My Mother's Eyes

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O sangue escorre entre os degraus da escada. Meu sangue.  É difícil respirar por causa dos chutes, talvez tenha perfurado o pulmão, é difícil saber. O meu corpo está cheio de hematomas.

Três caras apareceram de repente.

Um deles estava armado e o outro carregava um pé de cabra. Sabia porque eles tinham vindo e então corri o mais rápido que consegui. Até despistei eles, mas eles me encurralaram.

-Qual é gente ?-o suor descia frio.- Como tá o chefe ?

-Bem, ele tá meio triste, sabe ?- disse o da arma-  parece que alguém roubou 2 mil  das vendas.

-Sério?!  Espero que vocês peguem esse desgrasado- eles começaram a se aproximar.- se quiserem eu ajudo vocês a acharem ele.

Silêncio.

Eles continuaram a se aproximar.

—Então gente, eu amei o papo mas tenho que ir- tentei passar mas eles não deixaram.

O do pé de cabra tira uma pulseira  do bolso. Olhei para meu pulso desesperado procurando a pulseira que eu nunca tinha tirado nos últimos 20 anos.

-Isso foi achado onde o dinheiro foi roubado, onde apenas duas pessoas tem acesso. - engoli seco- E isso é tão brega que só poderia ser seu.

-Olha, que tal assim ? Vocês não falam nada e eu devolvo tudo que peguei,- procurei a carteira do bolso - o dinheiro não tá todo aqui, mas eu juro que eu consigo- eles continuam  a se aproximar- que tal vocês pegarem um pouco e não falaram nada e depois eu devolveu.

Eles estavam a um metro de mim agora,80 centímetro,60 centímetro e 30 centímetro. Eu estava encurralado pela parede. O da arma  me deu um soco na cara, que me fez cair. E como uma pinhata todos começaram a me chutar. E como um grande saco de lixo fiquei encolhido e gritando de dor. Quando pararam um alívio me emergiu, só que eles não pretendiam parar só com os chutes. Foi então que entendi o porque trazer um pé de cabra, um minuto de pura agonia.

As pernas quebradas me distraíram de talvez um pulmão perfurado e algumas costelas dissaleradas no mínimo.

Eles me deixaram para morrer, morrer sozinho. Não que eu merecesse muito. Segundo, todos eu sou um vagabundo que merecia queimar. Acho que eles estão certos afinal.Todos me odeiam. Eu só causei mal pra todos.

A pulseira refletiu na luz solar.

Menos, ela. Minha mãe é a única que nunca me odiou.  Mesmo eu dando vários motivos para isso. Eu acho que tenho sido o diabo desde o dia que nasci.

Mas mesmo assim você me amava, como? Eu não merecia isso.

Eu roubei você, para comprar uma merda de um chiclete ! Como eu fui tal idiota ? Todo mundo me olhou com desprezo, mas você sorriu e disse que queria me mostrar uma coisa. Invés de colocar de castigo ou bater como os pais normais, você me ensinou a fazer uma pulseira e disse:

-ta vendo os dois pingentes? Esses são nós dois e as tiras representam a confiança,amor e lar que temos um ao outro. 

Você sempre sorriu para mim, não importava o que eu fizesse…

Você estava tão feliz em Madrid porque eu tinha passado no ensino médio e não sido expulso.Até papai estava sorrindo. Porém, dois amigos me observavam. E como pra impressionar eles eu os abandonei, ficando a noite fora em um país diferente. Você ligou para saber se eu estava bem, mas meus amigos viram e me chamaram de bebê. Então eu gritei que te odiava. Fui impulsivo e magoei. E quando a gente pegou o voo de volta minha mala estava pronta e você não falou nada sobre a noite anterior além de dizer das belezas de Madri.

Mesmo quando eu tentei te orgulhar...Tinha conseguido uma entrevista de emprego em outro estado. Eu queria concertar a vida por você, já nessa época todos olhavam com reprovação para mim. Mas quando eu não consegui a resposta desapareci  por três dias e você me ligava todo dia para saber se estava bem. Eu nunca nem respondi as mensagens.  Quando voltei, meu prato favorito estava na mesa…

Culpei meu estresse, culpei tudo e a todos, mas aquilo não tinha desculpas. Não com você que sempre viu uma parte boa em mim, que sempre me amou mesmo quando eu me odiava. Queria ter seus olhos… Talvez  assim eu poderia ter resolvido minha vida e te orgulhado.

Fui embora de casa e abandonei tudo. Fugir, apenas fugir porque não queria desapontar todos. Fui um covarde. um puta de um covarde.

E então depois de todos  aqueles anos, veio a ligação. Você estava doente, muito doente. Queria que eu fosse me despedir e eu disse que estava muito ocupado, pura mentira. Estava no fundo do poço e não queria que me visse assim.

Fiquei com tanta vergonha que me escondi no fundo no seu funeral… seu rosto estava tão pálido.Queria ter ficado mais, te devia isso, mas meu pai me viu e me deu um tapa. Como eu queria que ele tivesse batido mais, porém preferiu as palavras. Casa letra era uma facada de culpa e  novamente fugir.

Eu te abandonei  quando mais precisou… E agora estou sozinho. Ninguém se importa comigo.

Aperto a pulseira com mais força para prescindir do que virá. Fechei meus olhos tão fortes que senti que poderia quebrá-los.

-Você ainda tem- isso não era possível! Como?- Lembra do que eu te falei quando fizemos isso?

-Mãe…- era ela que estava ali! Era ela, ́ só podia ser ela- Me… Por...Favor…

-Lar, confiança e…

-...Me ...Perdoa… Eu … fui...um…Idiota completo com você!

- ..E amor.- ela chegou mais perto e tocou no meu rosto.

Eu não merecia ela, mas como queria. Não importa se eu passar a eternidade pedindo desculpas, não será o suficiente.

-Todos cometemos erros- E sorriu como se uma criança pequena tentasse roubar um doce antes do parabéns.

As cores da MúsicaOnde histórias criam vida. Descubra agora