Capítulo 8

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O carro parou do lado de fora daquela enorme casa, que para Anahi parecia um castelo. Ela estava deslumbrada com o tamanho daquele lugar. Um jardim enorme na frente, uma porta gigante que ela achou que só exista nos filmes.

- Não se deslumbre- Poncho falou, ficando ao seu lado e dando o braço para ela- tudo que tem de bonito, tem de podre- Ele deu uma olhada para trás e viu que Maite estava de braços dados com Christian e falou com ela -Você está bem?

- Acho que sim- ela responde um pouco mais baixo.

- Lembra de uma coisa- Poncho falou- Eu estou aqui por você pirralha.

- E eu por você grandão.

FLASHBACK 16 ANOS.

- Mas pai, porque a gente não pode ir com vocês? - Poncho falou agarrado ao pai com seus 13 anos.

- São viagens de negócios- O pai deles, Carlos, falou- vocês teriam que ficar o tempo todo em um quarto de hotel, não teriam tempo para nada.

- Vou ficar com saudades- uma pequena Maite de 8 anos, estava abraçada com a mãe- vocês não podem ficar mesmo?

- Infelizmente não, meu amor- A mãe, Rosa deu um beijo na menina- mas vocês dois vão estar juntos, e as babás estarão com vocês, ok.

- Nós amamos vocês crianças- o pai os abraçou forte- e lembrem de uma coisa. Sempre serão vocês dois, um para o outro, cuidem um do outro, o que quer que aconteça, se protejam.

Por algum motivo, que não tinha sentido nenhum para duas crianças naquele momento, os pais os abraçaram muito forte e choraram, o que fez com os dois também chorassem.

- Vocês vão voltar para minha apresentação de Ballet né? - Maite falou toda manhosa.

- Claro meu amor- A mãe abraçou a filha forte e depois olhou para o marido- estaremos sempre com você ok?

E eles sabiam o que iria acontecer. Carlos Herrera e Rosa Perroni, que sempre fez questão de manter seu sobrenome de solteira, sabiam que estava marcado para morrer. Mas antes só os dois, do que seus filhos.

E naquele mesmo dia, algumas horas mais tarde, as duas crianças receberam a notícia de dois policiais junto com uma assistente social, que lhes informou que seus pais tinham falecido. Poncho entrou em choque e começou a chorar. Maite arregalou os grandes olhos castanhos e se aconchegou no colo do irmão e quando ouviu o choro do irmão, começou a chorar também.

- O nome de vocês é Alfonso e Maite Herrera, certo? - uma mulher com voz doce se aproximou deles.

- Sim- Poncho respondeu ainda fungando- o que vai acontecer com a gente agora?

-Vamos conversar sobre isso amanhã ok? - ela sorriu para os dois- eu pedi para a babá de vocês, preparar a cama de vocês.

Ela os guiou até o andar de cima e tentou colocar cada um em seu quarto. Mas Maite não desgrudava do irmão. E acabou deixando que eles ficassem juntos.

- Poncho, tá acordado? - ela perguntou sussurrando.

- Tô Sim- ele respondeu.

- Eu tô com medo- ela falou, ainda sussurrando- Não quero ficar longe de você.

- Não vamos ficar longe um do outro- ele respondeu segurando a mão da irmã.

E realmente não iam. No dia seguinte, com tudo já resolvido, a assistente social os levou até seu novo lar: a casa de Antônio e Vera Herrera.

Eles conheciam os tios, era óbvio, mas nunca gostaram de estar lá e sentiam uma certa hesitação dos pais em levá-los até lá. Eles o receberam com um grande sorriso no rosto, era um teatro. E ali começaria a pior época da vida deles.

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