Salvação e Ruína

Start from the beginning
                                    

— Por que você riu então? - Ela cruzou os braços, permanecendo com o rosto em uma careta zangada.

— Por que eu.. - Ele não sabia terminar aquela frase. O que diria a ela? Precisava tirar mais algumas dúvidas em sua cabeça. - Você ama mesmo ele. - Ela se contentou em apenas acenar com a cabeça, já havia falado demais e não queria machucar mais os sentimentos dele. - Mas também está apaixonada por mim? - Novamente, o mesmo aceno, mas dessa vez, era pela pura vergonha dela, em ter um coração tão desleal. Não precisava de Chat julgando seu errôneo coração por ser tão indeciso.

— Acho que me apaixonei por você quase pelos mesmo motivos. - Ela se forçou em levantar a cabeça e mirar suas orbes verdes, que a olhavam com expectativa. - Por ter um coração tão puro, me ajudando sem esperar nada em troca, mesmo não sendo seu dever, mesmo sabendo dos riscos. - Ela sentiu a ardência conhecida há muito em seus olhos. A culpa era toda sua por ter os nervos de uma manteiga derretida. - Por me salvar incontáveis vezes, - "Mais vezes do que você imagina gatinho" - e fazer com que eu me sinta tão segura quando estou com você.

Era dessa confirmação que Chat Noir precisava para obter a coragem que precisava agora.

Saber que alguém amava seus dois lados: o menino bonzinho e perfeito, e também o seu alter ego falho e brincalhão. Alguém que, apesar de tantas camadas de máscaras sobre os dois, conseguiu chegar em seu interior único. Alguém que enxergou seu coração.

"Não posso mais esconder meu segredo dela."

Não de Marinette, aquela que o amava por completo. E ele sabia como era a dor de ter o coração dividido, sentiu na pele, e não queria que a garota que amava sentisse essa dor também.

— Então acho que já sei o que fazer. - Ele deu um passo adiante. Um passo para perto dela, não somente no físico. - Plagg, esconder garras.

— O que??? - Marinette gritou, instintivamente levando ambas as mãos para a frente dos olhos. - Chat Noir, ficou maluco? O que está fazendo? - Ela viu, por entre os dedos, o brilho verde de sua destransformação preencher seu quarto.

"Ele perdeu o juízo?"

— Princesa, olha para mim. - Adrien percebeu o quanto Mari estava nervosa, encolhida contra a parede e tampando o rosto. Esticou a mão para tocar seus braços, em um gesto de conforto, mas ela o afastou em um movimento de ombros, ainda sem largar o rosto.

Marinette já sentiu algo diferente, a voz de Chat estava diferente fora da transformação. Mais suave, mas melódica, e desesperadamente familiar.

— Olhe para mim Mari. - Adrien tornou a dizer. Vendo a respiração se intensificar depois que falou novamente.

"A-Adrien?" - Ela reconheceria sua voz em qualquer lugar.

Temerosa e agora, não sabendo se queria que seu palpite estivesse certo ou errado, ela abaixou a primeira mão.

A segunda simplesmente caiu ao redor de seu corpo quando constatou que ele realmente estava na sua frente. E o kwami preto, já conhecido por ela, flutuando ao seu lado.

Mari voltou o olhar para o garoto, e essa troca durou alguns minutos, nenhum dos dois querendo quebrar o silêncio.

Demorou para reagir, enquanto era invadida por momentos em que esteve com ele.

Ela e ele, que eram quatro pessoas diferentes para quem olhasse de fora. Mas agora, ela sabia de toda a verdade.

A verdade dolorida que esses quatro eram na verdade dois.

Ela era Ladybug, e Adrien era Chat Noir.

"Estávamos condenados desde o início."

— Princesa...? - Se arrepiou ao ouvi-lo chamar pelo apelido que saía apenas a boca de seu alter ego.

InsôniaWhere stories live. Discover now