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Narração

Scorpius bateu levemente na porta com os nós dos dedos duas vezes pouco antes das oito da noite naquela véspera de Natal.

─ Chegando! ─ A voz meio ofegante de Rose veio do lado de dentro.

O quarto soava mais silencioso do que ele esperava uma vez que ela estava dividindo o cômodo com Lily Luna e Lucy também.

A porta se abriu para relevar a figura da ruiva e Scorpius sentiu o ar deixando seus pulmões. Rose era bonita, isso era um fato, ele sabia, já convivia com ela há anos, mas às vezes ele ainda se pegava sendo arrebatado pela beleza dela. Como naquele momento.

Com os cabelos compridos bem alinhados jogados por cima de um ombro, uma maquiagem leve destacando seus olhos claros e um vestido vermelho escuro com um decote generoso, Rose conseguia estar ainda mais bonita, porém enquanto usava uma bota no pé esquerdo, ainda estava com o lado direito descalço.

Ela deu um sorriso constrangido enquanto Scorpius ergueu uma sobrancelha.

─ Cheguei muito cedo? ─ Ele perguntou.

Rose franziu os lábios e balançou a cabeça em negativa. 

─ A bota me venceu ─ Ela admitiu, derrotada, enquanto indicava com um aceno o outro par do sapato, abandonado ao pé de uma das camas, que Scorpius supôs ser a dela.

─ Você precisa de uma mão? ─ Ele perguntou.

─ Seria ótimo ─ Rose encolheu os ombros e voltou para dentro do quarto. Scorpius a seguiu.

Ela sentou na beira da cama e se inclinou para pegar a bota.

─ Onde estão as garotas? ─ Ele perguntou enquanto se abaixava na frente de Rose, que fazia mais uma tentativa de calçar o sapato.

─ Elas já desceram, eu disse que ia me calçar e ainda ia esperar você ─ Ela explicou enquanto largava o sapato.

Scorpius soltou uma risada nasalada e pegou a bota, xingando baixo quando finalmente conseguiu calçar a bota nela e arrastou para cima o zíper que ia até o joelho, dando um tapinha na lateral do joelho dela ao terminar.

─ Prontinho, Cinderela ─ Ele sorriu.

Rose fez uma careta para o seu pé direito e lançou um sorriso a ele em seguida.

─ Obrigada, meu Príncipe Encantado ─ Ela respondeu no mesmo tom de zombaria que ele e ficou de pé.

Ao mesmo tempo que Scorpius também se levantava, ficando em frente a ela, deixando os rostos deles muito próximos agora que ela usava saltos.

Rose puxou uma respiração trêmula quando o rosto dele ficou muito perto do seu, sua boca se abriu sem ela saber exatamente para quê. Scorpius desviou seu olhar para o dela.

Foi como das últimas vezes em que ela se pegou tão próxima dele. A sensação só podia ser descrita como borboletas no estômago, apesar de ela não entender o motivo. Algo novo. Ou era algo que ela conhecia? Parecia os dois ao mesmo tempo, como se sempre estivesse lá mas ela tivesse acabado de perceber.

Ter Scorpius tão perto dela tinha a sensação de certo. Como se fosse assim que as coisas deveriam ser. Mesmo sem saber o que aquilo queria dizer.

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, uma voz ansiosa veio da porta fazendo os olhares dos dois se concentrarem naquela direção.

─ Rose, está todo mundo esperan- Oh ─ Era Lily Luna parada ao lado da porta, olhando para todos os lugares que não fosse o casal ─ Eu sinto muito! Não queria interromper, mas estamos todos esperando por vocês lá fora ─ Inclinou a cabeça na direção do que Rose sabia serem as escadas.

─ Ah ─ A mais velha arfou ─ Nós estávamos apenas...

─ Calçando os sapatos ─ Scorpius completou, o que fez a ruiva mais velha o encarar com uma sobrancelha erguida, ele respondeu com um simples dar de ombros. Rose sorriu.

Lily Luna soltou o ar pelo nariz e cruzou os braços, tentando não rir.

─ A Rose sempre teve pés enormes, todos sabemos ─ A Potter soltou antes que Rose pudesse impedir.

─ Lily Luna! ─ Ela repreendeu, cheia de indignação.

─ Sinto muito, escapou! ─ A ruiva mais nova levantou as mãos e deu alguns passos para trás ─ Espero vocês lá embaixo! ─ E desapareceu do campo de visão do casal.

Rose apertou os lábios e se virou para Scorpius, que tentava, sem sucesso, segurar o riso.

─ Eu sempre fui alta... ─ Ela tentou justificar, o que foi o suficiente para ele explodir em risadas.

Rose girou os olhos para o teto e apoiou as mãos nos quadris enquanto ele tentava recuperar o controle da respiração.

─ Vamos antes que você vire abóbora, princesa ─ Ele ofereceu o braço a ela que aceitou, tentando não sorrir, e os dois descerem as escadas.

𝐓𝐰𝐢𝐬𝐭 𝐨𝐟 𝐅𝐚𝐭𝐞 | 𝒕𝒆𝒙𝒕!𝒂𝒖Where stories live. Discover now