19. Segunda-feira

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Os amigos estavam almoçando, num silêncio fora do comum. Ginny encarava Ophelia seriamente, era perceptível sua raiva, Ophelia a encarou de volta.
- O que foi Ginny? - perguntou friamente.
- Me passa o molho, por favor.
Ophelia estendeu a mão para pegar a molheira, pegou com cuidado porque estava quente. Ginny estendeu a mão rapidamente e de forma proposital derrubou o molho em cima do braço nu de Ophelia.
A princesa gritou, todos olharam para ela e logo a professora Minerva veio ao socorro da garota.
- O que está acontecendo aqui? - perguntou desesperada.
- A Ginny esbarrou na molheira e derrubou no braço da Ophelia! - Ronald respondeu passando o guardanapo no braço da garota.
Algumas lágrimas estavam presentes nos olhos marrom-esverdeados dela.
- Tudo bem, se acalmem! Foi só um pouco de molho, não se preocupe professora. - a princesa falou calmamente.
Minerva respirou fundo, olhou para Ginny e disse:
- Onde estava com a cabeça? Sabe que o molho é servido quente!
A ruiva se encolheu no banco.
- Não precisa brigar com ela, foi sem querer. - Ophelia respondeu.
A professora se afastou resmungando. Era só um pouco de molho fervente, não tinha motivos para tanto escândalo!
- Não quer que eu te acompanhe até a enfermaria? - Ronald perguntou preocupado.
- Não, obrigada, eu vou sozinha.
A princesa saiu de lá batendo os pés, estava irritada, muito irritada. Sabia que não havia sido um acidente, tinha certeza disso! Ginny era esperta e com certeza tinha planejado aquilo, só talvez não tivesse previsto o quão quente estaria o molho, afinal, sua cara de espanto foi imediata assim que ela viu que a pele de Ophelia havia começado a queimar.
Ophelia respirou fundo, precisava se acalmar antes que perdesse o controle de sua magia, de novo.
- Pronto majestade, essa pomada irá curar a queimadura rapidamente! - madame Ponfrey disse.
- Obrigada... - a garota respondeu, saindo da enfermaria logo em seguida.
Seu braço estava dolorido, seu coração pesado, uma raiva crescia dentro dela junto de seu desespero. Sabia que seus amigos estavam com raiva dela, até Hermione que ainda sim falava com ela de forma costumeira, sabia que havia magoado Harry, que havia magoado Ron no dia do jantar, sabia que estava errando com todos seus amigos!
"Se acalme Ophelia", pensou ao sentir uma rajada de vento pesada passar por ela.
Entrou no primeiro armário de vassoura que achou, trancando-o logo em seguida, era daquilo que ela precisava, do silêncio e do escuro.
Sentou-se no canto do armário, lá, sozinha, ela se pôs a chorar. Talvez ela merecesse o casamento infeliz que ia ter, se achava egoísta de mais para merecer o amor de Ronald ou de Harry, ou a amizade de Hermione e Ginny.

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- A Ophelia não voltou até agora... - Hermione comentou preocupada.
- Ela faltou na reunião, não a vi nas aulas também, o que é estranho já que ela nunca perde uma aula. - falou Harry.
- Será que ela teve que ficar internada? - perguntou Neville.
- Não seja idiota, foi só um pouco de molho! - bufou Ginny - Ela que é muito dramática, e vocês estão indo na onda do drama dela.
Todos a encararam, Ronald ficou irritado com o comentário da irmã.
- Drama? Ginevra você derrubou molho fervente nela! Sabe o quão quente aquilo poderia estar? Quando eu limpei deu pra ver a pele queimada dela, vermelha e claramente ardendo. Não sei o motivo de tanto desprezo para com a dor que você causou nela, talvez alguém devesse derrubar um pouco de molho quente em cima do seu braço. - esbravejou o ruivo.
Os amigos o encararam assustados, nunca havia visto Ronald brigar com a irmã daquela forma, nem mesmo Ginny acreditou quando ouviu seu irmão gritar.
- Ron eu...
- Depois conversamos sobre isso Ginevra. - ele a interrompeu - Agora eu preciso procurar minha amiga, que deve estar morrendo de dor na enfermaria.
O Weasley saiu batendo a porta da comunal, deixando para trás seus amigos que o encaravam assustados. Ronald podia ser assustador quando estava com raiva.
Perambulando pelo castelo procurava pela sua ex-noiva, sabia que ela não tinha ficado na enfermaria, tinha noção do quão irritada ela estava quando saiu do salão principal. Ophelia era uma pessoa ótima em se esconder, principalmente quando estava triste ou brava, já havia dado vários sustos em seus pais e empregados quando mais nova.
Estava na ala Oeste do castelo, era pouco frequentada, o lugar perfeito para quem não quer ser encontrado se esconder!
Ron andou pelo extenso corredor, nenhum sinal da garota.
- Ron? - a voz rouca dela soou atrás dele.
O Weasley se assustou.
- Onde você estava? Estávamos preocupados com você! - ele disse se aproximando.
Ophelia deu de ombros.
- Quero ir embora Ron...
- O que? Por que?
- Não acho certo continuar aqui depois de magoar todos meus amigos.
O ruivo a encarou antes de puxa-lá para se sentar perto da janela.
- Ophelia...
- Sei que deixo a Hermione insegura, que incomodo a Ginny por deixar a Hermione assim, que magoei o Harry por ter terminado com ele... Também sei que te magoei por não ter te defendido no jantar, e depois te magoei quando terminei o noivado.
O Weasley não respondeu, não tinha o que dizer.
- Me desculpa. - ela sussurrou, a voz estava embargada e algumas lágrimas corriam desimpedidas pelas suas bochechas.
Ronald não sabia o que fazer, não estava acostumado com esse lado dela, o lado frágil. Sabia que Ophelia era forte, forte até de mais, que ela podia passar por qualquer turbilhão e ainda sim sair intacta e sorridente, pelo menos foi assim que ela se mostrou desde que havia chego em Hogwarts.
- Não se case com ele, Ophelia. - as palavras saíram como água de sua boca.
A garota voltou o olhar para ele.
- Ainda falta muito para o meu casamento, bobinho.
Ronald estava vermelho.
- Em hipótese alguma se case com ele, por favor... Nem hoje e nem amanhã, eu não quero que você se case com ele!
- Por que não, Ron? Você deveria querer, agora você é livre, pode ter seu final feliz com a Hermione.
- Porque eu... - "porque eu te amo" diga Ronald - eu não quero que você seja infeliz.
Ophelia o encarou sorrindo, colocou sua testa no ombro do garoto e o abraçou.
- Eu não vou ser infeliz, prometo.
Ronald retribuiu o abraço. Ele queria te dito aquelas quatro palavras, "eu te amo Ophelia", mas não conseguiu.
Ele não conseguiu porque também amava Hermione, não era justo com ela, com nenhuma das duas era.
- Vamos voltar para a comunal? - o garoto disse.
Ophelia concordou e saiu lado a lado com ele, os dois sorrateiramente esgueiraram-se pelos corredores até chegarem em casa, por sorte, o zelador e sua gata não os viram.
Quando entraram, os amigos vieram de encontro com eles, enchendo a garota de perguntas e pedidos de desculpas (pela parte de Ginny).
A garota foi a primeira a ir dormir, estava emocionalmente exausta e fisicamente dolorida. Amanhã seria outro dia, e ela tinha fé de que seria melhor do que hoje.

PRETENDENTE- Ronald Weasley Where stories live. Discover now