Sopa... Um belo jantar com certeza.

-Estranho.

-Sim, porque isso não se enquadra nem em flashback, talvez em DejaVu, mas ainda assim...||Respirei fundo||Não há como afirmar, porque eu não fiz uma análise com ela, nem sei se tenho formação nessa área.

-Como não? Você é uma ninja médica.

-Ser médica é uma coisa, agora ser psicóloga é outra completamente diferente.

Dessa vez nós dois respiramos fundo, exaustos.

-Você tem certeza que ainda quer ser mãe?||Ele brincou, me cutucando na costela.

Eu comecei a rir.

-Depende, você ainda quer ser pai?

Nós dois começamos a rir. Terminamos o jantar e eu esperei um tempo para poder ir falar com Harumi, quando já não aguentava mais esperar, fui até seu quarto e bati algumas vezes antes de entrar.

-Harumi...||Chamei-a, vendo-a se aninhar na cama e puxar o cobertor.

Um segundo depois e eu não conseguiria ter essa conversa, que sorte.

-Sim?

-Precisamos conversar sobre isso, uma hora ou outra você precisará se abrir com alguém.

Me aproximei cautelosamente e sentei na beirada da sua cama, torcendo para que ela não se sentisse desconfortável ou qualquer coisa do gênero.

-Eu sei o quanto é difícil para você, e eu quero lhe ajudar, somos amigas, não somos?||Continuei, esperando que ela me desse qualquer tipo de resposta. Mas não obtive nada além de um enrolar de coberta, puxando o tecido até cobrir sua cabeça.

Dei um longo suspiro, ainda exausto. Ela era difícil, mas eu a compreendia, sabia que aquela situação era difícil para ela, em todos os sentidos da palavra e, por mais que eu tentasse ajudá-la, não adiantava nada se ela não se abrisse, eu ainda não sou adivinha, nem consigo ler mentes ou manipular as pessoas para que me contassem as coisas, por isso eu precisava me contentar com aquele silêncio, ela não estava pronta para contar, talvez nem quisesse e, eu não a iria forçar a nada. Quando não me restava mais nenhum pingo de esperança, me levantei e fui até a porta, mas antes que saísse por completo do quarto, senti as mãos pequenas segurarem os meus dedos e ela pedir em silêncio:

-Pode ficar comigo até eu dormir? Acho que alguém fica me observando toda hora.

Observando? Alguém? Quem? E como? não haviam muitas casas por perto, na verdade nossa vizinhança era pouco abrangente, ficávamos mais perto de um bosque, não teria como alguém estar vigiando-a.

Contudo eu concordei, a segui até a cama e me deitei ao seu lado.

-Eu sei que querem ajudar, mas não tem como. Nem eu mesmo sei como...eu me lembro das coisas...coisas que nunca aconteceram. Minha mente brinca comigo. E se eu nem for mesmo a Harumi? Eu não sei, não tenho como saber, tudo parece um labirinto sem saída...||Ela desabafa, mexendo no colar que lhe dei quando a conheci ou pelo menos no cristal que havia feito exclusivamente pra ela|| Hoje, vi um homem alto de cabelo repicado e grande me ensinando um jutsu de Tobirama Senju, e dizendo que só os Senjus poderiam dominar aquela técnica. Isso não é uma grande piada?

Engoli seco e pisquei para o teto. Não chegava a ser uma piada, ela poderia ter alguma ligação com aquele homem que viu nos flashbacks, poderia ter alguma ligação com Tobirama, mas não dava para saber a não ser... A não ser que fizéssemos a análise sanguínea para verificar o DNA e comprovar a minha teoria, mas para isso precisaríamos de alguém com as células Senju e...

Haveria algum jeito de Harumi ser alguém da minha família? Ser alguma prima minha perdida? Mas...eu conhecia maioria das mulheres do clã Senju que ainda restavam, Myrana e Suyen não poderiam ser irmãs de Harumi, porque elas duas são as únicas filhas da minha Tia de segundo grau, e quanto as minhas outras tias, eu tenho absoluta certeza de que elas já teriam vindo atrás de mim pedindo ajuda para encontrar sua filha perdida, então não se encaixava, a não ser que Harumi fosse algum membro mais antigo da família, o que é fisicamente impossível, já que ela ainda é uma criança. Ela era da geração de Naruto e só 2 meninas nasceram na geração do loiro, uma delas está morta e a outra muito bem segura no país dos Cristais.

Aquela história estava me dando dor de cabeça, são inúmeras teorias, hipóteses e afins.

-Harumi, não diga isso, só o tempo vai poder nos revelar tal coisa. Talvez você não saiba agora, mas iremos descobrir, certo? Cadê aquela animação marca registrada de Harumi?||Comecei a fazer cócegas pelo seu corpo e ela explodiu em risadas, típicas de criança que você se sente contagiado antes mesmo de escutar.

Nós ficamos deitadas em seguida por alguns minutos longos, os olhos da jovem platinada começaram a pesar e foi nesse instante que eu soube que, era a minha deixa para ir embora. Dei um beijo na sua testa e me afastei.

-Você sabe que pode morar aqui pra sempre, não sabe?||Ela sussurrou, um último suspiro antes de adormecer profundamente.

A criança não sabia que eu já estava morando lá, não a julgo, eu também não saberia, maioria das vezes eu chegava tarde das missões e precisava sair cedo, às vezes ainda de madrugada, sem contar nas missões que me deixavam fora de casa por dias. Ela em breve irá perceber.

Assim que fechei a porta do quarto dei de cara com Kakashi, recostado na parede do corredor, apenas esperando para conversarmos. Me estendeu a mão e eu a aceitei.

-Como foi?||Ele quis saber, abrindo caminho para o quarto.

-Bom, parece que o flashback realmente pode ser um flashback||Me deitei de lado e fitei seus olhos||Ela disse que viu um homem de cabelos repicados que iria ensiná-la a fazer um jutsu exclusivo de Tobirama Senju.

Passei os últimos minutos contando detalhadamente o que Harumi me disse, para no fim escutar Kakashi soltar um:

-Meu Deus...

Continua...

Continua

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
A Dama Celestial||Kakashi HatakeWhere stories live. Discover now