CAPÍTULO 6 • arrependimentos

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Kennedy_______________________________________

Após sair com raiva do apartamento do colega, conseguiu fazer com que as lágrimas parassem de insistir em sair. Aquele com certeza tinha sido um dia muito difícil. Não se relacionava com ninguém já tinha meses, e sabia no que aquilo daria.

Se conhecia, e sabia que não precisaria de mais do que alguns dias de conversa com uma pessoa para se apaixonar. Com as meninas, Kennedy suspeitava que não levava muito jeito. Sempre se apaixonava pela amiga mais próxima, ou então, por uma garota que simplesmente tinha chamado sua atenção, sem nem precisar beijá-la para estar "certo" dos seus sentimentos. Mas alí tinha sido diferente, não era uma garota qualquer do colégio que ele estaria apaixonado em um mês e no outro não lembraria nem seu nome. Era um cara. E tinha acabado de beijá-lo.

— Kennedy... Como assim "a fim de mim"? — Emilly perguntou desconfortável, colocando as mãos de cima da mesa para seu colo. — Tá falando sério?
— Por que não estaria? É sério sim! — o menino falou com o sorriso se desmanchando. — Por quê? Tem algo de errado?
— Ah... Você sabe que eu só te vejo como um amigo, né? — ela falou quando outra garota se aproxima, desviando a atenção dos dois.
— Emilly, vem aqui, o pessoal do D já fez a prova da 4ª aula, a gente vai pegar as respostas com eles! — a garota falou sorrindo, e então Emilly se levantou e foi atrás dela.

Depois daquilo, tudo tinha mudado. Não só na amizade dos dois, mas para Kennedy, tudo tinha mudado. Tinha entendido o quanto era ingênuo em achar que era forte. Chorava noites e noites por conta disso. Sentia-se firme, capaz de viver aqueles sentimentos eufóricos com alguém, mas rejeições atrás de rejeições só lhe provavam o contrário. Acreditava que nunca encontraria alguém que o enxergasse da mesma forma, acreditava que sempre seria aquele amigo que ninguém lembra de convidar pra sair, aquele que todo mundo pede conselho mas nunca perguntam se está tudo bem, aquele que fica sobrando quando o professor pede trabalho em grupo, aquele que anda mais atrás na calçada quando não tem espaço. Acreditava que sempre seria esse cara. Odiava se apaixonar. Odiava sentir que se humilharia daquele jeito novamente (porque se conhecia, e sabia que aconteceria). Odiava se sentir daquele jeito de novo, sentir que era rejeitado, que não servia para a pessoa. Aquele sentimento de ciúme que surgia do nada quando via a pessoa conversando com outras e não poder dizer nada, porque afinal não passavam de meros amigos, por mais que Kennedy quisesse dizer que não. Era horrível se sentir incapaz de fazer alguém se apaixonar. Só queria sentir que alguém seria capaz de amá-lo, só queria sentir que alguém se importava com ele de verdade. Só queria poder sentir a sensação de ficar com alguém que também sentisse aquilo por ele, era pedir muito?

Assim que ele e o irmão entraram no Uber, ele resolveu mandar uma mensagem para o garoto.

"Eu não sei como vc está se sentindo, mas será que dá pra esquecer isso?" Kennedy

"esquecer isso? ta falando do beijo?" Adryan

"sim. só me promete que você não vai contar isso pra ngm. NUNCA. e que vai fingir que não aconteceu" Kennedy

"fingir que não aconteceu?" Adryan

"sim" kennedy

"tudo bem. me desculpa. não quero entender as coisas erradas" Adryan

Depois disso, Kennedy não respondeu mais.

Aquilo doía, e não era pouco. Kennedy queria tanto poder cuidar daquele garoto, conhecê-lo melhor... queria poder saber mais dele, e queria se entender mais.

Estava questionando sua sexualidade naquele momento. Nunca tinha se relacionado romanticamente com um homem, mas tinha gostado do que fez. Gostou de sentir aquela conexão durante o beijo com o garoto, mesmo que tivesse durado poucos segundos. Gostou de sentir o cabelo fino do menino em suas mãos, gostou da conversa que tinham tido. Queria saber mais sobre seu passado e queria que ele o conhecesse, mas claramente não era recíproco.

Adryan não tinha se esforçado nem para retribuir as perguntas para se conhecerem, não tinha dito 1 palavra sequer depois "daquilo". Ele tinha se arrependido, e era melhor Kennedy não ficar pensando naquilo para não se frustrar ainda mais.

Estava decidido. Iria conhecer e se relacionar socialmente com todas as pessoas da sala, e assim, esquecer um pouco aquele Adryan que tinha se mostrado frágil e com medo, o Adryan que tinha beijado.

Insecurity | Adryan & KennedyWo Geschichten leben. Entdecke jetzt