Capítulo 9

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demorei mas voltei :) 

não tenho nenhuma explicação muito plausível, só não queria escrever mesmo, enfim espero que  gostem e espero que eu volte a escrever com a mesma frequência :))


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Yamaguchi suspirou pesadamente ao olhar para o relógio indicando que ainda eram duas horas da manhã, não é como se não estivesse acostumado a virar noites em claro, mas nem estava em sua casa, não conseguia andar e ao seu lado tinha um Tsukishima extremamente apagado. Agora todas as terríveis decisões voltavam em sua cabeça, era só um estupido vaso de margaridas o que estava pensando, podia muito bem esperar o dia seguinte ou algo do tipo.

Agora estava ali deitado em uma cama que não era sua, em uma casa que não era sua, olhando para um relógio que nem era seu, se sentia tão desconfortável naquele ambiente, adorava o que Kei estava fazendo por si, mas havia levado tanto tempo para ter um espaço só seu onde nada nem ninguém podia o incomodar, mesmo que não fosse o melhor lugar existente ainda sim era um certo refugio de tudo e todos onde não precisava se preocupar com incomodar alguém.

Era irônico, o tanto que gritava o quanto seria independente para seus pais, gritava que quando crescesse nunca iria depender de ninguém e que nunca mais olharia na cara deles, bem, de fato nunca mais olhou na cara de nenhum dos dois, desapareceu da sua cidade natal sem nem olhar para trás, se fosse honesto nem sabia o telefone de seus pais quem dirá o endereço. Quando o médico pediu o contato de algum parente próximo o pânico tomou conta de si, ainda mais com Tsukishima não tendo saído de seu lado por nenhum momento.

O único pensamento que passava em sua cabeça era como seus pais odiariam o ver desse jeito, e nem falava do acidente, mas sim do estilo de vida que levava. Quer dizer que tipo de pais teriam orgulho de um filho com uma sexualidade ridícula, que mora em um apartamento ridículo, que faz uma faculdade ridícula e que tem amigos ridículos, suspirou mais pesado ainda percebendo o que estava pensando, tentava ao máximo não chorar e voltar a dormir, mas seria difícil.

Olhou para o loiro novamente e ele estava se remexendo, o moreno rapidamente levou a mão para o rosto tentando ver se estava ou não chorando e para sua surpresa ele estava, seu rosto estava encharcado, devia estar chorando a tanto tempo e nem reparou, já estava tão acostumado a virar madrugadas chorando que as vezes nem percebia quando começava a chorar. Tentava secar seus rostos quando ouviu o colchão do lado se mexer, rapidamente virou para o lado e fechou os olhos tentando fingir que estava dormindo.

Tsukishima de fato ouviu o moreno chorar, foi em algum momento em torno de duas e vinte que ele decidiu levantar, no começo achou que poderia ser algum pesadelo ou algo do tipo já que ele mesmo era cheio dos pesadelos, se lembrou que Kuroo havia contado que era mais propenso a ter pesadelos quando o dia era ruim e a única solução era respirar fundo e encarar seus medos de frente.

Não entendia essa metáfora de encarar o medo de frente, para falar a verdade era muito difícil que entendesse qualquer metáforas, nunca entendeu essa tara de querer colocar metáfora em tudo conter coisa e a que mais odiava era de encarar seus medos de frente, afinal somente um otário iria encarar as coisas que mais é assustado na cara? Kuroo dizia que chega em um momento que o medo passa se você convive com a coisa e percebe que ela é assustadora, ele não podia estar mais errado, para Kei ele só se acostumou a sentir medo quase cem porcento do tempo, mas o medo ainda estava ali e ele odiava.

Odiava tanto os seus próprios medos que acabava esquecendo que outras pessoas também tinham medos, até ver o Yamaguchi chorar no balcão de sua loja, foi como um baque, percebeu que ele não era o único a sentir medo e quando percebia isso odiava que as pessoas sentissem medo, a palavra medo estava tão passando tantas vezes pela sua cabeça que ele acabou desassociando e ficou perdido nos seus pensamentos, medo era algo irreal e ao mesmo tempo mais real do que tudo.

Nem percebeu os minutos passando e a única coisa que fez sair de seu pequeno mundinho foi ouvir um suspiro alto de Tadashi percebendo que ele ainda estava chorando. Pensou um pouco e decidiu levantar para verificar como o menor estava, afinal acabou o pequeno havia acabado de sofrer um acidente, podia também estar com dor.

Se levantou pegando seus óculos e ligando a lanterna no celular agradecendo por seu aparelho ser um daqueles onde consegue ajustar a intensidade que a luz está. Jogou no travesseiro um pouco ao lado do rosto do Yama e respirou fundo vendo ele fingir que estava dormindo, não queria desenvolver uma conversa com o mesmo já que ele estava com o rosto inchado de provavelmente chorar por muito tempo.

Colocou seu chinelo e fez um carinho no cabelo moreno saindo do quarto indo em direção da cozinha, respirou fundo olhando seu reflexo na porta do micro-ondas e arrumou o cabelo para trás, devia abordar Yamaguchi sobre isso ou devia deixar quieto? Se ele quisesse ajuda pediria certo? Quem ele queria enganar, nunca pede ajuda quando está passando por alguma situação difícil.

Abriu a geladeira e decidiu botar os seu total de zero dotes culinários a prova, se Shoyo que era Shoyo era capaz de fazer um chocolate quente o que o impedia de fazer o mesmo. Pegou seu celular para procurar uma receita e pegou a mais fácil e mais acessível que acho, Hinata sempre dizia que se está triste com alguma coisa você deve se aquecer por dentro com algo doce para fazer todos os problemas irem para a casa do caralho, palavras de Hinata Shoyo não minhas.

Cruzou as pernas sentado em cima do balcão da cozinha enquanto as coisas estavam no fogo e começou a pensar no que falar ou melhor no que não falar, decidiu que não iria encher o saco do pequeno, só iria mostrar que estava ali e que podia chorar desde que não manchasse a fronha de seu travesseiro. Pegou seu celular e ficou esperando tudo ficar pronto. 

Maybe You Can Stay - TsukiyamaWhere stories live. Discover now