Madelyn Davis, uma garota arrogante que perdeu sua mãe, se muda para California, onde conhece Vinnie Hacker, um garoto totalmente docio e carinhoso.
Será que Vinnie conseguirá amolecer o coração da pequena novata?
*essa história pode conter gatilh...
O dia na escola hoje foi uma grande merda, tirando o fato de que fiquei bem próxima de Nailea. Charli e Avani também conseguiram se aproximar um pouco de mim, mas nada comparado a Nai.
Nessa e eu estamos na mesma situação, ela sempre me olha pelo canto do olho quando pode, isso chega até a dar medo.
— Greta — chamo minha irmã, que estava sentada ao meu lado, dirigindo — Para o carro, vou ficar por aqui mesmo.
Minha irmã apenas revira os olhos e estaciona o carro para eu descer, logo acelerando novamente. Eu estava num tipo de pier.
Sempre gostei muito dessas coisas, desde que morava em Boston. Desde criança admiro muito o mar e o céu, poderia ficar horas observando os mesmos.
Me sento na bera de uma mureta, e pego um dos cigarros da caixinha. Sinto a brisa do vento gelado em meu rosto, fecho meus olhos aproveitando o mesmo.
Penso o quão minha vida se virou de cabeça para baixo nos últimos anos. Eu sinto tanta falta da Madelyn de uns anos atrás. Aquela que era sorridente, que se sentia a vontade na presença de todos, que se vestia como uma pessoa bem humorada. Sinto falta de ser feliz.
— Você por aqui? — ouço uma voz grossa atrás de mim e logo me viro para ver quem era, Vinnie.
Ele estava com seu skate na mão e com seus cabelos um pouco bagunçado por conta do vento.
— Então o senhor está me seguindo? — digo ainda olhando para frente, ouvindo o mesmo rir.
— Venho nesse pier desde que tinha doze anos — o loiro diz se sentando ao meu lado.
— Hm.
Ficamos alguns segundos em um silêncio constrangedor, apenas ouvindo o mar batendo contra as pedras e algumas pessoas de fundo rindo e conversando.
— Como era sua vida em Boston? — Vinnie pergunta finalmente quebrando aquele silêncio chato entre nós.
— Não muito diferente do que é aqui — rio pelo nariz — A única coisa é que eu tinha April.
— April?
— Minha melhor amiga — trago o cigarro que estava em minha mão — Sinto falta dela.
— Ainda mantém contato?
— Sim, conversei com ela ontem — faço uma pausa assim que percebo que estou me abrindo demais com uma pessoa que mal conheço.
— O que foi? — Vinnie pergunta percebendo meu desconforto.
— Nada, eu só.... — suspiro — Nada.
— Sabe, o único melhor amigo que tive em toda minha vida, me trocou por um namoro qualquer. Até hoje me lembro da cena, eu estava indo encontrar ele, tão feliz.... Ele simplesmente disse coisas horríveis para mim e por fim, bateu a porta na minha cara.
— Oh — murmuro — Eu, sinto muito.
— Agora me conte — encaro o mesmo — Algo que ninguém sabe sobre você.
— Não sou de me abrir com os outros — arremesso meu cigarro longe, quebrando o contato visual.
— Pode confiar em mim.
Respiro fundo e olho novamente para o mar. Nunca fui de me abrir com alguém, a não ser, como eu já havia falado, April e minha mãe. Não sei o porque, mas senti algo em Vinnie que não sinto em ninguém da minha família. Talvez isso realmente possa ser confiança.
— Minha mãe morreu quando eu era apenas uma criança — olho para minhas mãos — Ainda doí como se tivesse acontecido ontem.
— Nossa, eu sin... — interrompo ele, já havia ouvido muitos pêsames em minha vida.
— Quando eu tinha quinze anos, namorei um cara chamado Adam. Eu realmente gostava muito dele, até ele espalhar fotos íntimas minha e dele, postar mentiras sobre mim, e confessar várias traições em minha cara.
Sinto apenas o olhar de Vinnie queimar sobre mim, ele realmente não sabia o que dizer.
— Quando eu tinha doze anos, algumas meninas da minha antiga escola me bateram no banheiro do colégio por eu "ser feia e estranha".
— Eu tinha treze anos quando fui estuprada pela primeira vez, dezesseis na segunda.
— Até minha mãe falecer, eu via meu pai batendo nela, enquanto minha irmã estava fora fazendo sei lá o que.
— Pra minha família, sempre fui a decepção entre todos. Minha irmã sempre se sobressaiu em tudo, ela era a perfeitinha, ela namorava garotos decentes e certos. E sempre foi assim.
— Madelyn, eu não sei o que te dizer.
Rio sarcasticamente. Não sei nem como consegui me abrir tanto assim, acho que era algo que estava entalado em minha garganta por anos.
Sinto Vinnie se aproximar para me abraçar. Cedo por alguns segundos mas logo coço a garganta, me afastando do mesmo.
— Bom, eu tenho que ir — digo pegando minha mochila do chão e me levantando.
— Sabe que pode sempre contar comigo, não sabe? — o garoto em minha frente diz, olhando em meus olhos.
— Sim, já escutei isso antes — rio — Mas obrigada por me ouvir.
Vejo Vinnie sorrir de canto e tento, de alguma forma, retribuir o sorriso. Coloco no GPS para ver a quanto tempo estava de casa, apenas sete minutos andando.
Me despeço de Vinnie e pego a caixinha de meu airpods no bolso da calça, logo colocando os mesmos em meus ouvidos.
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