Assim que cheguei na casa dos meus pais, fui até o escritório do meu pai, com a certeza de que ele estaria lá.

Certo disto, eu abri a porta devagar o vendo de terno e o velho whisky importado nas mãos. Mais sério do que nunca e com a postura rígida de sempre.

Mesmo me vendo entrar ele não esboçou uma reação ou proferiu nenhuma palavra sequer, e conhecendo a peça como eu conheço, ele estava esperando que eu o fizesse.

- Pai.

Ele não respondeu, então decidi continuar mesmo assim.

– Acredito que deva saber o porque eu estou aqui.

Des demorou alguns instantes para emitir alguma resposta.

– O que eu sei é que não é tão tolo ao ponto de vir me dizer o que eu acho que quer me dizer.

– Eu não vou mais me casar. - disse de uma vez.

Seu copo bateu com força na mesa cobreada. Pude sentir a sua ira.

– Você não tem escolha moleque. Isso não é você quem decide. - suas falas ríspidas conseguiram me irritar, por me ordenar como se eu fosse um nada, alguém impassível de escolhas.

– Eu não quero e não vou me casar. Eu não gosto dela e não vou passar a minha vida ao lado de quem eu não gosto.

– Desde quando você ficou tão estupido Harry? - ele questionou dando uma risada amarga. – Eu não me importo se você gosta dela ou não, isso é problema seu. Eu me importo com a empresa, e você não vai me tirar os bilhões de lucros que a sociedade com o Robert vai me trazer. Ele quer casar a filha com um herdeiro legítimo da alta sociedade e eu quero a metade das ações dele. E você não vai estragar isso.

– Você só pensa em dinheiro. Você e Robert, que praticamente vendeu a própria filha em troca dessa merda de parceria. - assim que eu percebi a maneira com a qual eu falei, hesitei um pouco. Eu nunca tinha contrariado Des na vida.

– Você não pode ser meu filho! - ele gritou chegando cada vez mais perto de mim e apontando o dedo no meu rosto. – É um fraco! Não tem ambição nenhuma, é um burro.

Engoli em seco, cada uma daquelas palavras pareciam cortantes e afiadas. Tudo o que eu sempre temi que meu pai me achasse, ele estava ali na minha frente jogando na minha cara.

Vesti minha melhor carranca e continuei fingindo que aquela rejeição não me doía.

– Eu não vou casar pai, pode continuar me humilhando da forma que preferir.

– Se é tão bom assim, está pronto para sair da empresa? Porque você ainda não a assumiu, legalmente é minha e eu a tiro de você a hora que eu quiser. - tentava se controlar como se estivesse esperando o momento certo para bater na minha cara. – Pronto para que eu tire seu nome da minha herança, para que eu te desonre na sociedade Nova Iorquina? Porque é isso que vai acontecer Edward, se você me desobedecer.

– O senhor esquece que durante todos esses anos eu tenho minhas economias, te garanto que não são poucas, posso viver muito bem a vida toda. Sem sequer me esforçar. - rebati.

– Eu nunca mais te terei na minha casa como filho, você pra mim é uma vergonha.

A gota d'água.

Trust Me || L.SWhere stories live. Discover now