Ao chegarmos no Aeroporto — isso depois de viajarmos cinco dias de navio —, Louise não parava de falar

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Ao chegarmos no Aeroporto — isso depois de viajarmos cinco dias de navio —, Louise não parava de falar. "O vestido de vossa está torrrto" (ela estendia o "R" quando falava), "Vossa alteza querrr que eu trrraga um pouco de chá?", "Está um dia lindo, não acha, vossa Alteza?", "Vossa Alteza me perrrmite irrr ao banheirrro?".

— Não sou eu quem permite as coisas por aqui, Loulou — Dei-lhe um sorriso amargo —, afinal você é a babá. — Dei-lhe as costas e fui em direção à cafeteria. Ainda teríamos que esperar por uma hora para decolar.

Mamãe insistiu que eu usufruísse do jatinho particular da família, mas privilégios de princesa era tudo o que eu não queria para essa viagem, portanto, ali estava eu na fila do café, como uma garota "normal", se é que alguém nesse mundo poderia se classificar dessa forma.

Eu estava pegando o meu cartão de débito na minha carteira, dentro da minha bolsa, quando o deixei escapar e ele caiu naquele chão cinza. Não pude deixar de sentir nojo ao pensar em quantas pessoas haviam pisado ali com seus sapatos imundos — já que eu estava acostumada com meus aposentos sendo limpos três vezes ao dia —, mas mesmo assim, abaixei-me para pegar o cartão.

Ao me levantar, não vi mais nada, foi tudo muito rápido. Quando me dei conta, eu estava tomando um banho de cafeína em meu vestido branquíssimo da Chanel.

Ai, meu Deus! Moça... eu... me desculpa... — Deu uma risadinha contida como se estivesse achando graça de me ver ensopada. — Eu não te vi e...

O que tem de engraçado nisso, hein?! — Finalmente olhei para o dono da voz, era um rapaz que aparentava ter um pouco mais de vinte anos, cabelos escuros, levemente ondulados, pele bronzeada de quem acabara de passar uns dias na praia, bem alto e com os ombros largos, mas o pior era o seu sorriso, nada condizente com o desastre que fizera em meu tubinho comprado especialmente para aquela viagem.

— Não... eu não achei... não teve graça, eu só... — Tirou um lencinho do bolso e fez menção de me ajudar a secar aquela sujeira respingada pelos meus braços.

Não encosta em mim! — falei me afastando. — Você não tem permissão de se aproximar da pr... de mim... de minha pessoa, garota normal.

— Não muito normal — Franziu o cenho. — E grosseira também. Eu só queria ajud...

Ajudar?! — Dei uma gargalhada carregada de sarcasmo — Como você pode ver, já ajudou muuito! — Apontei para o meu vestido ex-branco que agora era uma confusão melequenta.

— Podia ser pior, podia estar quente, mas, por sua sorte, hoje, escolhi um descafeinado gelado. — Piscou com deboche.

— Escuta aqui, seu plebeu... quer dizer... seu não-aristocrata... não... quer dizer... seu humano desprezível...

Não Muito PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora