Entrei, liguei a luz da sala, demorando um pouco para me acostumar com a claridade. O silêncio me deixava mais angustiada a cada degrau que eu subia. Ela deve estar dormindo. Eu pensei, na esperança de que fosse verdade. Ela não estava no nosso quarto, nem no quarto dela. Chequei meu celular e também não tinha mensagens, outro fato estranho. Ela não gostava de me deixar preocupada.

As flores caíram das minhas mãos assim que liguei a luz do meu quarto e notei as portas do guarda-roupas abertas. As roupas dela não estavam lá, nem a mala. Entrei em desespero. Respirei fundo algumas vezes até meu coração recuperar o ritmo, mas meu desespero só piorava. Onde ela estava?

– Juliette? Juliette? Se você está brincando, é uma brincadeira de muito mau gosto! - eu gritava esperando que ela fosse sair de algum lugar e me assustar. Não aconteceu.

Perdi as contas de quantas vezes liguei e mandei mensagens, liguei para Camilla, Arthur e ligaria para os pais dela se soubesse o número. Sentei no último degrau da escada, palco da nossa briga antes de eu sair para a empresa. Nossa última briga? Meu estômago revirou com a possibilidade de aquela ter sido nossa última briga.

– Por favor me ajude a encontrar a Juliette. Por favor...

– Sarah, calma! Onde você está? Em casa? Estou indo até aí.

Minutos depois ouvi um carro estacionando, era Karine. Talvez Juliette a atendesse, talvez contasse a ela porque estava me ignorando.

– Ela não atende. Mas calma, ela pode ter ido até a casa da Camilla.

– Com todas as roupas dela Karine? Ela foi embora. Ela foi... - joguei o celular na parede e chorei. – O que eu fiz? - ela me olhava com uma expressão de pânico, nunca tinha me visto assim, mas eu não tinha nada a esconder mais. Aquela era eu, totalmente dependente de alguém que não estava mais lá. Aquela era eu, sem a mulher que tinha transformado o vazio que eu era por dentro em um lugar cheio de amor. Aquela era eu, perdida.

– Pode ir. Vou ficar bem.- menti, só queria ficar sozinha. Não, não queria, a ideia de estar sozinha naquela casa me fazia chorar ainda mais.

– Sarah... Não acho que seja uma boa ideia te deixar sozinha.

– Eu ficarei bem. - forcei um sorriso, ainda sabia fingir muito bem a pose de 'nada pode me atingir' que sustentei por anos.

– Okay. Vou estar com meu celular o tempo todo, se ela ligar te aviso, se precisar me ligue. Okay? Okay Sarah? - eu assenti e ela saiu. Peguei a chave e tranquei a porta. O medo tomou conta do meu corpo a partir do momento em que parei e fitei aquela casa enorme e... vazia. Era engraçado o quanto Juliette preenchia o ambiente, ela era uma só mas parecia várias.

Sentei debaixo da escada, era o lugar onde eu me sentia mais protegida ali, desde criança, quando algo acontecia eu corria e me escondia, meu esconderijo secreto que de secreto não tinha nada. Liguei de novo. De novo. Outra vez. E nada.

Traga a antiga Sarah de volta. Quando se tornou essa idiota?

Eu repetia a mim mesma tentando me convencer de que meu peito não estava queimando. Perdi a batalha e deitei no chão, com o celular do meu lado usando todas as forças para pedir que ele tocasse, ou que ela apenas mandasse uma mensagem dizendo que estava bem, dizendo que me amava e que eu não tinha a perdido. Disquei mais uma vez o número e dessa vez ela atendeu, sentei rapidamente mas não sabia o que dizer.

– JULIETTE! Onde você está? Por favor. Não faça isso comigo! - minha voz saía com dificuldade devido ao choro.

– Sarah. Eu estou bem. - ela tinha a voz calma. Como ela podia estar calma? Enquanto eu estava prestes a ter um ataque de nervos?

Amor Por Contrato | Sariette Where stories live. Discover now