•Capítulo Vinte e Dois•

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Luke

Várias imagens aterrorizantes de Julia ensanguentada, jogada em um beco escuro ou em um matagal passavam pela minha cabeça. Não conseguia controlar aquela sensação de que algo estava errado.

Avisei a ela que não era para sair sem mim, mas a mulher era teimosa, sempre querendo provar sua independência. Esse era o ponto em que Matvei entrava.

Já fazia algumas semanas que a Bratva não dava qualquer sinal de atividade em Nova Iorque, nem no Brooklyn, que era onde eles estavam mais predominantes, agindo através das facções menores naquela área.

Temia que estivesse seguindo Julia, e se por um acaso ele a visse andando pelas ruas de Manhattan, não pensaria duas vezes antes de pegá-la e usá-la para chegar até mim, e ele chegaria, pois eu faria de tudo para manter Julia longe do perigo, mesmo que isso custasse a minha vida.

Passei as mãos pelos cabelos, agitado, temendo por Julia.

— Vou atrás dela. — Assim que pronunciei as palavras para Caio que estava sentado no sofá em minha sala de estar, a campainha tocou várias vezes.

Corri para a porta e a abri, Julia estava encostada no batente de fora da porta, seus olhos arregalados e as bochechas sulcadas por lágrimas agora secas.

Puxei-a para mim, abraçando-a fortemente contra o meu corpo.

— Merda Julia, eu não disse para você que não saísse sem mim? — espalmei a mão em sua lombar, afim de apertá-la mais contra mim, mas Julia estremeceu e senti o tecido da blusa pegajoso e quente.

Me afastei alguns centímetros para olhá-la, realmente olhá-la, e vi que Julia estava em estado de choque, e em minha mão havia sangue. Maldito sangue.

— Porra! — fechei a porta com um chute, me sentindo um imprestável por não estar com Julia quando ela precisou.

Segurei a sua mão e a puxei comigo na direção do quarto, ignorando Caio que ainda estava sentado no sofá. Julia me seguiu sem protestar, tropeçando em seus pés quando a puxei para dentro do quarto.

— O que aconteceu? — perguntei, ainda segurando sua mão.

Levei Julia para o banheiro e a fiz sentar na borda da mesma com as costas viradas para mim.

— Estou esperando. — Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, mas não tinha como parar a raiva crescendo dentro de mim.

Levantei a sua blusa e expirei longamente quando vi o corte em sua lombar, não era profundo, mas estava sangrando bastante.

Peguei o kit de primeiros socorros no armário embaixo da pia e voltei para Julia.

— Um homem... — a voz dela falhou, pude ouvi-la engolir em seco. — Um carro me seguiu, e um homem, ele...

Julia suspirou, tremula.

— Continue, querida. — Incitei, limpei o corte devagar e passei uma pomada cicatrizante, esperando que Julia terminasse.

— Ele ameaçou você, disse que mataria cada italiano... Ele disse que... Que...

Fechei os olhos por um breve momento. Sabia quem tinha feito isso, ninguém além de Matvei abordaria Julia na rua e a ameaçaria. Ele está tramando contra nós, como Caio e os gêmeos pensavam.

Julia precisava saber em que estava metida por estar comigo, em que eu a coloquei ao me aproximar demais. Tinha que tirá-la de Nova York o quanto antes, não daria a Matvei uma segunda chance.

Algumas horas depois...

Julia adormecera pouco tempo depois da nossa breve conversa, ela havia insistido para saber em que eu estava metido, até insinuou que eu tinha alguma ligação com a máfia, mas eu neguei veemente. Contaria a ela em breve, mas ainda não era o momento, primeiro precisava ter certeza de que ela estava segura.

Vingança Fatal | Série "Donos da Máfia" | Livro 5 Onde histórias criam vida. Descubra agora