CAPÍTULO 2 - condição

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Adryan___________________________________

Adryan escuta um barulho na porta. Sua mãe tinha chegado.
Se levantou da cama e foi para a sala, para terem finalmente a conversa sobre quinta-feira.

— Seu pai saiu? — ela perguntou entrando e colocando a bolsa em cima do sofá.
— Sim, foi no mercado. Disse que ia comprar arroz, óleo e cebola, eu acho. Pra janta.
— Ele deveria ter me ligado! Aí eu já passava no mercado e pegava! — ela falou indo para o banheiro lavar as mãos. — Hoje o dia foi corrido. Fizeram um pedido pra amanhã. 150 salgadinhos. Da pra acreditar? E nós já temos mais 5 pra amanhã! — ela falou estressada, enquanto lavava as mãos.
— As vantagens de trabalhar em uma panificadora! — Adryan falou em um tom irônico, rindo.

A mãe do garoto então foi para a sala e pegou sua bolsa, indo para o quarto.

— Mãe... — Adryan falou se aproximando, na porta do quarto.
— Fala logo que eu estou indo tomar banho — ela guardou a própria bolsa e então ficou olhando para o filho, com a mão na cintura, esperando ele dizer de uma vez o que queria.
— Sobre o menino que chamei pra vir aqui na quinta... — Adryan começou a falar, tentando já formular argumentos irrefutáveis para convencer sua mãe.
— Ainda não desistiu disso? Achei que esqueceria isso até eu chegar... — a mãe do garoto falou querendo rir. — Por que quer tanto que ele venha aqui? Você nem conhece ele ainda, não sei não...
— Eu prometi ajudar ele com uma dublagem e ele prometeu me ajudar com um trabalho de artes. Por favor, eu tenho que fazer amigos nessa escola também! — Adryan cruzou os braços, quase que reclamando.
— E por que está bravo por isso? Tá, o menino pode vir, mas fala pro seu pai deixar alguma coisa pra vocês comerem. E você não pode fazer outros amigos? — ela falava sorrindo, segurando a risada.
— Não — Adryan falou ranzinza. — Todo mundo já me odeia.
— Como que eles te odeiam se nem te conhecem ainda? — ela falou rindo.
— Ah, mãe... Eu não sei! Só sei que me odeiam! — Adryan falou se irritando. — Eu ainda não tomei banho.
— Bom, então não vai tomar agora. — ela falou pegando sua toalha e indo para o banheiro. — Você não vai querer tomar banho agora, né? Você fica a tarde inteira sem fazer nada nesse computador e espera eu chegar cansada do meu serviço pra vir dizer que vai tomar banho? Me poupa, né! — ela falou alto, irritada, entrando no banheiro e fechando a porta.

Adryan revirou os olhos rindo, se direcionando para a cozinha. Nem tinha dito que queria tomar banho naquele instante, só comentou que não tinha tomado, e aquilo foi o suficiente para a sua mãe dizer tudo aquilo e se irritar.

Ouviu um barulho na porta. Seu pai tinha chegado.

— Eai, sua mãe já chegou? — ele perguntou entrando. — Eu trouxe óleo, cebola e arroz.
— Chegou. Tá tomando banho — o garoto falou enchendo um copo com água. — O que vai ter de janta hoje?
— Arroz, filé de frango frito, salada de alface com tomate e refogado de abobrinha — o pai do garoto falou colocando as compras na pia.
— Ela deixou meu amigo vir aqui na quinta — Adryan falou e então bebeu toda a água do copo de uma vez.
— Mesmo? — ele perguntou surpreso, sorrindo.
— É. Nós não vamos bagunçar, a gente só vai fazer logo esse trabalho pra não ficar acumulando.
— Tá, eu vou fazer algo no almoço pra vocês comerem a tarde — o pai do garoto falou pegando uma panela e colocando óleo.

O garoto voltou para o quarto, e se sentou na cama. Ficou pensando e relembrando dos acontecimentos ruins. Relembrando, mais especificamente, como tinha sido com ela.

— Sophia, eu não posso aceitar isso! Por favor, fala que você tá zoando comigo... — o garoto falava com o coração acelerado, andando de um lado para o outro.
— Zoando o que, Adryan? Eu fiz muito de te contar ainda! É um sentimento pessoal, só te contei por consideração, e você reagir dessa forma só prova que... — ela falou se sentando em um banco próximo, fazendo sinal para que ele se sentasse também.
— Certo, a minha resposta é não! Eu não quero isso! — Adryan falou a olhando nervoso, com os braços cruzados.
— Resposta? Eu não estou te pedindo, estou te avisando. E se você como meu namorado não consegue enxergar o quanto isso é importante pra eu descobrir quem eu sou, então claramente tem algo errado no nosso relacionamento — ela colocou as mãos pra trás no banco, se apoiando, com um sorriso debochado.
— Me avisando? Sophia, você não vai fazer eu me sentir culpado por não querer que você me traia — ele então se sentou ao lado dela.
— Ai, Adryan... Para de ser mente fechada! Não é traição, eu só vou experimentar pra me entender e descobrir do que eu gosto! Ela é minha melhor amiga, o que tem de errado nisso?
— Nada, inclusive eu super te apoiaria, se você não estivesse namorando! Você não podia ter "experimentado" antes de namorar comigo?
— Eu não posso fazer nada, eu sempre fiquei pensando nisso, e agora não consigo mais segurar. Tenho que ficar com uma menina pra ver se eu gosto — ela cruzou os braços, insistente.
— Mas... Não consegue mais segurar? Está sentindo tanto desejo assim? — o garoto perguntou, com dificuldade para olhá-la nos olhos sem derramar alguma lágrima, mais triste do que jamais tinha se sentido.
— Estou. E é melhor você não interferir. Fica tranquilo, é só com ela — ela falou, colocando a mão no ombro do namorado.
— Você está se sentindo atraída por outra pessoa. Por uma garota. Pela sua melhor amiga — Adryan tentava entender, olhando para as pequenas folhas que as formiguinhas carregavam até a entrada de seu formigueiro.
— Ah, Adryan... Não faça tempestade em um copo d'água — a garota revirou os olhos, cansada.
— Eu não sirvo mais pra você? Você não precisa ficar com ninguém, eu achei que só eu já fosse o suficiente... — o garoto falou com os olhos marejados.
— Não, Adryan. Não é o suficiente. Eu quero ficar com uma menina. Não tem nada de errado com você, eu só quero uma garota. Eu vou. Vou ficar com ela e depois te digo — a garota falou suspirando aliviada.
— Não. Não precisa me dizer — ele falou olhando pra frente. — A partir de agora, você não me deve mais satisfações — ele então se levantou.
— Adryan, o que pensa que está fazendo? — ela se levantou, sem entender.
— Não entendeu ainda? — ele forçou um riso irônico. — Está solteira. Não perca seu tempo com alguém que não é o suficiente pra você.
— Adryan, para com isso! Eu amo você! — ela falou segurando a mão dele, desesperada.
— Não zombe de mim assim! E nem pense em me procurar. Eu não quero mais olhar pra sua cara. Nosso relacionamento não é saudável. Eu não quero ficar com alguém e me tornar dependente dessa pessoa! Eu quero ser feliz sendo quem eu sou e quero que a pessoa me ame por eu ser eu, e quero ser o suficiente pra essa pessoa, quero ser único, e com você isso claramente não acontece.
— Está terminando comigo por isso? Porque quero saber se gosto de meninas...
— Sim, mas não só por isso. Você não quer só descobrir se gosta de meninas, quer ficar com outra pessoa. E isso é só a ponta do iceberg, nosso relacionamento já está desgastado. Não iríamos dar certo de qualquer forma — Adryan falou virando as costas e andando.
— Você nunca vai achar alguém que te ame como eu amei você um dia. Nunca vai amar alguém como me amou — ela falou com lágrimas nos olhos, parada ainda em frente ao banco em que estavam, na praça da cidade.
— Eu sinceramente espero que você esteja certa! — Adryan falou ainda de costas, rindo irônico.

Assim que Adryan dobrou a esquina, deixou as lágrimas escorrerem. Aquilo doía, doía demais. Nunca tinha chegado nem perto de sentir aquilo por alguém, e agora teria que engolir todo aquele sentimento a seco, porque aquele relacionamento estava longe de ser algo saudável. Adryan sabia que tinha que ser uma pessoa feliz, no mínimo. E aquilo nunca aconteceria com aquela garota ao seu lado, por mais que lhe doesse admitir.

— Filho? Não me ouviu chamar? — a mãe do garoto entra no quarto ascendendo a luz. — A janta está pronta. Seu pai fez frango...
— Ah, desculpa, eu não ouvi — Adryan falou limpando uma lágrima que escorreu sem querer.
— O que foi? Me conta o que aconteceu... — ela falou preocupada. — É sobre ela ainda?
— Eu só tava lembrando de quando a gente terminou. Acho que foi a melhor decisão que já tomei na vida — Adryan falou rindo, tentando se convencer do que estava afirmando.
— Pode apostar que sim! Ela não te merecia — a mãe do garoto falou lhe dando um abraço, fazendo carinho no cabelo do filho. — Vem, o frango do seu pai vai te animar! — ela falou sorrindo. — Não fica relembrando das coisas ruins.
— Tá... Vamos comer, vai me animar — ele falou e então se levantaram. - tenho que ser bombado! - ele falou rindo da própria piada.

Kennedy_________________________________________

— Mãe, eu vou quinta-feira na casa de um amigo da minha sala fazer um trabalho, tá? 17:00. — o garoto falou enquanto colocava a comida no prato.
— E seu irmão? Sabe que o Carlos trabalha amanhã. E eu vou receber um cliente amanhã. Não posso deixar mais eles virem pegar os ovos de qualquer jeito, sempre acabam quebrando e isso traz muito prejuízo — a mãe do menino falou colocando arroz no prato para o filho menor. — Vai levar ele com você.
— Mãe, é a primeira vez que eu vejo o menino, a gente vai fazer trabalho na casa dele. Não posso levar o Rafa! — Kennedy falou indignado. — Ele é muito agitado, vai bagunçar toda a casa do meu amigo!
— Se ele fizer isso você briga com ele! — a mãe do garoto disse como se fosse óbvio. — Ou você leva ele, ou fica aqui pra cuidar dele.
— Tá... Eu levo ele... — o menino aceitou, sem mais saída. — Mas se ele começar a fazer bagunça e a atrapalhar eu vou brigar com ele na frente do meu amigo!
— Tô nem aí! — o irmãozinho falou emburrado, sentado à mesa.
— Tá, vamos parar de discutir e jantar — o padrasto do garoto falou esperando para pegar a comida também.

Continua...

Insecurity | Adryan & KennedyWhere stories live. Discover now