Capítulo 1

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P.O.V Kyara

Acordei às 05:30 da manhã de uma segunda-feira, estava animada por conta da escola. Depois de quase um mês de férias finalmente eu teria aulas de novo, já não aguentava mais ficar nesse lugar infernal (cujo o nome é casa).
Fiz todas as coisas que eu sempre fazia antes de ir pra escola. Tomei banho, me arrumei, tomei café, escovei os dentes e fui pra escola. Eu sempre saía de casa às 07:20, pois minha escola era meio longe e eu entrava as 08:00.

–Oiii gente!– falei assim que encontrei meus amigos na frente da escola.

–Cara, como tu consegue acordar cedo e ter todo esse teu bom humor?– Perguntou a Maria com uma cara de morta. Na verdade todos do grupo estavam com praticamente a mesma cara.

–Ai gente, vocês são muito preguiçosos, euem.– falei revirando os olhos.

–Vocês não sabem o que o meu pai falou pra mim hoje.– Flávio chegou todo animado. Flávio é o filho do diretor do colégio.

–O que?– perguntou Ana que até agora estava calada.

–Ele disse que hoje vai chegar uma aluna nova, uma tal de Lexa.– Flávio falou.
Fiquei surpresa ao saber da novidade. A menina tinha coragem de entrar no meio do ano em uma escola nova.

–A mina tem coragem viu... entrar em um escola nova no meio do ano, é difícil.– Rafael falou. Parecia que tinha lido meus pensamentos.

–Realmente.– concordei. Logo bateu o sinal e a gente entrou para as nossas salas. Eu e o Flávio no 2°D, Ana e a Maria no 2°A, e o Rafael "sozinho" no 2°C

–Seu pai falou de que sala a menina nova é?– perguntei pro Flávio quando nós sentamos nos nossos lugares.

–Eu não lembro o número, só lembro que ela é do 2° ano também.– assim que ele falou o professor entrou na sala.

–Hum.– falei por fim.

Deu o horário do intervalo e quando nós chegamos no pátio, só se ouvia o povo falando da aluna nova.
"Qual será o nome dela?", "Será que ela é legal?" era esse o tipo de coisa que todos comentavam.

–Gente, eu acho que a menina faltou.– Rafael comentou quando eu e o Flávio nos sentamos na mesa.

–Meu pai amado, a menina nem chegou e já virou o centro das atenções.– falei bufando e revirando os olhos.

–Pode parar. Eu sei que você tá doidinha pra ver se a menina é bonita e se ela pega menina também.– Maria falou com um sorrisinho malicioso. Eu realmente estava ansiosa pra conhecer a menina nova.

–Ai, pior que tô mesmo.– falei fazendo o pessoal da mesa rir.

O dia passou super rápido, e logo deu a hora de ir pra casa. A escola pra mim é um refúgio, eu não suportava mais a minha casa.

–Tchau gente, tô indo pra casa. Beijos, amo vocês.– dei um beijo em cada um deles e voltei andando pra casa.

Quem me vê na escola com um sorriso estampado na cara não sabe o que eu passo. Muito gente fala que eu sou metida e mimada antes mesmo de me conhecer, mas ninguém sabe a realidade do meu dia a dia.
O meu grupo é "popular" na escola, nós conversamos com todos. Nunca tivemos nenhum tipo de briga com ninguém, sempre nos damos bem com todos.

Como ainda estava cedo resolvi ir para a pracinha perto da minha casa. Lá era um lugar super calmo, um lugar bem familiar. Eu via os pais com os filhos e achava isso tão lindo. Eu nunca tive meus pais presentes, pra falar a verdade eu quase não tive contato com o meu pai. Ele deixou a minha mãe quando eu era bem novinha, e ela nunca superou ele. Ela vive atrás de outros homens pra ver se consegue suprir a falta do meu pai, e quem paga o pato sou eu. Esse cara com que a minha mãe tá agora é um nojento, escroto. Ela vê as coisas que ele faz e não fala absolutamente nada.

Não estava prestando atenção no caminho, e quando percebi tinha praticamente sido atropelada por um skate. Olhei pra pessoa que tinha me "atropelado" e vi que era uma menina linda, muito linda.
Eu sabia que estava errada, então logo tratei de me levantar e tentar ajudar.

–Meu deus, moça você está bem?– perguntei dando a minha mão pra ajudar ela a se levantar.

–Você não olha por onde anda não?– perguntou fingindo que não tinha visto a minha mão. O que tem de linda tem de mal educada.

–Se acalma. Foi você que não estava prestando atenção! – respondi grossa.

–Acho que na real nenhuma das duas estava prestando atenção.– falou passando a mão na nuca, percebi que ela ficou meio envergonhada pelo modo como falou comigo. Eu tinha que concordar com ela
–Desculpa por ter sido grossa com você.–  Se desculpou.

–Tudo bem.– falei e dei as costas pra ela. Eu poderia ter sido mais educada? Sim, poderia, só que ela foi muito grossa comigo.

Continuei andando até chegar no carrinho de sorvete do seu Carlos.

–Oi seu Carlos, como o senhor está?– perguntei sorrindo.

–Eu tô bem minha filha, e você?– perguntou.

–Eu tô bem também, só tô com um pouco de dor nas costas.

–O que aconteceu? Ele vez aquilo de novo?– ele perguntou preocupado. Ele é uma das poucas pessoas que sabe do que acontece comigo dentro de casa.

–Não foi isso não.– soltei um riso sem graça. –Foi uma menina que quase me atropelou com um skate.– falei revirando os olhos.

–Será que foi a menina bonita que passou por aqui?– deu uma pausa. –era uma menina branquinha, de olhos azuis e cabelo bem preto?– perguntou.

–Isso, ela mesmo. Além dela ter esbarrado em mim, foi super mal educada.– falei fazendo bico.

–Comigo ela foi super educada.– falou.

Fiquei junto com ele até 18:00 o horário que ele ia pra casa dele.

Cheguei em casa 18:30, vi que não tinha ninguém em casa e aproveitei pra comer e ir direto pro meu quarto. Quando deu 21:00 eu fui dormir.
Acordei de madrugada com o barulho da minha mãe e o marido dela. Era isso quase todas as noites, quando não era com a minha mãe, era com outra mulher... Sim, minha mãe aceitava ser traída dentro da própria casa.

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Deixa a estrelinha pra tia🥺

I Wanna Be Yours | Eu Quero Ser SuaWhere stories live. Discover now