ingenuidade

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Poderia ser encontrado submerso no seu próprio cérebro que refletia o porquê de que cada decisão que fizesse teria que ser feita mais cinco veses cansativamente a qualquer hora do dia.
Talvez achasse que fosse o cansaço, mas as sombras que latejavam sua cabeça não eram reais e muito menos têm alguma razão para existirem, porque são apenas evoluções de uma brincadeira idiota.
Ele deve ser louco de pedra, burro pra caralho.
A curiosidade nunca vem acompanhada de intenções, sejam elas boas ou não.
Como uma flor que desabrocha aos poucos por dentro do corpo, ocupando todo o espaço restante e sufocando-o com seus espinhos, mas apenas até a saciação daquilo que a mantém viva.
A súplica pelo o tão desejado mundo externo, aquele que não acontecia apenas em sua cabeça, aquele que era, com todas as letras, real e vivo.
"Nenhum de vocês têm culpa alguma nisso, mas desapareçam por conta própria, por favor"

Aquilo se embolava e crescia como uma bola de neve imperfeita e sentimentalmente fria que poderia derreter tudo se pudesse pelo menos ter certeza de quem é em meio a tantas imitações mal feitas por ele mesmo.
A quantidade de pessoas que poderia ser ao mesmo tempo era incerto e esse fato martelava sua cabeça todos os dias um milhão de vezes.
O desejo de acabar com todos eles era interminável e seria assim para sempre.
Ou até que morressem por conta própria, o que é uma missão meio difícil quando nem sequer está vivo.
Suas lágrimas eram grandes, pesadas.
A dor que carregava sustentada pelos seus membros inferiores assassinava não só o físico, como também torcia e doloria sua cabeça repetidamente.
Se pudesse pelo menos se livrar daquele peso vivo, talvez os imaginados também desaparecessem.

Empurrava com toda a sua força, com toda a dor, um peso emocional que preferiria que fosse de uma tonelada, mas que estivesse fora dos seus pensamentos.
O amor de Deus, aquele que não acreditava, mas era a única opção restante e a última tentativa.

Ainda não sabia o porquê de as gotas congelantes que caíam sequencialmente pelo seu corpo não eram mais frias que seu suor naquela noite desnorteadora.
Todos estavam exaustos, mas um deles estava cinco vezes mais, e diziam que talvez essa fosse a razão.
Saíram assim pela boca de sua mãe que, na verdade, não se encontrava em lugar algum.
Não estava o observando daquela estrela brilhante no céu, e sim suplicando por sua ajuda porque sufocava no ardor do inferno, se existisse.
A única que sabia que era realmente real, e que agora desejava estar morto como ela.
A relação de idolatria se desamarrou com a decepção que estourava seu coração como em um arco e flecha, bam.
A maior de todas as rainhas com uma maldita coroa de plástico.
Seu sangue gritava no interno e no externo, seus pés preferiam ser cortados fora a ter que sustentar aquele peso desnecessário e burro de seu corpo por mais um minuto.

Nojento era o quão sarcásticos seus sorrisos genuínos pareciam, davam vontade de vomitar.

Poderia sufocar elegantemente pendurado numa corda quantas vezes fosse para que pudesse sair daquela pele suja e mente fraca.

Ele era um fraquinho de merda...
Aqueles seis dias, seis meses, seis décadas com certeza não eram mais irritantes que aqueles malditos seis segundos pelo que passava toda hora.
Tempo, por que precisa funcionar assim?
Porque o egoísmo que ecoava em seus corações quando dizem que ele devia ter tentado mais sem nem sequer derramar a droga de uma lágrima com o sofrimento diário pelo que passava, mas não é um dever, porque se sentiria hipócrita, roda roda roda e roda novamente, sempre pelo mesmo motivo, sempre a mesma coisa.

Você é inferior, mãe. Por que se dizia super heroína se você é uma mortalzinha de merda?
Seu cheiro ainda vive aqui, podre e morto, mas ainda flutua debaixo dos meus pés.
Abaixo a minha cama, mamãe.
Estão meus amigos, não monstros.
Estão me chamando, para ver o céu de uma forma dolorosa, eu achei legal quando fui lá, mas deixaram claro que não estou seguro.
Por que seu coração parou de bater se eu não queria que ele o fizesse?
Só está sufocando agora pelas mentiras que me contou e que me fazem ter pesadelos hoje.
"Já ouviu falar daquela história, em que uma garotinha mentia tanto que não se reconhecia mais? Até o momento em que se engasgou". Quantas vezes me contou isso? Por que não seguiu a porra dos seus ensinamentos?

Espero que esteja engasgando como ela pelos últimos seis anos, mamãe...
Não quero te ver respirando, não quero te ver sorrindo, não quero ver seu rosto imundo nesse quadro idiota.

Pensamentos egoístas floresciam como borboletas ingênuas que flutuavam pelas paredes e o deixavam sem fôlego.

Os fios alaranjados apareciam lentamente, brilhando como dinheiro, se aproximando dos voadores, que eram, mais uma vez irreais.
O trazendo aos poucos para o literal, abrindo seus olhos.

[acorda assustado desesperadamente puxando algum oxigênio para suas narinas]

desrealização, huaze lei | hiatusWhere stories live. Discover now