Catrin poderia jurar que alguns deles tropeçaram, outros ficaram boquiabertos. Mas todos rapidamente desviaram o olhar e apertaram o passo. Adyra riu satisfeita com aquilo e fez as sombras recuarem.

— São machos da infantaria mais jovem, talvez até em treinamento. Se assustam muito mais fácil. — Adyra disse em tom divertido.

— Eu definitivamente gosto muito mais dessa sua versão. — Catrin riu.

— Somos duas Cat. Agora vamos logo, antes que precisemos assustar mais alguns machos. — Adyra disse e as duas retomaram a caminhada.

Elas chegaram a porta da casa onde Bryan e Dahrlan moravam e bateram.

Elas conseguiram ouvir passos leves e apressados, até que a porta foi escancarada e uma pequena figura alada fez uma triste cara de decepção.

— Ah, achei que fosse o papai Darhlan. — Ela disse.

Ophellia, uma garotinha illyriana de cinco anos de idade, uma bastarda, sua mãe morreu quando ela tinha apenas um ano.
Se um macho bastardo já é destratado, imagine uma fêmea, que para eles, não possui nem valor militar.
Assim que sua mãe morreu, Ophellia foi jogada no acampamento para que os Senhores decidissem o que fazer. Ela chorava desesperadamente, enquanto muitos machos a rodeavam, assustando-a e se divertindo com isso.
Na ocasião, Dahrlan e Bryan estavam passando pelo local e viram a comoção e se aproximaram para ver do que se tratava.

Quando chegaram mais perto, a garotinha de cabelos pretos e adoráveis olhos cor mel jogada na lama fria, estava nervosa e com medo, muito medo, o cheiro da pequena criaturinha exalava isso.
Darhlan com um olhar nada amigável, que aprendera com Azriel durante seu treinamento, arrancou a informação sobre quem se tratava a garota de um dos soldados que assistia.
A conexão dos dois com ela foi quase instantânea. Apesar do medo, havia muita força de vontade naquele olhar.
Bryan e Darhlan só precisaram se olhar uma vez antes do último entrar no círculo que formavam em volta da garota. Assim que o notou se aproximando, ela parou de chorar. Assim que Darhlan a pegou nos braços, ela pareceu respirar aliviada, e quando ele a aconchegou em seu peito, ela se acalmou, sua respiração voltando a ficar compassada e tranquila.

— Ela está sobre meus cuidados e de Bryan agora. Qualquer um que sequer tentar encostar um dedo nela, será morto de maneira lenta e dolorosa. Lembrem-se que estarão se metendo com a minha filha e a neta do General Cassian, e duvido muito que o restante da família será agradável. — Ele disse frio e ameaçador, segurando a garotinha que se agarrava nele como se fosse a única coisa segura nesse mundo, e naquele momento, era.

Ele e Bryan foram rapidamente para casa. Ao chegarem, explicaram resumidamente para Aylla e Ahryn o que havia acontecido.
A primeira, logo arrumou um banho quente para a garota e a envolveu com roupas que ela disse terem sido de Ahryn e a levou direto para um berçário que tinha na casa.
Assim que foi colocada no berço, Ophellia espreguiçou-se esparramando as pequenas e delicadas asinhas e dormiu serenamente.
Ela foi recebida com festa pelo restante da família, principalmente por Nestha e Cassian que pareciam não querer desgrudar da neta nunca mais.

Adyra pegou a criança illyriana no colo e as três adentraram a casa.

— Sabe, você poderia pelo menos fingir feliz em nos ver. — Ela brincou.

— Desculpa tia Adyra, desculpa tia Catrin. É que eu estou com saudades do papai. — Ela disse brincando com a ponta da trança de Adyra. Assim que iam chegando na sala, Aylla apareceu.

— Catrin, Adyra! Que bom vê-las! — Ela disse abraçando as duas. — Sentem-se por favor.

Adyra se sentou, com Ophellia ainda em se colo.

A Corte de Asas e EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora