmente quanto um livro, a dor nele tão vívida, quase palpável.

Os dedos em sua garganta o soltaram e como se fossem a única coisa que mantinha Severus de pé, ele caiu de joelhos. Harry imediatamente abraçou o corpo trêmulo contra si, seus dedos ensanguentados passaram pelo cabelo macio e ele pressionou a cabeça do homem contra o peito e o manteve ali. Ele finalmente ousou respirar e suspirou aliviado.

Severus soluçou contra a barriga, as mãos agarrando a camisa branca que estava mais ou menos vermelha agora com todo o sangue que havia encharcado. No entanto, ele enterrou o rosto nela enquanto o alívio o inundava também, brilhante e aliviante. Harry sabia que suas lágrimas não eram por causa do que tinha acontecido, não por causa de todos os cortes e costelas quebradas, mas por causa do que quase aconteceu.

Mesmo assim, partiu o coração de Harry. Doía-lhe ver Severus em tal estado bruto, até mesmo apenas suspeitar o que matar Harry teria feito com ele, o quanto o teria quebrado, dilacerado. Demorou muito para Harry arrancar aquelas paredes e tudo o que fez foi deixar Snape vulnerável. Ele só podia esperar que, apesar de tudo isso, Severus dissesse que valeu a pena e não começasse a reconstruir aquelas barricadas.

Harry o segurou perto, os braços ao redor da cabeça de Severus, embalando-o em um abraço firme. Severus iria querer se esconder depois disso? Ele iria querer se retirar novamente, fugir? A possibilidade assustou Harry; quebrou seu coração uma e outra vez. Ele olhou para a cabeça negra.

Soluços sem fôlego, como os de uma criança, sacudiam um dos homens mais corajosos que ele conhecia. Não era realmente um choro, mas parecia mais pânico e alívio ao mesmo tempo. Severus agarrou sua camisa, pressionou a cabeça com firmeza contra o corpo de Harry, tentando desesperadamente se aproximar, mergulhar em seu calor. Era de partir o coração vê-lo assim.

Harry olhou para cima, seu olhar severo em Wallace, que ainda estava segurando a varinha de Harry e por um momento Harry se arrependeu por não ter arrancado seu coração de seu corpo quando teve a chance.

"Se eu fosse você, saltaria." Harry disse friamente, sua mão acariciando Severus gentilmente, esperando que ele se acalmasse logo. "Porque se eu chegar até você primeiro, você não terá uma morte tão limpa." Ele sabia que não faria isso, não mais, aquele tipo de loucura tinha saído de sua mente, mas ainda havia algo vicioso ali, algo que queria machucar .

"Quão…?" Wallace murmurou, estremecendo como se até falar fosse machucá-lo.

Harry não encontrou em si mesmo para sentir pena dele, especialmente quando seus olhos voltaram para o homem trêmulo e quase sem fôlego na sua frente.

"A Maldição da morte não funcionará a menos que você realmente queira. Você pode tê-lo transformado em um animal, mas não pode ignorar seus instintos mais primitivos. Me matar é o seu maior medo, um instinto de caçar e matar não mudaria isso. Ele nunca poderia me machucar, a ideia em si o paralisa - e por que ele faria isso, eu não quero dizer nenhuma ameaça para ele. " Ele se inclinou sobre Severus e deu um beijo no topo de sua cabeça. "Eu o amo, e ele sabe disso", disse ele suavemente. "Ele só precisava ser lembrado disso, ao que parece."