Todas as coisas mudam, assim como as pessoas

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Wangji acordou lentamente, abrindo os olhos com calma e se dando tempo para emergir das profundas horas de sono. A primeira coisa que notou foi um peso leve sobre seu peito, que logo percebeu se tratar de Sizhui.

Não permitia que Sizhui dormisse na sua cama porque não queria que aquilo se tornasse um hábito. Ele já era grandinho e tinha seu próprio quarto, e era bom que tivesse suas noções sobre privacidade desde jovem. Naquele dia, porém, Wangji deixou-o exatamente onde estava, fazendo um carinho preguiçoso no corpinho sobre o seu enquanto deixava sua mente ir recuperando os acontecimentos das últimas horas.

Depois de ver que estava tudo bem com Sizhui, Wangji ligou para saber mais notícias de Chunhua e acabou recebendo uma foto de seu irmão segurando a filha com lágrimas nos olhos. Tudo estava bem em Gusu, tudo estava bem em Yiling, o seu empregador não estava especialmente irritado com a sua falta no trabalho e Wuxian havia lhe emprestado uma toalha e roupas para que restaurasse um pouco a sua dignidade. A calça era um pouco longa demais e a camisa tinha mangas de cores diferentes, mas tudo tinha a cara dele. Todas essas coisas juntas foram transformando Wangji num boneco de gelatina, tão relaxado que era incapaz de se sustentar sobre as próprias pernas por muito mais tempo.

Wuxian permitiu que usasse sua cama e Wangji percebeu que ainda estava lá. Estava tão cansado antes de apagar que agora, seu corpo quase derretia de tanto conforto. O sol já estava se pondo, era possível ver da janela, e não que a perspectiva de ter desperdiçado um dia inteiro na cama fosse animadora, mas Wangji precisava muito daquelas horas de sono. Agora se sentia renovado por dentro e por fora. Bocejou longamente, se espreguiçando como pôde sem perturbar Sizhui no seu peito.

— Ei... — A voz de Wuxian lhe chamou baixinho, no meio de um manhoso bocejo. — Bom dia. Quer dizer, boa tarde.

Virou lentamente o pescoço, encontrando Wuxian sentado ao seu lado com Jingyi igualmente jogado sobre seu peito, com a boca aberta e roncando num cochilo. O colchão era largo e havia uma distância grande entre os dois, mas mesmo que não houvesse, Wangji não acharia ruim. Primeiro que estava na casa de Wuxian, já abusando muito da sua hospitalidade ao pedir para tirar um cochilo no seu quarto, e depois, a presença dele já havia deixado de ser um incomodo há tempos. Ainda assim, havia alguma timidez no fato de que os dois haviam compartilhado uma mesma cama por algumas horas. O rosto de Wangji estava quente, mas deu seu melhor para mostrar um sorriso discreto a Wuxian.

— Boa tarde. — Respondeu, sóbrio, deixando um beijo nos cabelos do filho.

— Espero que não se incomode. De termos ficado todos aqui, sabe. — Wuxian sussurrou novamente. — Eu estava tão cansado que Jingyi me colocou pra dormir e depois veio se deitar também...

Wangji fez que não em movimentos igualmente cuidadosos.

— Quer dizer então que é o seu filho que te põe pra dormir? — Wangji brincou após uns minutos de silêncio.

— Eu queria ficar acordado para fazer companhia a eles. — Wuxian se justificou, fingindo uma chateação pelo comentário que não convenceu nenhum dos dois. — Mas depois que comeram, os dois também começaram a bocejar e Jingyi mandou eu vir dormir. Você quer que eu fizesse o que? Ele pode ser muito convincente.

Wangji concordou, mas ainda estava se divertindo com a imagem mental de Jingyi colocando o próprio pai na cama e lhe dando tapinhas na testa até que ele pegasse no sono.

— Você ficou acordado até que horas ontem? — Perguntou, meio receoso. Sua consciência pesava só de pensar em Wuxian de pé a noite inteira.

— Até as três. — Wuxian respondeu em meio a um novo bocejo. — Depois disso eu não aguentei mais. Mas meu sofá é bem desconfortável e eu estava nervoso, só dormi bem depois que você chegou.

Só sei que foi assim - Wangxian Where stories live. Discover now