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Dia chato. Hora chata. Lugar chato. Sentado na recepção de um consultório médico, esperando sua vez para ser atendido, Chan olhava para o feio relógio roxo de coruja que ficava a sua frente enquanto pensava sobre o quão cansado estava depois de ter trabalhado incansavelmente desde cinco da manhã. Era a hora que começava a ter trânsito nas ruas próximas aquela área, então as buzinas o incomodavam tanto quanto o pulso dolorido. Também era um dos dias que o consultório estava cheio, então, juntando tudo, resultava em um Bang Chan quase quebrando o outro pulso para ter que ser levado ao hospital e não precisar mais ficar naquela tortura sonora. Não tinha fones de ouvido consigo mesmo, mas desbloqueou o celular em esperança para que algo conseguisse o distrair.

Entrou no Twitter e tweetou "eu tô muito estressado, nunca quis tanto me jogar de uma janela". Alguns segundos depois, Felix respondeu "transa que passa". Suspirou e deu uma quieta risada ao olhar para a bandeira aroace em sua foto de perfil. Além disso, era assexual estrito. "? mlk cê esquece que eu sou ace estrito né, ou tá agindo como allo de novo". Felix não esquecia, só gostava de irritá-lo como um allo — alguém que sente atração sexual "normal" — faria. Viu um tweet de Seungmin, o famosinho do grupo com uma conta com mais de 3 mil seguidores onde fala sobre bruxaria, o qual dizia bom dia aos mutuals, pergunta se comemorariam Litha, um solstício de verão e feriado bruxo, com alguma pessoa e que iria comemorar com o melhor amigo. Innie respondeu "nao sei que que isso mas se voce tá feliz eu to tambem !". Realmente, Seungmin era um dos que tinham mais conhecimento sobre qualquer coisa entre os 8. Hyunjin e Han reclamaram juntos sobre os lugares que estavam, enquanto Lino perguntava se ele era o único sossegando o facho e Changbin esfregava na cara dos outros 3 que estava viajando, passando o tempo numa cidadezinha no meio de uma floresta. Chan, então, reclamou quietamente que a timeline não carregava direito.

Wi-Fi do local era inexistente, 4G estava horroroso. Olhou todas as redes sociais, até as que não usava mais, tudo estava muito chato. Uma moça saiu da porta que levava a sala do médico e chamou seu nome.

— Senhor Bang?

Se levantou alegre, finalmente poderia sair daquela sala de espera.

— Vai demorar mais que o esperado para o senhor ser atendido, pedimos perdão.

Ou não.

— Ah, tudo bem. — sorriu e assentiu com a cabeça, mas dentro estava xingando Deus e o mundo.

Voltou a se sentar e jogou a cabeça para trás, encostando na parede. Só queria que o tempo passasse mais rápido. Ficou em um ponto invisível na parede e tentou esvaziar a mente para ver se conseguia dormir ou bloquear a maioria do som. Estava conseguindo. Olhos pesados, viu a parede começar a ficar turva e se sentiu sendo puxado para dentro da parede enquanto tudo a sua frente parecia se distanciar dele, indo para trás. Estava tão rendido a paz nesse silêncio que nem se deu conta que, quando piscou, apareceu em uma sala totalmente amarela.

"..Quê?"

Olhou em volta. Luzes brancas e compridas no teto, o carpete fedia e ao seu redor havia vários corredores, alguns que logo dobravam a esquerda ou direita, levando a outro lugar. Às vezes, algumas das luzes que ficavam em seu campo de visão piscavam de modo inconsistente, mas a maioria estava uniforme, sem piscar.

"...Isso tudo tá nítido demais pra ser um sonho."

Decidiu fazer um check de realidade para ver se realmente era um sonho. Olhou para sua mão esquerda e conseguiu contar 5 dedos. Olhou o horário do celular várias vezes seguidas, continuava o mesmo horário. Testou os 5 sentidos e todos funcionavam perfeitamente.

"Eu tô louco. O barulho realmente me enlouqueceu."

— TEM ALGUÉM AÍ?! — gritou. Sua voz ecoou pelas várias paredes.

The Backrooms - Stray KidsWhere stories live. Discover now