Limoeiro Atrás do Muro

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Ontem eu surtei
Tentei fazer uma besteira
Eu não quero sua atenção
Só quero assassinar todas as feiras.

Na rotina a despedida
Na mediocridade da vida
Não me chame mais
Porque não, eu não vou olhar pra trás
Não me grite mais
Porque não, eu não vou voltar atrás.

Ninguém vai me ver como eu quero
Se eu não sair desse inferno
Sou número um e não número zero
Não existe mal que seja mal eterno.

Cresceu um limoeiro
Por trás de um muro de tijolos
E todo dia, o tempo inteiro
As pessoas passam e metem os olhos.

Os limões mais bonitos no alto
Os podres caídos em baixo
Quem plantou não vem buscar
Mas os da rua querem pegar.

Não sou só o azedo no seu paladar
Não sou apenas motivo de careta
Vou derrubar os tijolos e me transportar
Me espremer para me tornar o suco da vida fresca.

Número Zero
Eterno mal, eterno elo
Número Zero
Destruindo todo o concreto.

Infernos Internos • POEMASWhere stories live. Discover now