Capítulo 1

1.9K 224 80
                                    


— ...VOCÊ NÃO PODE SE CASAR COM A CAIXA DA LOJA DE CONVENIÊNCIA, PAI! — Grito aos prantos. — ELA SÓ QUER SABER DO SEU DINHEIRO, VOCÊ NÃO VÊ ISSO?! ELA É ESPECIALISTA EM CONVENIÊNCIA!

EU SINTO MUITO QUE VOCÊ NÃO CONCORDE COM ISSO BLAIR, MAS NÃO HÁ NADA QUE VOCÊ POSSA FAZER! — Ele grita comigo.

EU ME RECUSO A VIVER NA MESMA CASA QUE UMA "SELVAGEM!" ELA É UMA VAGABUNDA PAI, E NÃO SOU EU QUEM ACHO ISSO, A CIDADE INTEIRA ACHA!

VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR ASSIM DA BRENDA... — Ele grita, dessa vez com ainda mais dureza.

Fico possessa vendo a forma que meu pai defendia aquela mulher e me descontrolo.

Eu não vou ficar aqui assistindo você arruinar o que sobrou dessa família... — Digo em tom baixo e agressivo. — Vou pegar as minhas coisas e me mudar para a casa dos meus avós... Assim os pombinhos podem brincar de casinha em paz! — Enxugo as lágrimas e começo a subir as escadas.

— VOCÊ NÃO VAI A LUGAR NENHUM, BLAIR! — Ele grita, parando ao lado da escada.

...Mamãe teria vergonha de ter se casado com você! — Digo no calor do momento e meu pai instantaneamente dá um tapa na minha cara.

Levo a mão em meu rosto e olho indignada para o meu pai. Aquela foi a primeira vez que ele levantou a mão para mim. As lágrimas escorriam dos meus olhos e posso ver o arrependimento brotando em sua face.

Subo as escadas correndo e choro.

Blair... — Meu pai me chama em tom de lamentação. Mas bato a porta do meu quarto e a tranco, determinada a nunca mais sair de lá.

Se passaram dois dias desde que eu me tranquei no quarto e deitei-me encolhida na cama chorando. Eu estava há dois dias sem sair de lá e sem me alimentar.

Meu pai tinha vindo diversas vezes bater na porta me chamando para comer ou tentando se desculpar, mas eu o ignorava.

A morte da minha mãe era um assunto delicado para ele, mas ele nunca tinha me agredido... E a forma que seus olhos queimaram de fúria quando mencionei a mamãe foi assustador.

Meu pai é um homem explosivo, duro e machista. Lembro-me vagamente de algumas situações onde ele e minha mãe brigaram e ele era muito grosseiro com ela. Desconfio que minha mãe começou a beber para aguentar as humilhações do meu pai... E acredito essa tenha sido a causa do acidente, e eu sei que ele se culpava pela morte dela.

Mas meu pai nunca sequer tinha levantado o tom da voz para mim, acho que por eu ser tão parecida com a mamãe ele amolecia comigo. Eu tinha os olhos azuis e o cabelo loiro como os dela e eu era a única que nunca tive medo dele... Até dois dias atrás!

Ele tinha avisado que se eu não abrisse aquela porta ele iria arromba-la, eu não levei a sério até que de fato ele a arrombou e entrou no meu quarto me assustando.

Começo a chorar ao vê-lo, ele vem até mim e me abraça.

Está tudo bem querida. — Me consola. — Eu sei que você está chateada e eu entendo, mas você precisa confiar em mim quando digo que tudo ficará bem! Ninguém nunca ocupará o lugar da sua mãe, Blair... — Seu tom é protetor. — ...Também está sendo difícil para mim! Ter Brenda morando conosco e aquele seu filho... — Papai suspira nervoso ao mencionar o filho da Brenda.

— Filho?! — Pergunto pasma.

Eu não sabia que Brenda tinha um filho e aquela era uma cidade pequena então isso me causa estranheza.

— ...Achei que você soubesse que Brenda é a mãe do Steven Clark. — Papai diz confuso. — Ele estuda na sua escola.

De repente minha mente se expande e clareia. Steven estava no último ano do ensino médio, embora ele fosse um ano mais velho que os demais alunos da sua turma porque ele ficou afastado da escola o ano passado inteiro, boatos diziam que era porque ele estava na cadeia.

Ah, esqueci de mencionar que e ele era o cara mais rebelde e incrivelmente gato da escola... E eu era louca por ele desde a sexta série, embora ele nem soubesse que eu existia.

Como num passe de mágica a mudança de Brenda me deixou animada, mas eu não podia transparecer isso já que meu pai me mataria se soubesse do meu interesse pelo filho da minha madrasta.

— Eu não sabia... — Digo com olhar de peixe morto.

— Escuta filha, esse garoto é problemático e não quero que ele te influencie, entendeu?! — Adverte carinhosamente apontando o dedo em minha direção. — Eu quero que você fique de olho nele e se perceber que ele está aprontando, você precisa me avisar...

Olho confusa sem entender o que meu pai estava querendo dizer e mantenho-me estática processando as informações.

...Steven Clark vai se mudar para a minha casa!

— Venha, vamos comer um lanche e tomar um milk-shake! — Papai me convida e acabo cedendo.

Um Clichê Sobre Jaquetas de Couro e O Filho da Minha Madrasta (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora