Capítulo 2.

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Quente, agitado e barulhento. Era esse o ambiente o atual. Em algum canto de Nova Iorque, em alguma balada estavam Jennie e Jisoo.

Além delas alguns amigos a mais, mas nenhum especial para ambas. Colegas, algo temporário, que no primeiro momento fugiam para outra bolha. Algo momentâneo apenas para saciar vontades do atual momento, até verem que ali já sugou e aproveitou toda energia, até não restar nada, apenas memórias.

Jennie havia bebido, mas não o suficiente para precisar de babá, apenas o bastante para cambalear levemente enquanto andava, ainda estava consciente de seus atos.

Não vemos o mesmo em Jisoo que sabia que sua amiga iria cuidar de si. A mulher dançava entre amigos, ria alto, flertava com alguns, aproveitava o momento por que com certeza não iria se lembrar de nada no outro dia.

Já eram quase três horas da madrugada, para Jennie, sua amiga já havia bebido até demais, e a partir desse horário pessoas indesejadas começavam a aparecer por baladas e ruas. Para ela, a noite já estava paga.

-Jisoo! Vou ao banheiro, fica no jeito que a gente já vai! -Jennie gritava no ouvido da amiga ao seu lado, a música saia alta das caixas de som, e com uma amiga quase inconsciente parecia ser melhor desenhar a situação do que tentar falar.

-Vai ao puteiro?! -Jisoo arregalou os olhos com uma cara de surpresa. -Eu sei que estou bêbada, mas eu tenho certeza do que ouvi! -Tentava se explicar enquanto sua dicção falhava numa simples frase.

Jennie se segurou muito para não rir. Ver Jisoo bêbada, tentando explicar e jurar que não estava, só por que tinha certeza de ter ouvido suas palavras sobre a “ida ao puteiro” estava sendo um marco para aquela noite.

E lá ia Jennie Kim ao “puteiro”.

「• • •」

Para quem tinha uma vida ocupada vivendo de trabalho, estar em uma balada depois de anos estava sendo um aperto. Mas ver jovens e adolescentes, que de alguma forma entraram ali, estava sendo nostálgico para Roseanne.

Memórias de sua fase na faculdade refrescaram em sua mente. Bons e ruins momentos se passaram.

Lembrou de quando sua amiga, Lisa, foi nos banheiros da faculdade, encheu as pias de água tampando para mantê-las cheia, para então colocar um peixe em cada pia. Sim, em cada pia, de cada banheiro de uma faculdade, estava cheia de água e com um peixe.

Riu sozinha ao se lembrar do caos que ficou a faculdade nesse dia. Nunca descobriram quem foi, dizem que o zelador pegou os peixes para ele, e até hoje fazem teorias de quem foi que fez aquela façanha. Ninguém menos que Lalisa Manoban.

Mas era um segredo delas, só elas sabiam, e talvez vocês.

Enquanto bebia algo qualquer estando apoiada no balcão do barman a mulher soltava risadas nasais. Foi uma boa época, não podia negar.

Analisando o ambiente via cada pessoa e tentava adivinhar quem seria seu alvo nessa noite. Em suas narinas notava o cheiro do morango ao ser cortado pelo barman, sentia o cheiro das notas de dólar ao serem separadas por um homem para pagar pelas bebidas. Sentia o cheiro de suor centralizado na pista de dança, sentia o chulé vindo de um jovem que dava em cima de uma menina no canto da festa.

Era inevitável para Rosé, notar tantos cheiros e detalhes em um ambiente.
Sua atenção é perdida ao sentir seu celular vibrar em sua mão. Era o número desconhecido novamente, mas dessa vez continha informações de seu alvo.

“Mulher. Cerca de 1,63 de altura. Asiática. Sobrenome Kim.”

Definitivamente seria um alvo fácil. Não havia quase um asiático no local. Era apenas questão de achar e atrair para a armadilha.

Logo, a postura de Roseanne mudava, estava na hora de acabar com isso e receber seu dinheiro.

Se virou de frente para a festa podendo ter uma visão aberta e podendo analisar com precisão cada pessoa.
Nos cantos de seus olhos captou uma mulher baixa indo em direção ao banheiro feminino, logo atrás vinha um homem.

Não custava tentar, a maioria das mulheres na festa eram altas, acima de 1,65, seria questão de sorte.

Atrás de seu alvo estava o homem, e na cola desse homem estava Rosé. Precisava se livrar dele antes.

「• • •」

A dois passos do banheiro Jennie é puxada pelo braço e colocada contra a parede. Aquele ato assustou a mulher a fazendo dar um baixo grito de susto.

-Não gaste seus gritos agora, vamos para uma cama amorzinho... -Uma voz masculina é ouvida em forma de sussurro nos ouvidos de Jennie.

Aquilo fez um nojo subir pelo corpo da mesma. Só precisava usar o banheiro, e logo em seguida iria embora com Jisoo. Mas não, um homem desocupado teria que interferir em seu caminho.

-Não grito para resto de aborto. -Soltou fria e seca, empurrando-o para longe de seu corpo.

Aproveitando a distancia se virou indo ao banheiro, ou melhor dizendo, tentando. Em rápidos movimentos o homem empurrou Jennie para o banheiro.

-Pois agora vai gritar, e muito. -Falou rindo enquanto prendia Jennie contra a pia do banheiro.

Naquela hora a festa estava boa o suficiente para alguém querer usar o banheiro, por azar de Jennie o banheiro estava completamente vazio.

Ou, por azar do homem.

Jennie sorriu com a coragem do homem.

-Esta gostando? Você gosta com força então? -O homem levou suas mãos ao pescoço de Jennie apertando-o.

-Mais forte amor. -Jennie arfou. -Patético, como suspeitava. Um baunilha querendo me domar. -Soltou uma risadinha fraca. -Me deixe te ensinar amor.

O homem que antes se mostrava confiante estava perdendo a postura aos poucos. Não sabia se corria, ou se permanecia. Sua curiosidade falava alto até demais.

-Quando uma mulher recusa, o correto é respeitar sua decisão. Mas nesse caso, a mulher é Jennie Kim. Portanto não darei tempo de pesquisar meu nome no Instagram. Sabe por que? -Jennie tirou a mão do homem de seu pescoço e levou ao pescoço dele. -Por que eu te matarei antes. -Sorriu.

Os olhos do rapaz se arregalaram. Parecia não saber mais como correr. Estava assustado e ofegante.

O comportamento inofensivo o atraiu pensando que seria um alvo fácil. Mas, naquele momento o alvo era ele mesmo. O arrependimento transparecia em sua pele, queria pedir perdão e sumir dali.

Iria sumir, iria ao inferno.

Jennie segurava o pescoço do homem com a mão dele embaixo da sua. Começou então a andar lentamente para frente fazendo-o ir para trás. Seu próximo movimento já estava calculado.

-Diga, “desculpe, Jennie Kim.” -A mulher apertou forte em seu pomo de adão. -É uma ordem!

A figura masculina que ali existia se encontrava em desespero, respirava pesado, talvez não fosse tão corajoso e forte como pensou. Sentir a dor em seu pescoço foi inevitável, só faltava ter seu pomo de adão arrancado fora a mãos.

-Desculpe, Jennie Kim. -Se esforçou em falar, a dor em seu osso do pescoço, sentir aquela Jennie apertar com tamanha força a ponto de parecer ter sido deslocado o fazia querer gritar de dor. Gaguejou vergonhosamente ao falar.

-Eu te desculpo. -Jennie sorriu generosa.

Com a mão firme no pescoço daquele homem, a mulher o jogou com força contra pia do banheiro. Apenas um agonizante grito vindo do rapaz foi escutado. A música alta que vinha de fora do banheiro fez o grito ser em vão.

Em segundos estava sendo formado uma poça de sangue ao redor da cabeça daquele desconhecido.

Jennie tinha a visão dele jogado no chão com uma bela aquarela vermelha em volta de sua cabeça e pescoço. Não era a primeira vez que fazia aquilo. Não saia matando qualquer um, fazia apenas quando era necessário, e naquele momento foi como uma defesa para ela.

Antes de se retirar do banheiro deu uma rápida olhada no espelho, ajeitou o cabelo, e logo saiu do local desviando do corpo jogado no chão.

Não sabia quem era o homem, e nem queria saber. Parar Jennie era apenas uma pedrinha em seu salto, que em um ágil movimento ela se livraria do grãozinho.

Só queria sair daquela festa o mais rápido possível, a madrugada estava feita.

「• • •」

Um grito, e em segundos um cheiro metálico rasga suas narinas, o cheiro de sangue, logo seu pescoço ardeu ao sentir aquele cheiro.

Enquanto Rosé seguia a suposta Kim, um homem parou seu alvo, na mente de Roseanne era algum ficante, mas pelo desconforto perceptível ela concluiu que era algum cara chato querendo força-la.

Pensou em deixar o homem leva-la, pelo comportamento dele, parecia que ele iria mata-la ou algo tipo. Logo, pensou que ela não era o alvo dele e sim seu. Pensou em agir, de tirar aquele maldito de perto de seu alvo, mas acabou sendo surpreendida quando o homem levou a força a suposta Kim para o banheiro.

Pensou que já era tarde demais. Mas o silencio que ali permanecia estava suspeito até demais. Com uma ideia de ultima hora, Rosé usou a câmera de seu celular para espionar dentro do banheiro.

Se deparou com a mulher segurando agressivamente o pescoço daquele homem. Seus olhos não queriam acreditar no que viam, mas seu cérebro estava ali, processando cada cena e confirmando que aquilo era real.

Foi questão de segundos para ver aquele cara ser jogado contra a pia do banheiro e morrer.

Ver alguém morrer não era novidade para Rosé. Mas ela não esperava ver aquilo vindo daquela frágil mulher, o que ela podia ter certeza que não era mais.

Aquilo a deixou curiosa, logo a suposta Kim estava se olhando no espelho, arrumando o cabelo e ignorando totalmente o fato de ter matado um homem a segundos atrás.

Era como se sua beleza, seu próprio nariz fosse mais importante que o fato de ter matado um homem, e ele estar bem ali ao seu lado. Aquela mulher estranha passou quase cinco minutos se apreciando em frente ao espelho.

Pela primeira vez Rosé poderia dizer que viu algo macabro em sua frente.

Normalmente quando matamos alguém ficamos pensando o que fazer com o corpo. Ficamos com um arrependimento, ou para alguns não. Mas matar alguém e começar a se olhar no espelho?

“Uau.” Foi a única coisa que saiu da boca de Roseanne. Estava chocada.

Antes que aquela mulher saísse do banheiro Rosé se afastou um pouco do banheiro, pegou um cigarro fumado pela metade que viu no chão e fingiu que estava ali apenas para fumar.

Quando ela passava em sua frente os olhos se encontraram novamente. Rosé conhecia aqueles olhos, aquele olhar de orgulho e ganância pura.

Ela apenas precisava se lembrar da onde, mas naquele momento ela precisava se livrar daquele corpo que estava no banheiro.

Assim que seu suposto alvo sumiu entre as pessoas da festa, Rosé entrou rapidamente no banheiro se permitindo olhar melhor para a cena do crime e pensar o que faria.

Seria uma longa noite para Roseanne...

Rosas Negras e Viúvas Negras.Where stories live. Discover now