「Capítulo: Quatro」

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— Sim — Minto, desviando o olhar.

Achei que estivesse melhor, mas agora eu me vejo ansioso novamente. Estou assustado com o que posso fazer se acabar "perdendo o controle" novamente. Não sei o que deu em mim, essa é a verdade. Eu apenas fugi como um covarde para o banheiro. Covarde pois não aguentava escutar o nome dele sair da sua boca tão casualmente.

Voltamos para onde estávamos sentados. Eu no meu devido lugar e ela ocupando a cadeira de Harry. Charlotte cruza os braços, respira fundo e me olha um pouco feliz. Sua boca se curvou para cima e seus olhos verdes pareciam preciosas esmeraldas sob a luz que entrava pela janela.

— Ele ficará muito feliz em te ver novamente.

— Há quanto tempo você conhece o Andrew? — Perguntei um pouco nervoso.

— Há três anos. Talvez quatro... Não lembro ao certo — A garota diz olhando para cima — Meu irmão é mais próximo do Andrew, querendo ou não.

— Seu irmão?

— Sim... Como ele é amigo de longa data do Evan, sua proximidade com ele é maior.

Evan Scott, o irmão mais velho de Andrew. Lembro de quando Evan jogava conosco nas férias de verão. Andrew amava as férias pois era quando o seu irmão voltava para casa depois de seis meses estudando em outra cidade. Pensando agora, ele sempre estudou na capital, mas não pensei que Andrew seguiria os seus passos.

"Odeio cidades grandes", foi o que o garoto me disse uma vez enquanto pensava sobre a proposta do pai em estudar na capital como o irmão. Por alguns anos eu pensei nessa possibilidade, mas acabei descartando ela na mesma época que desisti de procurar Andrew nas redes sociais.

— Entendo — Disse sorrindo.

Agora com o olhar fixado em meus dedos, que apenas brincavam com a caneta preta jogada na minha mesa, penso no que posso perguntá-la sobre ele. Principalmente, em como encontrá-lo.

— Você também tem? — Charlotte pergunta antes que eu possa pensar em algo.

— O que? — Lhe observei confuso.

— Você também usa um colar? Tipo, ele sempre vive com um colar de lua bem fofo...

Novamente, sinto uma onda de emoções florescendo pelo meu corpo. Ele ainda usa aquele pingente?

Abaixo minha cabeça antes que pudesse chorar novamente. Ele ainda... usa?

Sinto meu peito arder, coloco a mão sob e acabo sentindo aquele pingente com seus raios um pouco pontudos. Eu tenho um carinho enorme por esse colar e saber que ele também usava me deixou ainda mais ansioso.

— Sim... Sempre estive com o pingente do sol.

— Nossa — A voz dela tem um tom de surpresa e preocupação, que acabam indo embora com a próxima frase: — Isso é bem gay.

Devo admitir que ela estava correta em partes. Isso foi um dos atos mais homossexuais que já fiz na minha vida.

— Com certeza — Admito ainda de cabeça baixa.

Após isso, o sinal tocou e mais alguns alunos começaram a entrar na sala.

— Certo, eu estou voltando para meu lugar antes que Harry chegue — A morena suspirou, se levantando da cadeira do garoto.

Droga, não tive tempo de perguntar absolutamente nada!

Olhei para ela um pouco assustado, ao menos eu acho que estava assustado. Como se a minha única esperança fosse ir embora. Charlotte apenas tocou levemente em meu ombro e sorriu, dizendo em seguida:

— Eu te levarei até ele no almoço — Seus olhos agora transmitiam confiança, algo bem diferente de quando começamos a conversar mais cedo.

Apenas confirmo com a cabeça e ela volta para seu lugar do outro lado da sala.

A quarta aula estava pela metade quando Harry começou a me enviar alguns bilhetes discretos. Eram coisas aleatórias como: "Qual sua banda preferida?" ou "A aula de matemática está chata, não é?". Minha atenção vagava entre os bilhetes, a aula e Andrew. Harry fazia algumas piadas com a aula que me ajudaram a afastar um pouco a ansiedade. A aula estava mais chata que as duas primeiras e sempre que meus pensamentos voltavam para Andrew, tinha vontade de levantar daquela cadeira e procurá-lo por esses corredores.

"Como será que ele está?" é a pergunta que mais vaga pela minha mente. Não o vejo há quatro anos e não tenho notícias suas há três. Pensar em como será estranho esse reencontro me deixa nervoso e assustado.

Assustado porque com o nosso reencontro, a ficha de que nosso relacionamento não será o mesmo cairá. Não seremos mais os mesmos que antes. E isso, para um garoto super apegado a sua infância, é como um pesadelo. Mas mesmo com esses pensamentos e inseguranças, eu não vejo a hora de apenas abraçá-lo e dar um pequeno soco no seu ombro. Reclamar de todos esses anos afastados, de todos os dias de espera e lhe dizer o quanto senti sua falta.

Preciso mandar todos os pensamentos negativos para longe. O Andrew que conheço faria isso. A única coisa que quero pensar agora é em seu sorriso.

Apenas isso, nada mais.

Sunlight: O Encontro do Sol e da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora