A Esposa Exemplar

Depoimento De Catelyn Tully

"Procurei Catelyn Tully para dar continuidade a meu plano.
Tenho todas as provas.
Eu vou ferrar Rhaegar e tenho que ser sincera comigo mesma, estou gostando da sensação."

(Trecho do diário de Elia Targaryen)

A jovem advogada estava pronta para as perguntas.
–Senhorita Catelyn Tully, poderia dizer para as pessoas aqui presentes qual é a sua ligação com Elia Targaryen.
–Eu trabalho como consultora jurídica na Tully & Stark Advogados. A senhora Targaryen me procurou para tirar dúvidas jurídicas sobre um contrato de casamento baseado em comunhão total de bens.
–A senhorita conhecia Elia Targaryen pessoalmente antes do ocorrido?
–Não. Apenas de vista. Tínhamos conhecidos em comum, trocávamos cumprimentos, mas fora isso nós não tínhamos contato nenhum nas nossas vidas pessoais.
–Até a senhora Targaryen procurá-la em seu ambiente de trabalho.
–Exato.
–Poderia dizer qual era o conteúdo da conversa?
–Ela me mostrou o contrato de casamento. Lendo o documento cheguei a conclusão que tudo seria dividido igualmente, desde os bens até a guarda dos filhos em caso de divórcio.
–Mas havia uma cláusula minúscula acrescentada depois, não é?
–Sim. Em caso de adultério comprovado cerca de 70% dos bens ficaria com a parte lesada, junto com a guarda dos filhos.
–Então no caso Elia Targaryen seria muito beneficiada se saísse dessa relação não é?
–Sim. Com certeza.
–Quão prejudicado Rhaegar Targaryen ficaria?
–Muito. Talvez isso levasse a ruína financeira. Ele não é exatamente um bom administrador pelo o que ouvi falar Elia é quem sabia onde, como e com quem investir para obter sucesso.
–Então pode-se presumir que um divórcio seria muito benéfico para Elia e bem prejudicial ao senhor Targaryen.
–Com certeza, o que eu li no contrato nupcial era bem claro.
–Foi a senhorita quem entrou com a ação de divórcio contra Rhaegar Targaryen?
–Sim.
–Foi a senhorita quem indicou o detetive Varys Blackfyre para Elia contratar e obter provas da traição do marido?
–Sim.
–E é claro, a senhora recebeu um bom dinheiro por isso, observando as movimentações bancárias de Elia Targaryen.
Ela deu de ombros.
–É o meu trabalho no fim das contas. Se me pagam para ferrar judicialmente alguém eu não vou poder ter pena dessa pessoa.  É assim que pago as minhas contas.
–Então Varys obteve as provas, que lhe foram dadas, que por sua vez abriu o processo de separação.
–Sim. Recebi uma polpuda comissão por isso. Não esperava que ela morresse.
O outro advogado começou.
–Senhorita Tully é verdade que a senhorita estava noiva, não é?
–Sim, estava.
–De Brandon Stark, irmão da acusada Lyanna Stark. Estavam a poucos dias de se casarem.
–Sim.
–E por que terminou?
Catelyn sentiu uma veia subir em sua  testa. Mas já imaginava que sua vida pessoal seria vasculhada.
–Por traição.
–Mais especificamente Brandon Stark estava te traindo com Barbrey Ryswell, amiga de Lyanna Stark não é?
–Sim.
–É verdade que a senhorita descobriu evidências de que Lyanna Stark estava encobrindo o irmão nos encontros dele com Barbrey?
–Sim.
–E que a senhorita até queria sair do escritório por que não queria lidar com o seu ex e a irmã dele?
–Também é verdade.
–Então de repente Elia, cujo marido está tendo um caso com a irmã do seu agora ex te procura?
–Talvez ela quisesse minha ajuda para dar um conselho jurídico, é para isso que sou paga.
–Ou a senhora queria uma oportunidade de dar um troco contra os Starks.
–Eu não cometi nenhum crime. Ela pediu minha opinião sobre o contrato e eu dei. Pediu ajuda para obter provas e eu indiquei um detetive. Me pagou por fora para representá–la em uma ação contra o até então marido. Por que eu recusaria, sendo bem paga? -revidou.
As perguntas tinham terminado e ela se levantou.
–Sabe, é uma pena ela ter morrido. Ninguém merece um fim assim. Deviam dar mais valor as mulheres exemplares.