Episódio 14 | O que é certo?

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Aquela postura nervosa de Amélia que José mencionara ao telefone realmente se fez presente, e ela me olhou como se eu fosse uma bandida ao invés de uma detetive

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Aquela postura nervosa de Amélia que José mencionara ao telefone realmente se fez presente, e ela me olhou como se eu fosse uma bandida ao invés de uma detetive. Como se eu tivesse lhe apontado uma arma ao invés do meu distintivo.

— E-Eu já disse o que tinha que dizer — informou a camareira, tentando fechar a porta na minha cara.

Estiquei minha mão e impedi que ela me expulsasse dali. Nossos olhares se encontraram de novo quando a porta foi reaberta. Sua atitude foi suspeita o bastante para que uma parcela da minha mente acreditasse que ela tinha algo a ver com o assassinato do hotel. Por que iria querer fugir de mim se não tivesse? O que a deixava tão aflita?

— Acho que não custaria nada você me atualizar das informações, Amélia — insisti, mantendo a expressão firme e calorosa. — Só quero conversar.

Ela olhou por cima dos meus ombros, parecendo estar procurando por algo, e depois para trás de si, como se estivesse avaliando se sua casa possuía espaço suficiente para nós duas. Mesmo com tanta demora, ela voltou a me encarar sem dizer nada.

— Então... Eu posso entrar? — Sorri. — Ou quer que conversemos na delegacia?

Amélia inspirou fundo.

Dois minutos depois, estávamos em sua sala — ela sentada num dos sofás (floridos, claro) e eu em pé. Ligeiramente, dei uma analisada na região interna da casa, ficando embasbacada diante da quantidade de margaridas espalhadas pelas paredes. Era estranho. O cheiro verde e floral reinava pelo lugar, camuflando qualquer outro odor. Eu seria incapaz de sentir cheiro de sangue ali... se ela tivesse matado alguém.

Sim, meu cérebro já tinha criado uma teoria de que Amélia era uma assassina. Ele trabalhava de uma forma muito diferente do convencional: eu primordialmente afirmava que determinada pessoa era uma coisa e só me convencia do contrário quando ela me apresentasse provas de que não fazia jus às minhas suspeitas.

Nesse caso, a menos que Amélia me garantisse que não matou ninguém, seria nisso que eu iria acreditar.

— Aceita um chá? — ela perguntou, gentil.

Voltei a fitá-la, deixando a análise sobre as plantas para lá.

— Não, obrigada. — Chá me dava sono, e dormir estava fora de questão. — Quanto mais sucinto for o nosso diálogo, melhor.

— Oh, está bem.

— Conte-me tudo o que sabe sobre o incidente, por favor.

Eu não levei nenhum caderninho de anotações, pois gravaria tudo na cabeça. Além do mais, algo me dizia que Amélia me contaria exatamente a mesma coisa descrita no depoimento que José me enviara no e-mail.

E foi justamente o que aconteceu.

O depoimento dela me trouxe todas as informações que já eram do meu conhecimento. Todavia, por estar diante da mulher, eu podia decifrar seu comportamento com minúcia, e ele me revelava muito mais coisas do que os seus lábios se esforçavam para mencionar.

INTENSÉMENT (temporada um)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora