• capítulo 2 •

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•Madison: Não precisa, eu já ouvi e percebi o que aconteceu...

•Joanne: Meu anjo, eu tentei que eles não arquivassem mas...

•Madison: Não se preocupa tia, a culpa não foi sua... aliás, não foi de nenhum de vocês, foi daquele... bem, o melhor é não pensar mais nisso e viver a vida com as coisas boas!!

Sorri para eles e minha tia me abraçou. Eles sabiam que apesar de eu mostrar meu lado guerreiro e forte, eu não estava bem.

•Joanne: É isso Madi!!

Meu tio também se juntou ao abraço.

•Tom: Juntos para sempre!! Vai ficar tudo bem...

Subi as escadas e fui para o meu quarto. Tomei um banho quente e vesti uma roupa confortável.

Esse assunto é muito delicado para mim pois foram e são tempos dolorosos e só quem viveu sabe... quando eu tinha 14 anos, minha mãe morreu... ela ficou doente e rapidamente chegou ao seu fim... foram tempos muito complicados porque eu conseguia ver o seu sofrimento e como ela o tentava esconder em cada sorriso que dava sempre que eu estava por perto. Sempre desejei poder tirar aquela dor dela, mas sabia que a qualquer momento podia ser o seu fim. E assim foi...

Quando recebi a notícia, estava aqui em casa dos meus tios com Avani e ligaram para minha tia do hospital. Eu senti que ia morrer junto com ela naquele momento. Chorei até não poder mais, as lágrimas escorriam sem rumo e eu sentia elas queimando meu rosto. Avani não saiu um segundo do meu lado, nem ela nem meus tios... e uma das pessoas que deveria estar do meu lado naquele momento, foi a única que nem chegou perto de mim... o meu pai.

Antes de minha mãe ficar doente, eu nos considerava a "família perfeita", sempre juntos, sempre rindo, sempre sendo felizes, viajando... Nos primeiros 3 dias em que minha mãe estava no hospital, meu pai passava o dia todo fora de casa bebendo e chegava a casa bêbedo e de madrugada, quando eu tentava falar com ele, ele gritava comigo e eu acabava sempre por passar a noite chorando no meu quarto, quando eu falei para os meus tios o que estava acontecendo, minha tia disse para eu dormir em casa deles. E assim foi durante 3 semanas, até que minha mãe faleceu.

O velório foi 2 dias depois e meu pai não foi, estava muita gente, amigos da minha mãe, colegas de trabalho, família... todos diziam sempre as mesmas coisas "Vai ficar tudo bem", "Ela era uma pessoa incrível", "Eu sinto muito", "Seja forte"... mas na verdade era porque não sabiam o que dizer para uma adolescente de 14 anos que tinha acabado de perder a mãe e o pai nem estava presente.

Quando meus tios meu levaram para minha casa, ela estava vazia e silenciosa. Quando entrei no quarto do meu pai, as gavetas e o armário estavam sem roupa e a mala de viagem tinha desaparecido. Logo cheguei à conclusão que ele me tinha abandonado em pleno dia de velório da minha mãe. Foi doloroso. Meu coração se partiu completamente e chorei muito. Lembro de chegar até a desmaiar por estar a chorar muito, por estar cansada, por me sentir vazia... foi triste. A partir desse dia, criei uma raiva, tristeza e ódio por ele. Ele não visitou a própria mulher no hospital, chegava a casa bêbedo e gritava com a filha, não esteve ao lado da filha quando ela soube da morte da sua mãe, não foi ao velório da mulher, abandonou a filha nesse mesmo dia e nunca a procurou em 3 anos.

Meus tios ficaram comigo e eu passei a morar com eles desde então. Eles decidiram fazer queixa do meu pai por ter abandonado uma menor de 14 anos e durante estes 3 anos eu fui mais vezes ao tribunal do que gostaria. A última vez que fui foi o mês passado. O caso ainda estava aberto porque a polícia estava a trabalhar para encontrar o meu pai, mas acho que passados 3 anos de absolutamente nada, o caso é arquivado. E foi exatamente isso que aconteceu...

Minha tia tem 30 anos e meu tio tem 33. Minha tia é aquela tia que você esquece que é sua tia porque olha para ela como uma melhor amiga e irmã. Ela sempre foi muito festeira, muito de boa com eu beber e eu já ter transado com vários garotos, ama festas com a família onde animação é o que não falta, a sua adolescência foi uma loucura entre muitas viagens com amigos e com meu tio, baladas, bares, histórias engraçadas, aventuras, vários trabalhos de verão, suas paixões de verão... meu tio é o equilíbrio. Ele sempre alinhava em todas as loucuras da minha tia mas é uma pessoa mais caseira e de familia.

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