Adryan___________________________________
Adryan escuta um barulho na porta. Sua mãe tinha chegado.
Se levantou da cama e foi para a sala, para terem finalmente a conversa sobre quinta-feira.— Seu pai saiu? — ela perguntou entrando e colocando a bolsa em cima do sofá.
— Sim, foi no mercado. Disse que ia comprar arroz, óleo e cebola, eu acho. Pra janta.
— Ele deveria ter me ligado! Aí eu já passava no mercado e pegava! — ela falou indo para o banheiro lavar as mãos. — Hoje o dia foi corrido. Fizeram um pedido pra amanhã. 150 salgadinhos. Da pra acreditar? E nós já temos mais 5 pra amanhã! — ela falou estressada, enquanto lavava as mãos.
— As vantagens de trabalhar em uma panificadora! — Adryan falou em um tom irônico, rindo.A mãe do garoto então foi para a sala e pegou sua bolsa, indo para o quarto.
— Mãe... — Adryan falou se aproximando, na porta do quarto.
— Fala logo que eu estou indo tomar banho — ela guardou a própria bolsa e então ficou olhando para o filho, com a mão na cintura, esperando ele dizer de uma vez o que queria.
— Sobre o menino que chamei pra vir aqui na quinta... — Adryan começou a falar, tentando já formular argumentos irrefutáveis para convencer sua mãe.
— Ainda não desistiu disso? Achei que esqueceria isso até eu chegar... — a mãe do garoto falou querendo rir. — Por que quer tanto que ele venha aqui? Você nem conhece ele ainda, não sei não...
— Eu prometi ajudar ele com uma dublagem e ele prometeu me ajudar com um trabalho de artes. Por favor, eu tenho que fazer amigos nessa escola também! — Adryan cruzou os braços, quase que reclamando.
— E por que está bravo por isso? Tá, o menino pode vir, mas fala pro seu pai deixar alguma coisa pra vocês comerem. E você não pode fazer outros amigos? — ela falava sorrindo, segurando a risada.
— Não — Adryan falou ranzinza. — Todo mundo já me odeia.
— Como que eles te odeiam se nem te conhecem ainda? — ela falou rindo.
— Ah, mãe... Eu não sei! Só sei que me odeiam! — Adryan falou se irritando. — Eu ainda não tomei banho.
— Bom, então não vai tomar agora. — ela falou pegando sua toalha e indo para o banheiro. — Você não vai querer tomar banho agora, né? Você fica a tarde inteira sem fazer nada nesse computador e espera eu chegar cansada do meu serviço pra vir dizer que vai tomar banho? Me poupa, né! — ela falou alto, irritada, entrando no banheiro e fechando a porta.Adryan revirou os olhos rindo, se direcionando para a cozinha. Nem tinha dito que queria tomar banho naquele instante, só comentou que não tinha tomado, e aquilo foi o suficiente para a sua mãe dizer tudo aquilo e se irritar.
Ouviu um barulho na porta. Seu pai tinha chegado.
— Eai, sua mãe já chegou? — ele perguntou entrando. — Eu trouxe óleo, cebola e arroz.
— Chegou. Tá tomando banho — o garoto falou enchendo um copo com água. — O que vai ter de janta hoje?
— Arroz, filé de frango frito, salada de alface com tomate e refogado de abobrinha — o pai do garoto falou colocando as compras na pia.
— Ela deixou meu amigo vir aqui na quinta — Adryan falou e então bebeu toda a água do copo de uma vez.
— Mesmo? — ele perguntou surpreso, sorrindo.
— É. Nós não vamos bagunçar, a gente só vai fazer logo esse trabalho pra não ficar acumulando.
— Tá, eu vou fazer algo no almoço pra vocês comerem a tarde — o pai do garoto falou pegando uma panela e colocando óleo.O garoto voltou para o quarto, e se sentou na cama. Ficou pensando e relembrando dos acontecimentos ruins. Relembrando, mais especificamente, como tinha sido com ela.
— Sophia, eu não posso aceitar isso! Por favor, fala que você tá zoando comigo... — o garoto falava com o coração acelerado, andando de um lado para o outro.
— Zoando o que, Adryan? Eu fiz muito de te contar ainda! É um sentimento pessoal, só te contei por consideração, e você reagir dessa forma só prova que... — ela falou se sentando em um banco próximo, fazendo sinal para que ele se sentasse também.
— Certo, a minha resposta é não! Eu não quero isso! — Adryan falou a olhando nervoso, com os braços cruzados.
— Resposta? Eu não estou te pedindo, estou te avisando. E se você como meu namorado não consegue enxergar o quanto isso é importante pra eu descobrir quem eu sou, então claramente tem algo errado no nosso relacionamento — ela colocou as mãos pra trás no banco, se apoiando, com um sorriso debochado.
— Me avisando? Sophia, você não vai fazer eu me sentir culpado por não querer que você me traia — ele então se sentou ao lado dela.
— Ai, Adryan... Para de ser mente fechada! Não é traição, eu só vou experimentar pra me entender e descobrir do que eu gosto! Ela é minha melhor amiga, o que tem de errado nisso?
— Nada, inclusive eu super te apoiaria, se você não estivesse namorando! Você não podia ter "experimentado" antes de namorar comigo?
— Eu não posso fazer nada, eu sempre fiquei pensando nisso, e agora não consigo mais segurar. Tenho que ficar com uma menina pra ver se eu gosto — ela cruzou os braços, insistente.
— Mas... Não consegue mais segurar? Está sentindo tanto desejo assim? — o garoto perguntou, com dificuldade para olhá-la nos olhos sem derramar alguma lágrima, mais triste do que jamais tinha se sentido.
— Estou. E é melhor você não interferir. Fica tranquilo, é só com ela — ela falou, colocando a mão no ombro do namorado.
— Você está se sentindo atraída por outra pessoa. Por uma garota. Pela sua melhor amiga — Adryan tentava entender, olhando para as pequenas folhas que as formiguinhas carregavam até a entrada de seu formigueiro.
— Ah, Adryan... Não faça tempestade em um copo d'água — a garota revirou os olhos, cansada.
— Eu não sirvo mais pra você? Você não precisa ficar com ninguém, eu achei que só eu já fosse o suficiente... — o garoto falou com os olhos marejados.
— Não, Adryan. Não é o suficiente. Eu quero ficar com uma menina. Não tem nada de errado com você, eu só quero uma garota. Eu vou. Vou ficar com ela e depois te digo — a garota falou suspirando aliviada.
— Não. Não precisa me dizer — ele falou olhando pra frente. — A partir de agora, você não me deve mais satisfações — ele então se levantou.
— Adryan, o que pensa que está fazendo? — ela se levantou, sem entender.
— Não entendeu ainda? — ele forçou um riso irônico. — Está solteira. Não perca seu tempo com alguém que não é o suficiente pra você.
— Adryan, para com isso! Eu amo você! — ela falou segurando a mão dele, desesperada.
— Não zombe de mim assim! E nem pense em me procurar. Eu não quero mais olhar pra sua cara. Nosso relacionamento não é saudável. Eu não quero ficar com alguém e me tornar dependente dessa pessoa! Eu quero ser feliz sendo quem eu sou e quero que a pessoa me ame por eu ser eu, e quero ser o suficiente pra essa pessoa, quero ser único, e com você isso claramente não acontece.
— Está terminando comigo por isso? Porque quero saber se gosto de meninas...
— Sim, mas não só por isso. Você não quer só descobrir se gosta de meninas, quer ficar com outra pessoa. E isso é só a ponta do iceberg, nosso relacionamento já está desgastado. Não iríamos dar certo de qualquer forma — Adryan falou virando as costas e andando.
— Você nunca vai achar alguém que te ame como eu amei você um dia. Nunca vai amar alguém como me amou — ela falou com lágrimas nos olhos, parada ainda em frente ao banco em que estavam, na praça da cidade.
— Eu sinceramente espero que você esteja certa! — Adryan falou ainda de costas, rindo irônico.Assim que Adryan dobrou a esquina, deixou as lágrimas escorrerem. Aquilo doía, doía demais. Nunca tinha chegado nem perto de sentir aquilo por alguém, e agora teria que engolir todo aquele sentimento a seco, porque aquele relacionamento estava longe de ser algo saudável. Adryan sabia que tinha que ser uma pessoa feliz, no mínimo. E aquilo nunca aconteceria com aquela garota ao seu lado, por mais que lhe doesse admitir.
— Filho? Não me ouviu chamar? — a mãe do garoto entra no quarto ascendendo a luz. — A janta está pronta. Seu pai fez frango...
— Ah, desculpa, eu não ouvi — Adryan falou limpando uma lágrima que escorreu sem querer.
— O que foi? Me conta o que aconteceu... — ela falou preocupada. — É sobre ela ainda?
— Eu só tava lembrando de quando a gente terminou. Acho que foi a melhor decisão que já tomei na vida — Adryan falou rindo, tentando se convencer do que estava afirmando.
— Pode apostar que sim! Ela não te merecia — a mãe do garoto falou lhe dando um abraço, fazendo carinho no cabelo do filho. — Vem, o frango do seu pai vai te animar! — ela falou sorrindo. — Não fica relembrando das coisas ruins.
— Tá... Vamos comer, vai me animar — ele falou e então se levantaram. - tenho que ser bombado! - ele falou rindo da própria piada.Kennedy_________________________________________
— Mãe, eu vou quinta-feira na casa de um amigo da minha sala fazer um trabalho, tá? 17:00. — o garoto falou enquanto colocava a comida no prato.
— E seu irmão? Sabe que o Carlos trabalha amanhã. E eu vou receber um cliente amanhã. Não posso deixar mais eles virem pegar os ovos de qualquer jeito, sempre acabam quebrando e isso traz muito prejuízo — a mãe do menino falou colocando arroz no prato para o filho menor. — Vai levar ele com você.
— Mãe, é a primeira vez que eu vejo o menino, a gente vai fazer trabalho na casa dele. Não posso levar o Rafa! — Kennedy falou indignado. — Ele é muito agitado, vai bagunçar toda a casa do meu amigo!
— Se ele fizer isso você briga com ele! — a mãe do garoto disse como se fosse óbvio. — Ou você leva ele, ou fica aqui pra cuidar dele.
— Tá... Eu levo ele... — o menino aceitou, sem mais saída. — Mas se ele começar a fazer bagunça e a atrapalhar eu vou brigar com ele na frente do meu amigo!
— Tô nem aí! — o irmãozinho falou emburrado, sentado à mesa.
— Tá, vamos parar de discutir e jantar — o padrasto do garoto falou esperando para pegar a comida também.Continua...
ВИ ЧИТАЄТЕ
Insecurity | Adryan & Kennedy
Підліткова літератураMedos, inseguranças, dores e insatisfações. Tudo isso fazia parte da vida dos dois garotos. Incompletos, infelizes. Mas não por muito tempo. Basta estarem na companhia um do outro para se sentirem em casa, para sentirem finalmente, a paz. Ligados pe...