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Nessa Barrett

Sexto e último período. O horário mais deprimente da escola, ainda por cima com uma falta do professor. As pessoas ficam ao seu redor, causando tumultos com seus grupinhos fechados, cada um falando de outro grupo, inclusive o meu. Ou melhor, o grupo na qual chamavam de meu.

- Concorda, Barrett? - Clark indaga me observando por fim, era notável que todos da mesa riam por algo, assim como a loira à frente.

- Ah, não sei na verdade. - Conclui olhando a garota, lançando um sorriso aos demais.

Volto a observar as pessoas que me cercavam naquele refeitório - onde estavam todos de minha classe esperando o fim da "aula" - , não sei o motivo, porém odiava aquilo. Talvez pelos meus constantes "encontros" com pessoas na qual não queria - fotos, depoimentos, vídeos, elite na escola, perguntas e questionamentos a mim. - , pessoas me cercavam o tempo inteiro, de certa forma, em completo constante ao redor de minha vida.

Diante a todos ali na qual me olhavam com diferentes maneiras, como ódio, admiração e obsessão. Havia um olhar diferente. Alguém que parecia querer me desvendar com seu olhar, por mais que não pudesse, pois ele sabia daquilo. Mas apenas continuava, assim como faço o mesmo.

Ele tem tudo em suas mãos. Seus traços mostram isto. Ele mostra isso. A forma na qual conseguia passar o seu olhar se destacar no meio de todos, a maneira que agia diante aos demais, ele realmente parece ter tudo com aquele seu gênio e ego, assim como a beleza. Mas e se de fato ele não tiver o que mostra? Eu diria que talvez seja apenas um babaca, mas um babaca que conseguia minha atenção, por mais que desviasse.

- O que olha tanto? - Richards passa seu braço por cima de meu ombro. Seu olhar é direcionado em segundos para o garoto na qual observava, deixando Josh em silêncio.

- O que vão fazer hoje? - Jack questiona quebrando o gelo. - Soube que hoje terá um evento de karaokê no joe's, vai ser hilário ver as pessoas desafinando. - Disse apontando a Lauren, fazendo referência a um vídeo da garota cantando.

- Nossa que maduro. - A morena revira os olhos e faz careta ao garoto.

- Mas o que dizem? - Jack se recompõe questionando a nós. - Não vão amarelar não é mesmo? Vai ser legal. - Assegura.

- Vamos fazer as unhas. - Diz Megan as mostrando e fazendo referencia as mãos da amiga ao lado. - Mas quem sabe Lau e eu aparecemos mais tarde. - Termina, fazendo os garotos concordarem entre sí.

- E você Barrett, só falta sua resposta. - Josh afirma sorrindo e falando baixinho. - Tem que ir. - Seu tom sai como óbvio.

- Tenho uma reunião com meu pai, investidores e possíveis jogadores para o time. - Explico. - Pensei que ia também. - Revelo ao meu namorado confusa.

- Ah, eu... - Sua voz falha. - Achei que poderia faltar, sabe? - O garoto buscava algum tipo de aprovação em meus olhos confusos. - Me pai não liga, assim como eu. Você sabe. - Na verdade, eu não sabia.

- Tudo bem. - Minha voz sai fraca.

Meu celular vibra por cima da mesa, era uma chamada. Me levanto da mesa na qual estava sentada pegando minha mochila. Sigo caminho aos corredores, fixando minhas costas na longa parede do corredor vazio. Resolvo atender a chamada de vez, ouvindo a voz de meu pai ao atender.

- Hija? - Sua voz parece distante, talvez estivesse no fazendo algo - no escritório, sugiro. - Fico feliz por ter atendido na primeira chamada. - Usa ironia em suas palavras.

- Oi. - Digo liberando o ar que havia prendido, como uma reprovação a ele.

- Estou ligando para confirmar sua presença no encontro para decidir os jogadores. - Sua fala é dita junto com sons de papéis sendo empilhados na linha. - Estou organizando tudo no estágio, acho que vai adorar aqui dentro. - Ou vou ser obrigada a gostar.

- Sim pai, irei. - Minha voz sai cansada, assim como eu. Tudo que gostaria é de poder realmente falar um não diante a tudo e todos os desejos do mais velho. Porém se fizer isso sou ingrata, ou não sei reconhecer o valor de meu nome, ou quem eu e meu futuro éramos.

- Estou mandando Murray ir lhe buscar, deve chegar em minutos. - O motorista viria mais cedo?

- Como? - Questiono confusa.

- Liguei para a direção. Como assim o professor falta e não o substituem? - Questiona. - Para uma escola de elite isso chega a ser desrespeitoso. - Afirma.

- Pai, faltam vinte minutos para a saída normal, - asseguro. - além de que estava estudando com meus amigos. - Minto.

- Pode estudar quando chegar em casa. - Revida. - Nada irá lhe fazer faltar no encontro de hoje, Nessa Barrett. - Meu nome tem ênfase em sua voz. - Conheço adolescentes, vai fugir do evento saindo no horário normal com seus amiguinhos.

- Pai... - Iria revidar seu argumento, mas a outra linha se encerra. Ele havia desligado. - Droga! - Grito. Odiava quando faziam isso, ainda mais meu próprio pai.

Raiva é um sentimento na qual nos faz fazer diversas coisas e ter inúmeras ações. Bem, eu chutei uma lixeira. Mas esse não seria o ponto, e sim a câmera que havia me filmado fazer isso. Olho para cima e a vejo. - Merda! - Minhas mãos são postas sobre meu rosto.

Ando um pouco mais pegando minha mochila com força. Sento no corredor ao lado - na qual não havia ninguém - minha cabeça dói, me fazendo pegar calmantes em minha mochila e remédios para a enxaqueca.

Ao meu lado no chão havia uma máquina de doces. Me levanto se onde estava limpando minha saia, pegando dinheiro em meu casaco. Avisto a minha frente na máquina, uma garrafa de água mineral. O dinheiro é direcionado ao lugar e seleciono o que queria, fazendo a cédula entrar e a mola na qual movia os produtos empurrar para frente o que era desejado. Porém minha garrafa fica presa.

- Mais que droga! - Chuto a máquina.

- Gosta de chutar as coisas Barrett? - Uma voz meio rouca se dirige a mim.

Ele não, tudo menos ele.

Não respondo o garoto, mas o mesmo continua me olhando com as costas escoradas a parede. Me observar parecia diversão para ele. E o que eu mais odiava era ser observada, isso me deixava mal.

- Da pra parar de ficar me olhando se não for me ajudar, Hossler? - Digo irritada enquanto tentava tirar a garrafa com minha mão no lugar mais baixo.

- Bela saia, já disse a você? - Olho para trás onde o vi observando-me com um sorrisinho cínico de lado, ele realmente se diverte com isso.

- Da para parar de olhar minha bunda, garoto? - Subo meu tom. O que não esperava que o moreno viesse mais perto a mim.

- Não estava olhando para sua bunda, apenas falei sobre a saia. - Disse baixo por fim ao estar próximo a mim agachado. - Toma. - Põe em minhas mãos a garrafa que queria.

- Você é irritante. - Afirmo me levantando e colocando a mochila em minhas costas, levanto o capuz do casaco e sigo caminho saindo do corredor.

Seguro meu celular em mãos enviando uma mensagem para Josh, na qual avisava que estava de saída. Ando pelos corredores quase vazios até a saída lentamente, afinal não havia pressa, pelo menos não em minha parte.

Na parte de fora do colégio já estava a Lexus LS500h preta. Um automóvel de marca quase registrada de carros do meu pai.

- Boa tarde, senhorita Barrett. - Murray abre a porta de trás do veículo. Apenas não respondo colocando meus fones.

- Não vamos para a reunião, Murray? - Indago ao não sentir movimento algum no carro.

- Estamos esperando o senhor Hossler, senhorita. - O olho sem entender. - E pelo visto já está a caminho. - Faz um sinal com o pescoço indicando o caminho na qual vinha o garoto.

- Então, vamos? - Um sorriso dele é dado a mim com deboche.

Será um longo dia, com certeza.

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𝐋𝐀 𝐃𝐈 𝐃𝐈𝐄 ✗ 𝑱𝑿𝑫𝑵 𝑨𝑵𝑫 𝑵𝑬𝑺𝑺Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon