QUATORZE

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Juliette Freire.

- Está sem fome? - Sua voz saiu firme, me tirando dos meus devaneios, e acabando com o silêncio que ficou presente há poucos minutos.

- Um pouco.

- Por isso está tão magra.

Fiquei corada, embaraçada com o olhar dela. Sabia que eu estava um pouco abaixo do meu peso.

- Faz dieta para ficar como uma manequim, Juliette?

- Você não parecia ter o que reclamar ainda há pouco. - Retruquei, irritada.

- É verdade. Você é bonita e boa de cama. Mas prefiro mulheres com mais carne nos ossos. - Disse friamente.

Sarah voltou a ser a arrogante de sempre.

- Bom, você tem um mês para me fazer engordar. Por que não faz um novo contrato, com essa exigência?

- Talvez eu tivesse que fazer mesmo, mas com a condição de que você cale essa boca.

- Se não gosta do meu corpo e nem da minha voz, por que quer que eu venha aqui?

- Porque eu paguei.

- Claro! Desculpe, senhorita. - Sorri com ironia, com raiva. - Esqueci que eu sou o seu novo brinquedinho.

Ela semicerrou os olhos, obviamente irritada. Por fim a frieza venceu e o sorriso saiu cínico.

- É uma das vantagens em se ter dinheiro. Você compra tudo, Juliette. Até pessoas.

Larguei os talheres e recostei-me na cadeira, quieta.

- Veja você. Casou com Bil quando ele estava rico. Pensou que levaria uma vida de luxo. Deve ter gastado boa parte da fortuna do meu pai com vestidos, jóias e viagens. Achou que o dinheiro duraria para sempre. Esqueceu de multiplicá-lo com o trabalho, como eu fiz. Agora está aí, usando essas roupas esfarrapadas, com um marido doente e cheia de dívidas. Precisa vender o corpo, a única coisa que ainda tem para se sustentar.

Ergui o olhar, mantendo o dela firmemente. Não retruquei nenhuma palavra, embora eu quisesse me defender e desmentir o que ela dizia.

- Valeu a pena, Juliette? Ou se arrependeu de não ter procurado alguém mais rico, que ao menos não pensasse só em gastar e mantivesse você no luxo?

- Alguém como você, Sarah? Fria e sem sentimentos? Não, obrigada. Eu sempre amei o Bil, mesmo quando ele era pobre e morávamos perto um do outro. Você deve se lembrar de como éramos unidos. Ele foi irresponsável sim, só pensou em gastar e aproveitar a vida, ficou na miséria e doente, mas não me arrependo nem um minuto de ser sua esposa. Se pudesse voltar ao passado, não mudaria nada.

- É assim que o ama? Transando por dinheiro?

- Você pode não acreditar, mas Bil foi meu único amante. Nunca transei com outra pessoa, nem por amor e nem por dinheiro. Eu estou aqui agora com você porque não tive outra opção, era isso ou ser estuprada e morta por um agiota, ou expulsa de casa por ter atrasado três meses de aluguel. Mas é claro que você não acredita, decidiu que sou uma puta e pronto. Afinal, você sempre tem razão, não é?

- É para eu sentir pena? - Sarah ergueu uma sobrancelha, fria. - O que mais eu devo lamentar? O seu sofrimento na hora em que está gozando em meus braços? Todo esse esforço que faz por seu pobre e amado marido doente?

A raiva me engolfou, assim como a humilhação. Mas não desviei o olhar.

- Vamos parar com o drama, Juliette. Nos damos bem na cama e é isso que me interessa. Quero transar com você de todas as maneira possíveis, até enjoar, cada centavo dos dez mil dólares que eu paguei vão valer a pena.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora