Capítulo 6

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O silencio entre os dois era absurdamente barulhento, era como duas crianças que haviam discutido por horas e a mãe colocou um sentado de frente para o outro e só iriam poder sair dali quando alguém se desculpasse, a diferença era que Tsukishima não havia feito nada de errado – na sua visão – e Tadashi não tinha a menor ideia da onde começar, se sentia horrível, não horrível era pouco, se sentia desprezível, no momento que Hinata falou para ele entrar no deposito e falar com o maior já percebeu que algo não estava certo.

Quando entrou e viu o maior ali, parecendo uma criança indefesa com as mãos no ouvido olhando para seu colo e lagrimas caindo sem parar sentiu um caminhão inteiro passar por cima dele, uma dor que não havia sentido nunca em sua vida, não havia feito muita coisa e ainda sim sentia que havia feito tanto.

—Tsu... — Nem terminou de falar e já viu o maior se encolher ainda mais no pequeno espaço, - se é que isso era possível - ele olhou para porta vendo o Hinata com um olhar preocupado o menor passou por Yamaguchi dando um tapinha em suas costas e se abaixou na frente do loiro com calma

—Kei — O maior relaxou quase que imediatamente, então era esse o tipo de relação que os dois tinham, Yamaguchi se repreendeu internamente por pensar nisso, sua maior preocupação deveria ser o bem estar de Tsukishima — Você quer falar com o Yamaguchi? — sem falar nada e somente olhar para o ruivo voltou rapidamente a encarar o chão — Certo — Shoyo se levantou limpando a poeira que sujou sua calça e foi em direção ao moreno que só observava a situação

—Yams, o Tsukishima não sente como se quisesse falar agora — Hinata colocou a mão no ombro do maior fazendo ele tirar o olho do loiro e olhar para os olhos cor de amêndoa em sua frente — Quem sabe um outro dia?

—Mas... — Yamaguchi queria dizer que não iria embora, queria correr e ir até Tsukishima perguntar o que havia acontecido, se fosse por sua culpa pediria mil desculpas, faria o possível para não ver o loiro chorar, o abraçaria e ficaria ali até o loiro se acalmar, mas não conseguiu. A única coisa que conseguiu foi olhar aquele individuo no canto chorando e se sentir derrotado —Eu volto outro dia — Ele disse em um sussurro.

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O moreno chegou no apartamento jogando a mochila no chão da porta de entrada sem se importar com nada, afinal não morava com ninguém e para completar seu melhor amigo ficou chorando no chão e ele não pode fazer nada. O apartamento vazio não ajudou nada em como estava se sentindo, talvez devesse ter desencaixotado tudo assim que se mudou meses atrás, mas nem precisava ficar tanto em casa então a única coisa que estava ali era sua cama, algumas coisas de cozinha e algumas roupas que tirava e jogava de novo dentro das caixas.

Para melhorar sua situação ele tropeçou em uma caixa e saiu rolando até bater em uma parede.

—Puta que pariu viu — Yamaguchi se levantou mancando um pouco por causa da leve dor que sentia em seu tornozelo, não ligou muito para isso e foi ver no que havia tropeçado e então ele percebeu que não era caixa alguma, era um arranjo que Tsukishima havia dado para ele. —Não não não.

Yamaguchi tentou colocar as margaridas de volta no vaso sem muito sucesso, grande maioria delas havia quebrado, a terra se espalhou em todo o apartamento.

—Por favor volta ao normal margaridas, por favor — Ele tentou por um tempo, sem grande sucesso, não sabia o que fazer — Eu não quero machucar vocês também — Suspirou pesado e se sentou encostando na parede ao lado do que um dia já foi um arranjo, na suas tentativas de consertar acabou machucando mais ainda as pobres flores — Eu gostava tanto de vocês. — Tadashi se levantou indo pegar uma vassoura e um lugar para jogar o que restou delas, mas então se lembrou do que Tsukishima disse um dia

"Eu gosto de flores, por que mesmo depois de anos elas continuam renascendo, dependendo da flor e do quanto ela esta danificada dá para tirar uma pequena parte dela e replantar em outro lugar e logo elas cresceram novamente" – Kei estava falando de suculentas, mas o moreno se distraiu vendo o jeito que ele arrumava uns arranjos com tanto carinho e maestria que seu cérebro fez ouvir flores no lugar de suculentas –

—é isso, ele pode consertar vocês né? — Ele olhou para o relógio, a floricultura fecharia em menos de vinte minutos e com o tráfico nesse horário ele chegaria em meia hora, precisava tentar, não queria deixar as flores morrerem como deixou Tsukishima chorando naquele chão.

Enquanto dirigia mais rápido do que jamais dirigiu não pode deixar de ouvir a voz de Terushima em sua cabeça

"Olha, Yama, eu não apoio você ter uma moto, mas se é o que você quer faça questão de não correr, nada vai sair do lugar se você esperar alguns minutos a mais, prometa para mim que não irá nunca ultrapassar o limite de velocidade"

É, algumas promessas teriam de ser quebradas por um bem maior. Não pode negar que seu coração batia mais forte do que jamais bateu, o caminho que deveria fazer em meia hora fez em quinze minutos – quase colidiu com no mínimo cinco coisas/carros diferentes, ouviu muitos xingamentos e passou em um ou dois sinais vermelhos, mas era para um bem maior –

Acabou passando reto da floricultura e voltou mais rápido ainda fazendo o pneu derrapar na rua e ele perder o equilibro em cima da moto, mesmo caindo no chão a única coisa que conseguia pensar era "agora essas margaridas não vão ser salvas nunca mesmo"

Seu tornozelo que já doía ardia mais ainda, seu braço latejava e sentiu um pouco de sangue em sua testa, não era uma dor insuportável, conseguia se mexer o suficiente para se levantar e ir atrás da sua moto, nem percebeu quando um certo alguém saiu da floricultura para verificar que barulho alto tinha sido aquele

—Droga isso vai custar caro — Ele disse levantando a moto com o braço que não doía, o farol havia quebrado e tinha certas dúvidas se aquele escapamento iria funcionar da maneira adequada, seu olhos foram diretamente para as margaridas espalhadas e trituradas no chão —Não — seus olhos se encheram de lagrimas, ótimo se já não bastasse Tsukishima estar bravo com ele não poderia andar de moto, provavelmente havia quebrado seu braço e tornozelo e agora suas margaridas estavam mortas.

—Yamaguchi?

Maybe You Can Stay - TsukiyamaWhere stories live. Discover now