— Para com isso, a gente vai poder comemorar hoje a noite, fora que tá de dia e estamos no jardim do meu tio...
— Preciso te lembrar o que fizemos nas roseiras lá do cantinho, e sua mãe quase pegou a gente?
— Vai passar a me chantagear?
— Não, prefiro continuar te beijando! - os dois continuaram um bom tempo nesse romantismo todo.
No palacete da Viscondessa, Úrsula se aprontava para poder ir ao casarão de Elias, Heitor estava lhe ajudando.
— Parece que o Barão realmente agradou Milady! Não vejo faces tão coradas em vosso rosto faz tempo.
— Confesso-me que estou ludibriada em devaneios amorosos. O senhor Elias me fez sentir viva novamente, me mostrou que eu ainda posso ser amada.
— Desejo de verdade, que seja muito feliz, vejo que o senhor Elias é um bom homem e saberá lhe tratar como Milady merece.
— Obrigado por todos esses anos de amizade e lealdade, e sabe que pode contar comigo sempre.
— Obrigada, mas é melhor irmos ao mercado logo, ou vamos inundar a sala com lágrimas. - Os dois sorriram e foram, para um mercadinho ali próximo, era bem jeitoso, arrumado e um balcão com sino. Úrsula tocou e levou um susto quando Urraca apareceu em sua frente.
— Dona Urraca! O que faz aqui? - Úrsula perguntou cínica, e Urraca respirou olhou para o dono do armazém, e trincando os dentes falou:
— Bom dia, caros clientes, em que posso lhe servir?
— Peraí! Eu ouvi direito?! Me servir? - Urraca olhou de novo pro dono do mercado.
— Bom dia, caros clientes, em que posso lhe servir? - Urraca segurava a raiva
— Quem diria? Uma senhora de bom recanto, vai usar as habilidades de dança pra rebolar pelo mercado? - Úrsula provocou.
— Olha aqui sua.... - O dono do mercado tossiu e Urraca entendeu - Bom dia caros clientes, em que posso lhe servir?
— Pra mim a senhora não serve nem pra capacho, mas eu quero duas panelas. - Urraca pegou e lhe entregou - Vou ajudar a promover sua nova funcionária - Falou para o dono do mercado. Foi lá pra fora e começou a bater as panelas chamando a atenção de todos - Venha minha gente, venham ver a nova funcionária do mercado, teremos a honra de sermos atendidos por uma nobre, uma baronesa e mulher de bom recato, venha minha gente.
— Como eu disse a senhora, não mexa com Milady, a maior prejudicada será a senhora mesmo! - Heitor falou e riu de Urraca, que desceu o rosto pro balcão de vergonha, mas levantou rapidamente tossindo, tinha pimenta onde ela colocou o rosto.
A sineta tocou de novo, e Urraca levantou com raiva.
— Olha aqui se veio.... Não! - ela arregalou os olhos ao ver a pessoa que estava na sua frente.
— Ora, ora, ora! A fedegosa trabalhando no mercadinho, mas que cena maravilhosa de se assistir! - Rosalinda ria, saboreando o momento.
— Eu não mereço tanto castigo assim! - Urraca fingia chorar no balcão. Rosalinda foi até Úrsula e divulgaram juntas.
— Agora no mercadinho, seremos atendidos pela Baronesa de Fedegalha. Não se assustem com o urubu, a garantia de que ela não tocou em nada, pode vim minha gente. - A maioria foi ao mercado apenas para não perder essa cena impagável, a mulher que tanto esnobou muitos ali, agora sentia tudo se voltando contra ela.
Na fábrica Aroma, Danilo terminava de organizar uns contratos, quando Heleno entrou em sua sala ofegante.
— O que aconteceu amor? - Perguntou aflito
YOU ARE READING
CARTAS PARA MEU NOIVO ( Mpreg )
RomanceAno 1892. 4 anos após a abolição da escravidão, uma cidade bem do interior, começava a sofrer com as crises desse novo sistema. Sérgio era o dono do único armazém da cidade, ele tentava segurar as pontas junto com seu filho Samuel, mas a nova forma...