— Filha que bom que você veio, tenho um assunto importante para tratar com vocês durante o jantar — meu pai lembrou e eu o olhei ansiosa.

Fiquei a noite e o dia todo pensando no que poderia ser, criando mil e uma teorias e todas me levavam há uma coisa: doença. Porém, meu pai me jurou que não era isso e eu confiava nele, o que deixava tudo mais confuso e estranho.

Espero que não seja... Ah, não!

— O que foi pai? Eu fiquei agoniada desde aquela ligação.

— Já te disse que não precisava ficar assim — meu pai disse e revirei os olhos murmurando "como se eu conseguisse". — É importante, mas tudo será resolvido da melhor forma possível.

Papai sorriu para me tranquilizar e eu retribui. Confiava completamente nele, então aquilo me aliviou.

— E onde está Evelyn? Porque aquela lá só espera dar seis horas para ir usar drogas com aqueles... — me interrompi, quando ouvi a voz de Evelyn falar por cima da minha.

— Olha só se não é a filhinha preferida — soltou com deboche, enquanto descia as escadas, fazendo barulho com o salto batendo nos degraus. — Infelizmente hoje vou ter que ficar em casa e ter o desprazer de te ver puxando saco dos nossos pais há noite toda.

— Não temos filha preferida — papai disse, bufando, porque Evelyn já estava cansativa com aquele mesmo assunto de que dos três, eu era a preferida.

— Não tenho culpa se respeito nossos pais e não saio por aí feito uma louca drogada. Então eles não precisam ficar chamando minha atenção e me tratando como se tivesse cinco anos — bati o pé, cruzando os braços.

A loira me olhou e continuou sorrindo com deboche, o que ela adorava fazer era sempre debochar de tudo e de todos e aqui me irritava, tanto quanto nossos pais. Os olhos de Evelyn era verdes assim como os meus e éramos bastante parecidas fisicamente.

— Ser uma patricinha chata agora é respeitar os pais — revirou os olhos com tédio e assenti. — Prefiro continuar como estou mesmo.

— Como se você trabalhasse para ter alguma coisa né — eu retruquei, indignada que Evelyn só sabia falar de mim, mas não se olhava no espelho.

— Meninas! — minha mãe passou a mão no rosto, exausta.

Era sempre assim quando estava em casa, Evelyn e eu brigávamos feito cão e gato. As vezes acho cansativo, as vezes não, Evelyn merece ser surrada dia e noite.

— Como você é chata e careta, Emily — bateu a língua nos dentes, dizendo meu nome de forma provocativa. — Não faz nada há não ser ir ao shopping. Não bebe, não fuma e não... Fode.

Abri a boca abismada, assim como os meus pais, pelas coisas que a minha querida irmã falava. Que ironia!

— Você... Você não sabe nada sobre a minha vida! — disse apertando as unhas contra a palma da mão.

— Ainda bem, irmãzinha — debochou e saiu andando, me deixando indignada para trás.

— Ela é tão idiota! — resmunguei.

— Deixa sua irmã para lá e vai tomar um banho que o jantar logo será servido — mamãe disse e eu assenti, passando por eles.

Subi as escadas e passei pelo extenso corredor, sentindo o cheiro de flores que minha mãe tanto amava. Ela sempre fazia questão de que a casa, ou pelo menos esse corredor tivesse esse cheiro. Mamãe ama flores e acho que puxei ela porque eu também gosto bastante, mas infelizmente Bruce até hoje não me deu um buquê sequer.

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