O Baile

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Dia do baile de aniversário de Beatriz.

Catarina podia jurar que estava tão ansiosa para este dia quanto a própria aniversariante. Podia tentar se enganar dizendo que era porque era um dia importante para sua prima, porque tinha ajudado toda aquela noite a dar certo, a não faltar nada aos convidados e na decoração... Mas sabia que, no fundo, toda essa ansiedade era apenas porque iria vê-lo novamente.

Haviam trocado alguns bilhetes rápidos e se encontrado algumas vezes durante as semanas que se passaram, no lago da divisa das terras, o lugar deles, para preparem tudo para hoje. Catarina nunca se sentira tão bem quanto nos dias que passavam a tarde inteira juntos. Da última vez, voltara para casa com um sorriso tão grande no rosto que sua mãe estranhou e ela precisou desconversar.

Os bilhetes serviam para marcar algum encontro ou enviar pensamentos aleatórios que habitavam a mente de ambos e os deixavam com a necessidade de partilhar tais situações um com o outro. Catarina guardou todos em uma caixa debaixo da cama.

Conversar com o senhor Castro a deixava mais leve, mais tranquila, sentindo que podia ser ela mesma sem qualquer amarra que a prendia na frente de outras pessoas. Ele não a julgava e ela sabia que ele se sentia da mesma forma quando estava junto dela.

Numa tentativa – falha – de tentar mudar o rumo de seus pensamentos, ela começou a se arrumar para o baile, escolhendo um vestido branco rendado, com a cintura marcada por um cinto preto. Decidiu deixar os cabelos negros meio preso meio solto com cachos bem formulados, o que contrastava também com seus olhos de ébano. Salpicou um pouco de rouge nas bochechas e nos lábios, garantindo que ambos estivessem rosados o suficiente para lhe dar uma aparência de saúde e estava pronta.

Ao chegar ao baile, os olhos da jovem brilharam de tanto encantamento. Parecia um sonho, com todas as luzinhas criando um clima intimista, do jeito que Beatriz adorava. Estava perdida observando todo o lugar e seus convidados e não reparou no olhar que lhe acompanhava.

Antônio perdeu todo o fôlego ao vê-la parecendo uma princesa. Não conseguia tirar os olhos dela, era completamente natural a forma como eles acompanhavam todos os seus movimentos. Ela ainda não o tinha visto, e ele se aproveitou desse pequeno descuido para guardar cada detalhe dela para si.

A senhorita Albuquerque ocupava todos os seus pensamentos nas últimas semanas e ele não sabia mais o que fazer para afastá-la da sua mente. Trocaram bilhetes, os quais ele guardou em seu armário, e as tardes que passaram juntos eram os momentos que ele mais esperava na semana.

Ele sabia que estava se metendo numa encrenca das grandes, mas não podia, ou queria, evitar.

Finalmente, seus olhares se encontraram e ele sentiu seu mundo inteiro se alinhar quando ela lhe lançou um sorriso gigante, que iluminava seus olhos e irradiava o mundo ao seu redor. Antônio não pôde evitar sorrir de volta e se aproximou dela:

- A senhorita caprichou na decoração desta festa. – Ele comentou. – E está muito bonita, também.

- Bem, obrigada. O senhor também não está nada mal. – Ela o encarou, ainda sorrindo. – Deixo o mérito da decoração para Beatriz, mas agradeço em nome dela.

- Ainda não a vi.

- Ela ainda não desceu. – Informou a jovem. – Daqui a pouco ela fará sua grande entrada.

- Será uma grande entrada? – Perguntou, curioso.

- Ora, mas é claro. Do jeito que ela gosta.

Ela soltou uma gargalhada contida, aquecendo o coração dele mais um pouco. Então, ambos lembraram que estavam ali por um motivo e que precisavam colocar os planos em prática.

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