Capítulo 4

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— Blair, o que tem no saco?! — Insiste meu pai ao notar o meu choque.

— ...Lixo! Dá pra acreditar na quantidade de lixo e restos de comida que Steven trouxe para a nossa casa?! — Disfarço, enfiando as embalagens de comida e uma lata de refrigerante dentro do saco de drogas.

— Você parece assustada Blair, o que aconteceu?! — Papai pergunta desconfiado como se estivesse me interrogando.

Ele era delegado, sabia identificar quando alguém fazia algo errado... E também quando tentavam encobrir.

Ela... — Steven tenta me tirar daquela situação.

— Steven... — Interrompe em tom duro. — Eu estou falando com a minha filha! — Diz voltando seus olhos para mim.

Papai... — Faço voz chorosa. — Eu estava ajudando o Steven a guardar as coisas dele... E achei revistas com fotos de mulheres nuas! — Abraço o meu pai fingindo estar me confortando, enquanto ainda seguro o pacote ilícito em minha mão.

Papai dá um risinho debochado, revirando os olhos.

— Está tudo bem filha... Você não precisa se sentir constrangida com isso, Steven é um garoto e na verdade os rapazes são assim! — Ele tenta ser compreensível e acaricia a minha cabeça. — É por isso que eu sempre te digo para ficar longe dos homens, que eles são todos imundos...

Todos menos você, né papai?! — Digo falsamente em tom infantil, afim de afugenta-lo dali.

Rhãn... — Meu pai limpa a sua garganta, sem jeito com a minha pergunta. — Uhum, claro filha... — Assente sem muita firmeza me afastando dele. — Eu vou pedir pizza, do que você gosta Steven?!

— Peperoni! — Responde diretamente tentando despista-lo.

— Certo... — Papai consente saindo do quarto e quando enfim nós respiramos aliviados, ele retorna nos deixando tensos novamente. — ...E Steven, mantenha suas imoralidades masculinas longe da vista da minha filha! — Ordena.

Steven, que estava apavorado com a hipótese de meu pai achar seu saco de drogas, apenas acena com a cabeça concordando e então, finalmente meu pai sai.

Olho para fora da porta, certificando-me que ele tinha ido e ao vê-lo sumindo escada abaixo fecho a porta do quarto e me viro para Steven, que estava curvado com suas mãos nos joelhos.

Essa foi por pouco... — Ele diz suspirando, como se tentasse recuperar o folego.

VOCÊ FICOU LOUCO?! — Sussurro como se eu estivesse gritando. — O meu pai é delegado, você sabe o que ele faria se encontrasse isso?! — Eu estava surtando. — Ele acabaria com...

— Eu sei... — Ele me interrompe segurando a minha cabeça e beija meu rosto. Aquilo me derrete, perco a voz e fico sem reação. — Obrigado por me encobrir! — Solta a minha cabeça e pega o saco da minha mão. — ...Toma uma balinha para você! — Ele me entrega um comprimido colorido com o desenho de uma carinha sorrindo que tirara do saco.

— O que eu faço com isso?! — Pergunto confusa e em choque com o inesperado beijo no rosto.

— Faça o que você quiser! — Ele afirma com indiferença, abrindo a porta como se estivesse me colocando para fora.

Saio do seu quarto e corro para dentro do meu, bato a porta e deslizo contra ela até o chão, abobada com o beijo que S.C deu em meu rosto.

Levo a minha mão em minha bochecha e a seguro, como se tentasse evitar que o beijo escapasse de mim.

Fico olhando o comprimido de sorriso que ele me deu e resolvo guarda-lo de recordação da nossa primeira interação.

O escondo dentro do forro da minha bolsa para garantir que meu pai não encontraria.

Blair, Steven... A pizza chegou, venham comer! — Brenda nos chama do andar de baixo e eu desço correndo, animada para ver o seu filho novamente.

Nós já estávamos sentados à mesa, prontos para comer, quando Steven aparece descendo as escadas.

Ele se senta junto a nós, sua mãe serve as fatias de pizza e todos ficamos em silêncio, deixando um clima tenso no ambiente.

— ...Então... — Brenda puxa assunto. — Após o jantar nós poderíamos jogar alguma coisa...

— Não vai dar, eu preciso sair... — Steven dá de ombros, mordendo ferozmente a fatia de pizza.

— Onde você vai?! — Meu pai pergunta sério e Steven o olha intrigado com a intromissão sem responde-lo.

— ...Steven deve estar com alguma namoradinha. — Brenda sussurra, justificando ao meu pai, sabendo que seu filho não iria dar satisfações. — Ele sempre sai à noite, volta de madrugada... Você sabe, coisas de garotos. — Conclui sem jeito.

Sinto-me enciumada com a revelação de sua mãe. Meu coração se parte em mil pedaços e me esforço muito para segurar uma lágrima.

— É quarta-feira Brenda, seu filho não pode sair quando bem entender e voltar de madrugada. Jovens precisam de limites! — Meu pai diz com grosseria e percebo sua companheira se chatear.

Você tem razão... — Brenda concorda baixando a cabeça. — Steven, cancele os seus planos, você ficará em casa essa noite!

— Nem fodendo! — S.C diz revoltado, largando o seu pedaço de pizza no prato e se levanta da mesa. — Aí xerife, se quiser me prender vai ter que me jogar atrás das grades! — Diz ao meu pai em tom desafiador.

— Eu acho que é questão de tempo pra que isso de fato aconteça! — Meu pai o responde em tom duro, se inclinando sobre a mesa em direção a Steven.

— Então quando chegar a hora, você sabe onde me encontrar! — Steven rebate a provocação e sobe as escadas correndo. Alguns segundos depois ele desce e sai de casa batendo a porta.

Papai bate na mesa furioso com o desacato e Brenda cobre seu rosto com as mãos desapontada.

Ouvimos o barulho da moto de Steven se afastando e aquele clima pesado continua entre nós.

Brenda toca a mão do meu pai como se tentasse se desculpar, mas ele rudemente puxa a sua mão afastando da dela e percebo ela segurando o choro.

Por mais que eu não fosse a favor do casamento deles, sinto pena por ele trata-la assim.

— Se vocês querem mesmo que isso dê certo... — Digo chamando a atenção deles. — ...Precisam encontrar um meio termo! Steven não está acostumado com essa vida, não adianta chegar impondo ordens e esperar que ele as acate... Quanto mais você forçar a barra pai, mais ele vai lutar. É tão difícil pedir que você seja o policial bonzinho ao menos uma vez?!

— Vá para o seu quarto, Blair Amélie! — Ele ordena em tom bravo.

— Boa resposta! — Sou cínica e levanto-me bruscamente indo para o meu quarto, fazendo questão de bater a porta para zanga-lo.

Um Clichê Sobre Jaquetas de Couro e O Filho da Minha Madrasta (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora