HOPE Point of View
(10 anos atrás)
Bati na porta do apartamento de Diana, pouco me importando se estava tarde. Quem abre a porta é a mãe dela, tia Mei, que ao ver meu rosto totalmente pálido e impassível, nem perguntou nada, só disse para que eu entrasse. Fui direto para o quarto da minha amiga, abri a porta sem bater, ela levou um baita susto.
Antes que brigasse comigo, estendi o pote de tinta para ela e resmunguei um "você ganhou", antes de cair de qualquer jeito na cama, com o rosto enfiado no travesseiro. Diana entendeu tudo sem precisar de maiores explicações. Eu estou surtando tanto que nem consigo expressar meu surto. O beijo foi bom, muito bom. Puta merda, eu dava um rim por outro beijo. Solto um grunido alto contra o travesseiro, saiu como se eu tivesse morrendo. Gay panic mata? Acho que não, porque senão eu estaria morta a muito tempo. Mas imagina que merda: "Ela morreu de que?" "Ah, de gay panic".
Helen deve estar pensando em como eu roubei o primeiro beijo dela. Das outras vezes foram selinhos, isso dá para relevar, mas o primeiro beijo? Ela nunca mais vai olhar na minha cara. Se bem que foi ela que começou... mas ela só juntou nossas bocas, quem inicou o beijo foi eu. Posso me tacar daqui? Dez andares com certeza vão matar. Eu beijei um anjo com essa minha boca suja de piranhagem, eu vou direto para o inferno!
- Alô, Gale? Acho que sua irmã está morrendo. Ela está com a cara enfiada no travessiro e não se move. Sim, claro que eu verifiquei se ela está respirando. Parece que ela e a Helen se beijaram, porque ela chegou aqui com o pote de tinta e falou que eu ganhei. A aposta, besta. Você e Mel apostaram em um mês, Hope em dois e eu em três. Essa semana dá três meses que Helen está aqui, ou seja, eu ganhei. Tá bom. Tchau.
Ainda bem que amanhã é sábado e eu não vou ter que encontrar com Helen, não estou preparada mentalmente para isso. Ai, ai, que merda eu fiz?
(Três dias depois)
Quando aqueles olhos azuis me encararam, eu tive que dar meia volta e correr para o outro lado. Eu corri o máximo que pude, mas aí do nada Gale apareceu e me carregou como um saco de batatas até a minha sala. Depois Diana me arrastou até meu lugar e me obrigou a ficar. Olhei para Helen, que sorriu pequeno para mim, tive um pânico e pensei em sair correndo de novo, mas só virei o rosto para frente e "prestei muita atenção" na aula.
Na hora do almoço eu consegui fugir por um tempo, mas logo veio meu irmão me arrastar de novo. Hoje nós comemos na arquibancada, só porque deu vontade. Me mantive o mais afastada possível de Helen, porque toda vez que ela chegava mais perto de mim, eu tinha um troço e queria correr. Eu tentava prestar atenção no que eles falavam, mas não consigo. Acho que eles estão falando sobre a aposta e que cor iriam usar, agora eu pouco me importo.
Durante as aulas da tarde eu também evitei Helen ao máximo, trocando poucas e necessárias palavras. Até mesmo quando todos nós fomos no Granny's tomar milkshake, eu fiquei em silêncio e tentei evitar sequer olhar para ela. Eu me sinto péssima, roubei algo que muito provavelmente era importante para ela. Eu sei que falei que iria desvirtuá-la, mas isso não quer dizer que queria estragar algo importante. Agora percebo como minha ideia inicial de ter sexo com ela era absurda demais, até para mim.
- Hope.- quando voltei aos meus pensamento, noto que Helen havia trocado de lugar com Mel.- Posso falar com você? Lá fora.- É, acho que não tem mais como fugir.
- Claro.- fui atrás dela até a parte de fora da lanchonete. Quando ficamos mais afastadas e sem ninguém por peeto, Helen começou a chorar. Socorro, não chora. O que eu faço?- Helen, o que foi?!
- P-Por que você e-está me ignorando?- suas lágrimas começaram a cair ainda mais rápido.- Estou triste... porque v-você não sorriu nenhuma vez para mim hoje.
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Acabando com a Inocência
Fanfiction- Essa história é sobre como eu vou direto de escorregador para o inferno por ter tirado a inocência de um anjo. - O que você está fazendo? - Quebrando a quarta parede, Helen. - Hope, não!
