00 - prologo

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-- A violência para alguns,
é a única forma de
demonstrar sentimentos.












Ele estava coberto de sangue na primeira vez que o vi.

Eu não conseguia nem distinguir o que era dele, e o quanto pertencia ao outro homem lutando com ele. Sentia meu estômago revirar com a visão à frente, aquilo era demais para mim, todo aquele sangue espalhado pelo seu rosto, eu via pingar sobre seus cílios, descendo lentamente sobre o nariz até chegar aqueles lábios rosados que carregavam um sorriso cínico desde a hora que entrou no ring, para o adversário à sua frente, que já estava caído no chão sem nenhuma chance de lutar mais.

Todos ao redor daquele local aplaudiam ruidosamente o moreno, acenando com dinheiro em suas mãos mostrando que acabaram de ganhar, apostando nele. Os gritos ali, eram terríveis, como alarmes soando em uma sala de aula, avisando a todos que era hora do intervalo, sendo assim, as pessoas corriam em direção ao ring improvisado, se aproximando cada vez mais dele, como se o lutador campeão fosse uma lâmpada de calor e todos ali estivessem congelando.

Mas eu não, naquela hora, eu fui a única que se virou e correu para fora desejando nunca mais voltar.








[...] Mais cedo naquele dia:





A aula de marketing era a pior que o meu curso poderia oferecer, eu odiava o assunto, odiava o professor e odiava ainda mais o padrão que ele passava de como jornalistas deveriam se introduzir no ramo de trabalho. Não era nada do eu queria para o meu futuro, escolhi cursar jornalismo por gostar de escrever sobre pessoas e suas histórias fantásticas, mostrando para o mundo que o mínimo de alguém pode ser a inspiração para muitos. Entretanto o que o professor Hiahl ditava era totalmente o contrário do que eu pensei que um dia o jornalismo fosse, invasão de privacidade, mentiras e falcatruas. O marketing era realmente uma rede perversa da qual eu não queria fazer parte.

Depois que o relógio cravado no centro da sala avisou que a aula já tinha estendido o tempo, eu me levantei e caminhei para fora junto dos outros universitários. Andando atenta pelo campus da enorme faculdade de Tokyo, pude avistar Amaya, minha melhor amiga, desde o fundamental, sempre estudamos juntas e acabar na mesma universidade foi pura sorte, não tínhamos em mente prestar a mesma, porém no final acabamos se encontrando no saguão da faculdade. A diferença era que Amaya cursava medicina, a garota era uma fera em sala de aula e fora uma delinquente que se embebedava em qualquer festa que seu corpo a levasse, eu nunca entendi esse equilibro que ela carregava para os estudos e festas, mas eu invejava, pois, ou eu ficava dias trancada no quarto estudando ou ficava dias sem fazer nada em busca de sair. Sempre fui assim, era uma coisa ou outra, nunca fui boa em equilibrar meus desejos.

-- Você demorou. - a ruiva mencionou assim que me sentei no gramado de frente a ela.

-- Desculpe, estava presa na aula de marketing. - ajeitei meus livros na mochila que mais cedo havia apenas jogado de qualquer jeito.

-- Não sei como aguenta essas aulas, são pavorosas. - vi de relance ela acenando para alguém.

-- Acredite, eu não aguento. - olhei em direção ao aceno da garota e vi Draken, era um amigo muito próximo dela.

Já eu, nunca tive muito contato com o loiro, normalmente as festas que ele ia não era algo que meu corpo curtia. Usar álcool e drogas a noite toda não era para mim.

-- Draken me contou uma notícia fabulosa hoje. - os dois estudavam no mesmo curso, não era novidade estarem sempre fofocando.

-- Qual? - respondi sem muita importância, os papos de Amaya normalmente eram sobre algum cara que traiu a namorada pela faculdade ou brigas de repúblicas.

-- Haverá uma festa hoje, bancada pela república Toman. - era a república do Draken.

Toman era bastante famosa no campus, todos os novatos queriam ser membros, mas poucos conseguiam entrar, os boatos eram que, o trote da Toman é algo pesado demais para que alguém possa aguentar, apenas os escolhidos a dedos entravam na república. E depois de tudo isso, eles ainda passavam pela sessão de boas-vindas, quem conseguisse entrar na Toman, era posto para lutar com Keisuke Baji, um dos membros que era excepcional no boxer, nunca ouvi falar de alguém que o venceu em um ring a não ser o líder da república, Manjiro Sano. Porém os dois não eram pessoas que se viam muito pelo campus, e muito menos na república. Eu estudava na faculdade havia dois anos e nunca tinha visto nenhum deles, claro que, eu também nunca fui de ir atrás para saber, porém tinha uma curiosidade sobre ambos, e principalmente sobre Baji, as histórias sobre ele eram insanas.

-- Festa? Por quê? - respondi.

-- Não sei - ela deu de ombros -- Mas não é isso que importa, e sim que Mikey vai abrir vagas na república.

Mikey era o apelido de Manjiro.

-- E? - estranhei a empolgação dela, era quase como se tivessem dado ouro em sua mão.

-- E? você está brincando com a minha cara não é? se Mikey vai abrir vagas quer dizer que teremos Keisuke Baji de volta, afinal é um ritual os novatos lutarem com ele.

Ela terminou a frase batendo palminhas, Amaya era alguém que adorava lutas, a garota era fanática por UFC e MMA, eu apesar de assistir com ela algumas, nunca tive estômago para isso, quando a luta ficava seria e sangue era jorrado no chão eu me levantava, desde pequena sempre tive pavor de ver muito sangue, não era literalmente o líquido avermelhado que me assustava e sim o cheiro de ferro que me enojava.

-- Não acho que isso seja do meu interesse. - fiz uma careta para ela.

-- Ah é? Baji vai lutar hoje sabia? ouvi rumores que será com alguém de outra república, ele finalmente voltou e quer fazer as boas-vindas da melhor maneira possível.

Keisuke Baji estava de volta.

Eu olhei de relance para o que ela falara, já fazia um tempo que o moreno tinha deixado de vir a faculdade, eu nunca soube o porque, mas desde que ele saíra, seu nome sempre foi falado pelos corredores, era quase como uma lenda viva. Baji tinha muitos fans pela faculdade, e eu nunca entendi o porquê. Alguém que lutava com toda violência merecia toda essa atenção assim? Apesar de achar isso, minha mente de jornalista tinha uma certa curiosidade sobre sua vida, ainda mais por ser alguém que eu nunca vi, imaginava milhares de coisa sobre ele, e a principal era o porquê de escolher o boxer. Sempre pensava que isso daria uma boa matéria para um seminário, visto que, eu tinha que entregar um como trabalho da aula de literatura até o final do ano.

-- E você vai? - agora, eu tinha dado toda a minha atenção para ela.

-- Por que? ficou interessada? Posso pedir para Draken levar a gente. - ela estava tão próxima de mim que parecia uma pervertida.

- Talvez.

Foi tudo o que eu respondi naquela hora, mas eu já sabia exatamente onde estaria hoje à noite. Iria finalmente conhecer o insano lutador, Keisuke Baji.







NOTAS

comentem o que acharam e desculpes erros ortográficos.

  ━━━ 𝐏𝐋𝐄𝐀𝐒𝐊𝐑𝐄 | keisuke baji Where stories live. Discover now