— Ele tá vindo, ele tá chegando, estamos mortas, June.... 

Lutando contra a escuridão opressora, June pensou em qualquer coisa que pudesse fazer para levar o assassino em outra direção e, como se o coração colaborasse, sua mente ficou um pouco mais clara. 

Viu uma árvore derrubada à frente e teve uma ideia. Enquanto arrastava Madison para o imenso tronco arrancado que jazia no chão, forçou os olhos a correrem pelo gramado raso, procurando gravetos ou qualquer coisa que fizesse barulho. Soltando um suspiro exausto, June se colocou atrás do tronco e se abaixou, colocando com gentileza Madison no chão. 

Os olhos verdes se arregalaram, ela estava muito gelada. 

— V-você vai me deixar? Por favor June, não faz isso, por favor... – Ela implorava o mais baixo que podia em meio aos soluços desesperados. 

June se abaixou ao notar, ao longe, a luz de uma lanterna cortando o ar. Só então ela percebeu que estava ofegante e muito suada. Fitou Madison com urgência. 

— Shhh! – O sussurro saiu ríspido. - Eu tive uma ideia, mas preciso que fique quieta, otária. Qualquer barulho e estaremos mortas! 

Madison fungou. Ela tinha olhos tão assustados e frágeis que teve pena. Por fim, ela assentiu, mordendo o lábio para conter qualquer ruído. Assistindo sua reação, June continuou:

— Eu vou tentar despistar ele. Se funcionar, a gente corre na direção oposta, mas você precisa me esperar aqui. Se eu não voltar em trinta minutos, assume que ele me alcançou e dê um jeito de voltar pro acampamento, entendeu? 

Madison comprimiu os lábios, engolindo o choro, e assentiu novamente. June se levantou devagar, ainda enxergando o brilho da lanterna do homem em meio aos arbustos, se aproximando da região onde estavam. Sabia que tinha pouco tempo. Sozinha, ela se esgueirou pelos arbustos rapidamente, tentando ao máximo fazer silêncio. No caminho, pegou alguns galhos relativamente finos e barulhentos. 

Quando estava a uma distância segura de Madison e próxima o suficiente para que o assassino lhe ouvisse, June quebrou o primeiro galho. O som seco ecoou na floresta, seguido por um breve silêncio. Mas logo os passos do homem voltaram em sua direção. 

June correu, tentando gravar todo o caminho que estava fazendo. Não tinha um plano concreto, mas sabia que não conseguiria fugir de volta para o acampamento com Madison pendurada nos ombros e o assassino muito próximo. Precisava afastá-lo. Quando estava ainda mais enfiada nos arbustos, quebrou outro galho e fez um som de escorregão, usando o pé para chutar as folhas no chão. 

Parou por um momento, e notou que ele ainda a seguia. O coração pulou quando escutou a voz masculina, não tão longe dessa vez. 

— É melhor aparecer de uma vez! – Gritou ele. – Não se preocupe, isso não precisa acabar mal, certo? 

Contendo um ímpeto de soltar um palavrão, June encontrou uma árvore alta, com um tronco bem grosso e cheia de galhos. O tipo de árvores que sempre gostou. Eram ótimas para escalar, e esta era a atividade que mais gostava de fazer na vida. Correu até a árvore e a escalou usando toda a experiência que possuía dos treinos da escola, sem se importar em cravar as unhas na madeira. 

Em cima da árvore, no completo escuro, June viu o brilho da lanterna alheia girar em um círculo, buscando seus rastros. Pegou a lanterna que havia enfiado dentro da blusa e a amarrou em um galho mais escondido com o cordão que regulava o capuz de sua jaqueta. Antes de pular da árvore como um gato desesperado, June ligou a lanterna e empurrou um ramo sobre ela. Aquilo deveria servir como uma distração. Ao ver a lanterna do homem ser desligada e os passos ficarem mais lentos, June entendeu que ele planejava dar o bote ali. 

O Que Fizemos Naquele VerãoWhere stories live. Discover now