Capítulo 2

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Safira.

Abri meus olhos, piscando para a claridade na pequena janela do meu quarto.
Eu ergui meu tronco, e rapidamente xinguei caindo na cama outra vez, minhas costas, doíam pra cacete.

A dor estava mediana, ontem pelo oque vejo, doía muito mais, percebi estar com o corpo enfaixado, e me ergui, apenas com um top eu vesti uma blusa por cima, me segurando nas paredes ao ir ao banheiro.

Confesso que o banho foi o mais difícil, aquilo ardia como o inferno, e quando saí eu fui até a cozinha, devagar, vendo minha mãe de frente para o fogão, cozinhando.

— Não deveria ter cuidado das minhas costas, Brook pode te castigar. -eu disse rouca.

Ela se virou de imediato, se alarmando ao me ver de pé.

— Volte já para a cama menina! Você.. —ela tossiu levando uma mão as próprias costas— você está ferida.

— Estou... Melhor. -consegui dizer.

Sentando em uma cadeira, não encostando minhas costas na madeira.

Eu a encarei, odiava a ver trabalhando, estava tão doente que se segurava a uma bengala para se manter de pé.

— Mãe, vá descansar, eu faço algo para comer. -falei.

— Nada... — ela puxou o ar com dificuldade— disso.

Eu levantei, a puxando devagar até seu quarto.

— Durma um pouco, eu vou ficar bem. -falei.

Ela não protestou quando quase caiu ao ir a cama.

— Se Brook vier até aqui, se queixar por você ter me enfaixado, eu o mato. -ofeguei.

— Ele disse que você... Não poderia ver uma curandeira.. eu não sou uma curandeira. -ela disse em um sussurro.

Encarei o sorriso fraco e esperto da fêmea de pele dourada, que fechava os olhos devagar.

— Te amo. -sussurrei um beijo em sua testa.

— Também te amo, pimpolha. -ela sussurrou, se entregando ao sono.

Sorri de lado, dolorida, caminhando para fora do quarto, fechando a porta.

Caminhei até o pequeno armário, pegando as pastas de ervas, suspirando.

— Psiu, Safira!

Olhei para o lado vendo um ser loiro em minha janela.

— Oi, Jef. -inclinei a cabeça.

Estava sem forças para sorrir de forma educada, sem parecer que eu era um ser pronto para rasgar a garganta de alguém.

— Soube da sua punição, gata, matou quem? -ele arqueou um sobrancelha.

— Ninguém. -chiei pondo os medicamentos na mesa.

Jef de vez enquanto vinha aqui no vilarejo, ele não morava aqui, sua mãe mora, ela nunca quis se mudar com ele para "Velaris" a cidade de luz estelar e moradia do grão-senhor, então ele sempre vem aqui para ver ela e me ver também.

— Achei que outro infeliz tinha atrapalhado sua leitura, e você o tivesse feito engolir as páginas. -ele disse divertido.

Eu tinha feito pior da última vez.

— Não, não foi, e eu não estragaria meu livro, obrigaria a pessoa ler cada capítulo que perdi. -sorri afiada.

Ele riu.

— Garota, você é cruel. -ele disse.

Eu dei de ombros, eu tinha a quem puxar, eu acho, meu pai morreu quando eu tinha dez anos, não lembro de ver ele sendo cruel com ninguém, mas enfim..

Corte de Asas e LiberdadeWhere stories live. Discover now