A menina Lacerda assentiu, mordendo o lábio inferior, enquanto um turbilhão de emoções tomava conta de si.

      — Então? Não seja tão dura consigo mesma, meu bem. — seu tom era suave. — E o principal, sobre Adelaide, você também não teve culpa. — a adolescente balançou a cabeça em negação, enquanto seus olhos transbordavam. — Foi um acidente, Yara. Você apenas precisava da sua mãe naquele momento e a chamou.

      — Foi uma briga boba de adolescentes, por um motivo mais bobo ainda, tia. Eu não devia ter pedido pra ela me buscar. — disse, a voz falhando. — Se em vez disso eu tentasse me resolver com a Júlia primeiro, nada daquilo teria acontecido.

      — Você não tinha como saber que as coisas terminariam daquela forma. Nenhuma de vocês tinha. — acariciou-lhe os nós dos dedos, com o polegar. — Como eu disse, Yara, às vezes precisamos aceitar que certas coisas fogem do nosso controle, por mais que achemos que uma atitude seria responsável por um desfecho diferente. A verdade é que, nesse mundo nada é totalmente nosso e não temos domínio sobre praticamente nada. Apenas o Homem lá de Cima sabe das coisas. Talvez a missão da Adelaide nesse plano tenha sido dada por encerrada ali, porque Ele precisa dela mais do que nós. E sim, eu sei que dói, dói muito, como se nosso peito estivesse sendo rasgado de uma ponta a outra. — àquela altura, Madalena já possuía os olhos marejados também. — Mesmo tendo partido cedo, minha irmã deixou um legado incrível, como mulher, mãe, irmã, filha, professora. E eu digo, com toda a certeza e orgulho do mundo, que o maior deles está aqui, bem na minha frente.

Yara soluçou, ao mesmo tempo que a tia segurou-lhe o rosto entre as mãos.

      — Você é a parte mais linda e incrível da sua mãe, acredite. E tenho a certeza que ela não quer que você se culpe mais, mas sim que busque ser feliz e não tenha medo de desenhar seu futuro. Você é e sempre será a sua menina, então pare de achar que há um vilão nessa história e que é você. — abriu um sorriso reconfortante. — Adelaide te ama muito e está muito orgulhosa de você, da pessoa que tem lutado pra se tornar, dos seus progressos, das coisas que conquista. O que ela sente por você jamais vai morrer, porque é o amor de mãe, minha querida, e amor de mãe nunca morre.

Por fim, percebendo que as emoções eram muitas e a mais nova só conseguia chorar, abriu os braços, chamando-a novamente a aconchegar-se ali.

E ela assim fez. Tudo o que não conseguia expor em palavras no momento, esperava que a Lena pudesse sentir no calor do abraço apertado que lhe dava.

 Tudo o que não conseguia expor em palavras no momento, esperava que a Lena pudesse sentir no calor do abraço apertado que lhe dava

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      — Sim, tá doendo muito, mas... — Yara encolheu os ombros, enquanto remexia o que restara em seu prato, com o garfo. — Acho que isso foi o melhor a se fazer. Pelo menos por agora.

Ergueu o olhar, encontrando a expressão serena de Leandra. A maneira como a fitava trazia-lhe bastante familiaridade e conforto, pois, era um olhar de compreensão e acolhimento, e aquela não era exatamente uma conversa de paciente e psicóloga, mas sim uma papo de amigas num almoço de terça-feira.

No Compasso das Estrelas | ⚢Where stories live. Discover now