Nas nuvens

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Ana

- Fora a psicóloga você foi a primeira pessoa que me perguntou isso, por quê?

- Thomas, você presenciou a morte do seu próprio irmão e enfrentou isso tudo sozinho, e agora, mesmo depois de muito tempo você ainda guarda mágoas daquele dia, você só precisa ser escutado.

Thomas volta a olhar o céu.

- Eu me senti sozinho, ele era meu melhor amigo, muitas pessoas achavam que nós éramos gêmeos por sermos tão parecidos. Adam que pediu para fazermos aula de canto, ele falava que seríamos uma dupla. - Thomas sorria ao relembrar do irmão - Quando ele morreu eu me entreguei a música, assim eu sentia que estávamos próximos mesmo tão distantes.

- E onde entra a Julieta nisso tudo?

- Já tinham se passado uns 2 anos quando a minha mãe falou que estava grávida, na mesma noite eu sonhei com Adam e ele sugeriu que ela se chamasse Julieta, por mais que tenha sido só um sonho a Tracy gostou do nome e resolveu colocar.

- Então essa superproteção que você tem com ela é fruto de um trauma...

- Pode ter certeza que sim, o meu maior medo é de perder ela, Julieta é a única pessoa que realmente gosta de mim nesse mundo, sem ela eu não saberia o que fazer.

- Ela pode não ser a única - comento.

Thomas se virou para mim e foi nessa hora que eu percebi que ainda estávamos de mãos dadas e muito próximos um do outro.

Me perco no seu olhar e parece que ele também, ficamos nos olhando por longos segundos.

- Como essa briga surgiu mesmo? - corto o clima me sentando, fazendo com que ele fizesse o mesmo.

- Chamaram a banda para um festival na cidade vizinha, se der tudo certo nossa popularidade vai aumentar e até contrato com gravadoras podem surgir, então eu me senti na obrigação de falar para a Tracy, só que como sempre o Albert surgiu do nada ouvindo tudo.

- Mas você ainda vai, não é?

- Depois disso tudo eu nem sei... - disse abaixando o olhar

- Óbvio que você vai, Thomas. Essa é a sua chance, e como você falou, lá podem ter olheiros, não sabemos quando vocês terão essa oportunidade de novo.

- Você acha que vai dar certo mesmo? Que vão gostar da banda?

- Claro que sim, não tenho dúvidas - respondo sorrindo

Thomas ri para o nada perdido em seus pensamentos.

- Tá rindo de quê? - pergunto

- Do jeito que você confia no meu potencial, nem eu confio tanto em mim assim.

- Thomas, olhe para mim - falo enquanto pego seu rosto e viro em minha direção - você é incrível, talentoso e criativo, só te falta confiança, e se for preciso eu irei te lembrar todos os dias de como você é capaz de chegar em qualquer lugar, independente de quão difícil seja.

Ele me olhava intensamente, era como se pudesse enxergar a minha alma. Thomas se aproximou e deixou seu olhar cair sobre minha boca, mas voltou para os meus olhos como se pedisse autorização, sem pensar duas vezes avancei em direção ao seus lábios.

Thomas agarrou minha cintura e segurou levemente a minha nuca, nossas línguas dançavam em sintonia era como se já tivemos feito aquilo antes.

Beijávamos sem pressa, mas desesperados por um desejo guardado a muito tempo. Esqueço de tudo ao meu redor e só penso em beija-lo mais e mais, seus lábios são macios e sua boca tem gosto de menta, só percebo o quanto queria isso quando me aprofundo no seu beijo.

Paramos pela falta de fôlego, Thomas encostou sua testa na minha e continuo me segurando pela nuca, estávamos ofegantes como se tivéssemos acabado de correr uma maratona.

- Acho que quero fazer isso mais vezes - ele fala sorrindo.

Eu apenas rio de volta e me afasto, ele me olha confuso.

- A Julieta pode estar precisando de mim - explico tentando sair, porém sou impedida com ele segurando meu antebraço.

- Não tão rápido - fala me puxando para outro beijo.

Acho que a Julieta sobrevive sem mim...

O Irmão Mais VelhoWhere stories live. Discover now