Capítulo 20

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    Não conseguiria explicar os muitos sentimentos que me assolavam, mesmo que tentasse

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    Não conseguiria explicar os muitos sentimentos que me assolavam, mesmo que tentasse. Era a primeira vez que tais sensações despertavam em mim e por alguém que, durante muito tempo esquecera o nome. Desde aquele ocorrido no hospital, venho pensado muito mais nela do que o normal. Em duas semanas, faltado dois dias para o Halloween, pude conhecê-la melhor e suportá-la também. Consequentemente, minha mente somente girava em torno dela.

    No dia anterior passamos a tarde juntos, estudando e depois sugeri que fossemos assistir um filme - por incrível que pareça - e ficamos no sofá até adormecermos ali. Estava feliz, tão feliz que parecia que nada daquilo era real. Ela dormia calmamente, com a cabeça encostada no meu ombro, e com os braços em volta da minha cintura.

    No dia seguinte, íamos para a escola, de mãos dadas. Ela falava de assuntos aleatórios, enquanto perdia-me em seus olhos.

O que aconteceu com aquele Gabriel frio e antipático?

    Gostaria de saber. Mesmo que fosse algo bom, tinha um mau pressentimento, afinal, nada na minha vida que fosse bom demorava por muito tempo.

— Então, Gabe, vamos para o baile de Halloween? — Amanda perguntou, com um olhar esperançoso.

    Eu não iria negar, baile de Halloween estava fora dos meus planos para o final de semana. Se bem que, eu nunca tinha planos para o fim de semana.

    Se fosse para escolher, escolheria ficar no meu quarto, ouvindo alguma música, ou lendo algum livro. Ainda mais quando a segunda opção teria muito barulho e pessoas que me desinteressavam. Bem, nem todas. Queria poder convidá-la para passar uma tarde comigo, mas não seria burro a esse ponto. A Amanda nunca trocaria uma noite de festa por um momento comigo.

— Não sei... sabes que não sou dessas coisas.

— Ah, por favor. Será divertido! — Afirmou, colocando seus braços no ar. — Se não quiseres ficar mais, voltaremos para casa. Combinado?

    Como lhe poderia dizer não? Aquele olhar que tanto mexia comigo nos últimos dias, contagiava-me.

    Acabei aceitando o convite, deixando-a muito feliz, mesmo não querendo. Talvez ver o sorriso dela valesse mais do que ficar trancado no quarto.

Talvez isso seja mudar. Talvez isso é ser "normal".

    Andar com os amigos, sair à noite, fazer malandrices e deixar seus pais com os cabelos em pé. Se bem que, eu já deixava minha mãe com esse sentimento.

    Ter alguém para amar. Uma companheira, cúmplice e amiga. Quem poderia ser essa pessoa? Seria aquela que ali estava ou seria outra?

    Sentir-se completo estava longe da minha realidade. Será que alguém "comum" se sente completo com o que este mundo oferece? Não sabia. Nunca experimentara e nem sabia ao certo se queria, mas estava cansado de viver assim. Buracos cada vez maiores, apego a um passado que me enche de culpa, mente amargurada.

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