2- Um Dia Normal com o Parks

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- Se você tirar uma foto, vai durar mais.- ela diz rindo e quase me faz engasgar com o suco que eu tomava.- Embora eu não seja muito fotogênica.- ela sorriu tímida e encolheu um pouco os ombros. "Se você não for fotogênica, eu devo sair como filhote de cruz credo misturado com deus me livre", pensei. E se eu tirasse uma foto, mandaria para uma revista de modelo e ganharia uma grana.

- Não sei do que você está falando.- desviei o olhar para meu hambúrguer.- E você é muito linda.- ela cora um pouco.- Sério, Afrodite foi lá e te benzeu cinco vezes.

- V-Você também é bonita.- a voz dela é calma e divertida, eu gosto da voz dela, tem uma boa harmonia, que de alguma forma me acalma. A calmaria para minha tempestade. - Então, sua amiga não vai vir hoje?

- Hã?- Porra Hope, se concentra por dois segundos!- Ah, pelo visto não. Aquela piranha me abandonou, depois o quarto dela pega fogo e não sabe porquê.

- Eu ouvi algumas coisas sobre você essa semana, você é considera doida e imprevisível.- quem quer que tenha dito isso para ela, errado não está.

- E você acredita no que as pessoas falam de mim?

- É unânime que você é doida e sem noção, mas quero as minhas próprias conclusões.- o sorriso que ela me deu foi enigmático, acabei me perdendo no pensamento de decifrá-lo. Que sorriso bonito, deveria ser proibido! Bonita, inteligente e enigmática, puta merda estou ferrada.

- Você é pra ficar ou pra casar?- Soltei do nada. O QUE EU ACABEI DE FALAR?! Helen corou tanto que seu rosto ficou muito vermelho. Me dei um tspa mental.- Quer dizer, eu com certeza ficaria com você.- Isso não melhorou porra nenhuma! Eu sei que não sou sutil, mas não quero que ela fuja, não sem antes eu poder dar uns pegas nela! Ok, perdi o foco. Foco, força e fé.

- Hope, p-para de falar essas c-coisas...- falou ainda mais envergonhada.

- Eu já deixei minhas intenções bem claras, você não deveria se surpreender tanto assim.- ela esboça um sorriso sem graça e desvia o olhar. Sorriso perfeito... Foco, força e fé! Foco, força e fé, Park!- Você é legal, é inteligente e muito atraente, não sou a culpada da história.- seu sorriso muda ao ouvir os elogios. Tenho que segurar com força na mesa para não cair da cadeira, ela tem que parar distribuir tiros como se fosse um simples "bom dia". Foco, força e fé? Não mesmo. É fode, forte e fundo. Céus, eu com certeza faria isso se a tivesse na minha cama! Alá, estou perdendo o foco de novo.

- Você é engraçada, Hope. Deveria ser comediante.- eu deveria ser sua namorada, isso sim. Pera que? Não! Nada de namoro! Só piranhagem!- Eu tenho que ir falar com o diretor sobre umas coisas, te vejo na aula.

(Dia seguinte)

- Sai da frente, cacete. Tá achando que é transparente?- falo empurrando Mel para o lado.- Não atrapalha a vista.

- Bitch, eu sou a vista!- ela fala me empurrando de volta. Aí a falta de maturidade bateu forte e, como as duas idiotas que somos, começamos a nos empurrar até que eu caí do banco direto de bunda no chão.- Otária.

Me levantei meio que pulando em cima dela e nós duas paramos no chão. Me sentei em sua cintura e comecei e lhe dar uns tapas bem merecidos. Quem ela acha que é? Vai ver só!

- Vagabunda, cachorra, vaca, vadia. Nunca mais me derrube! Senão passo sua cara no asfalto.

- Se você não parar, vou te tacar da cobertura de um prédio.- rebateu Mel tentando me bater.

- Ok, as duas, chega.- Gale disse enquanto me tirava de cima da Mel com facilidade. Claro, afinal ele deve levantar alteres com o dobro do meu peso na academia.- Em vez de só observar a "paisagem", vai lá e fala com ela.- Olha o viado me dando dica de como conquistar uma garota. Mas se bem que não tem problema.

- Tá.- Gale me solta, e eu ando até a Helen, tendo certeza que ela viu a cena de segundos antes. Ela estava sentada sozinha, normal para quem é novata, afinal só temos 10 dias de aula. Me sento do outro lado da mesa.- Oi, Helen.

- Oi, Hope. Você se machucou da queda?- ela me olha realmente preocupada. Tão inocente, ai ai. Vou adorar despurificá-la.

- Que nada. Sou resistente demais. Minha mãe deu ré em mim uma vez e eu mal tive um arranhão. Enfim, lesbi honest, vim te chamar para fazer parte do meu grupo de desnaturadas.- aponto para as minhas amigas e irmão, que estavam... fazendo competição de quem acerta o amendoim na boca da outra?- Mas já aviso, a doidera não é só de vez em quando. O garoto de cabelo preto e olho verde é o meu irmão, Gale, que é o viado do grupo que topa qualquer confusão. A garota de cabelos e olhos castanhos é a Mel Ryos, que é a retardada burra do grupo. Diana Callow é a de cabelos pretos, a sapatão sensata do grupo. E Cass Kain é a loira retardada inteligente do grupo. E tem eu, a totalmente sem noção. E também todo mundo é gay ou bi, então pode negar se não quiser se misturar. Mas falo que você que sai perdendo.

- As pessoas tem direito de amar quem elas quiserem, não acho que a sexualidade deva definir quem você é.- Segura meu poodle, eu vou beijar essa garota agora mesmo.

- Mas você sabe que se andar com a gente, o povo vai falar.

- Nunca pensei muito sobre o que eu gosto ou não, ou melhor, de quem eu gosto ou não. Nunca tive interesse por garotos nem garotas. E sinceramente não ligo muito para o que falam de mim. Adoraria virar sua amiga.- Amigas com benefícios, né amada, eu não acharia ruim.- E só tenho alguns dias na cidade, seria bom já ter amigos.

- Ótimo! Esteja preparada para tudo. Ei, viadas!- grito em direção ao grupo.- Vem para cá!

....

Chego em casa bem na hora do jantar. Assim que entro na sala, vejo Gale acabando de colocar os pratos em cima da mesa. Ele avisa que nossa mãe iria chegar muito tarde hoje, por isso comeríamos sozinhos. Nossa mãe é procuradora, então é bem comum que seu trabalho exija muito de seu tempo, já estamos acostumados. Meu pai era advogafo também, mas não trabalhava o mesmo tanto e tinha mais tempo para nós. Quando ele morreu, achei que a casa ficaria mais vazia, porém minha mãe passou a se esforçar mais para estar presente e sempre tinha algum tio ou primo vindo aqui. Com seis tios e dez primos não tem como se sentir sozinhos, muito menos triste. Especialmente quando a doidera e a falta de noção é tão genético quanto nossos olhos verdes.

Também tem minhas amigas sem noção que brotam aqui do nada. Na maioria das vezes é a Mel, ela tem até um quarto só para ela aqui. Minha mãe costuma falar que ela é a terceira filha, mas como nenhum deus ou força do universo teria coragem de por nós três como irmãos, ficou decidido que ela seria só minha melhor amiga. Não é irmã de sangue, mas se precisar do meu... vai morrer porque nosso sangue não é compatível. Se bem que eu faço as macumbas brabas e ela volta.

- Só tem mais uma mandioca.- falou Gale, me tirando dos pensamentos. Nós olhamos para a tijela, depois nos entreolhamos.

- DIBS!- berramos juntos.

Como se fosse combinado, nós dois levantamos ao mesmo tempo e apontamos o garfo um para o outro. Num segundo estávamos em pé, só na base da ameaça, no outro estávamos rolando no chão porque eu comi quase toda a mandioca e ele roubou o pedaço final e comeu. Nem sei como chegamos do outro lado da cozinha e como alguns hematomas apareceram em meu corpo, também nem vi quando dei uma cotovelada no rosto dele e fiz seu olho ficar inchado.

Depois de alguns minutos nessa confusão, nós desistimos de brigar. Ficamos no chão mesmo, recuperando nosso fôlego. Gale olhou para mim e bastou dois segundos para começarmos a rir igual idiotas. Ele diz que o garfo está cravado no meu braço e eu respondo dizendo que o outro está na cabela dele. Isso só nos fez rir mais alto. Rimos até fazer nossas barrigas e bochechas doerem.

- Temos que ir para o hospital, ne?- perguntou.

- Sim.- E foi só mais um jantar normal na residência dos Park.

Estão gostando da história? Espero que sim!
Até mais, bjs bjs

Acabando com a Inocência Où les histoires vivent. Découvrez maintenant