𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 𝓬𝓲𝓷𝓬𝓸, 𝓤𝓷𝓲𝓪𝓸

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   Se passava de cinco horas da tarde, o dia inteiro estava nublado com leves pancadas de chuva, o céu em tons diferentes de cinza, tomado pelas nuvens carregadas de água que desabariam a qualquer momento. Kira suspirou fundo sentada em uma cadeira da cafeteria que costumava frequentar, o cheiro dos grãos amargos do café era o melhor aroma que ela conseguia sentir invadindo sua narinas.

   Com seu expresso extra forte, ela levou a xícara até seus lábios, curvando-os e assoprando levemente o líquido quente antes de ingerir, seus dedos que tocavam rapidamente a tela de seu celular tentando escrever somente com uma mão a mensagem que desejava mandar a Hiro, um de seus amigos. Se havia uma coisa que a garota mais odiava era atrasos, mesmo que por poucos minutos, era detestável a irresponsabilidade de não chegar no horário marcado como haviam combinado.

   A mensagem havia sido enviada segundos antes da porta da cafeteria abrir, o barulho do sininho que sinalizava a chegada de um novo cliente chamou a atenção da morena que virou a cabeça rapidamente na direção da porta esperando ser a pessoa que esperava a algum tempo. Suspirou aliviada ao ver Hiro, seu primeiro amigo que conheceu assim que chegou a cidade em uma das festas. Não se deu ao trabalho de se levantar de onde estava, ele logo veio até ela deixando um beijo em sua bochecha delicadamente.

— Desculpe o atraso. - Foi tudo que o garoto disse antes de se sentar, nem sequer uma explicação do porquê motivo havia levado tanto tempo para sair de casa. — Você trouxe?

   A morena assentiu lentamente, tirando uma pequena caixa embalada em um papel de presente para o garoto que sorriu, apreciando o quão cuidadosa a garota era. Ninguém jamais sequer desconfiaria que em uma pequena caixinha de presentes poderiam conter balas de revólver, ainda mais sendo entregue em uma cafeteria lotada de pessoas, nem mesmo o segurança que tomava um café no balcão desconfiaria.

— Obrigado, eu vou abrir em casa. - Comentou ele sorrindo.

   Hiro pegou seu celular e começou a digitar rapidamente nele, seus dedos tocavam a tela brilhante em gestos rápidos. Kira suspirou fundo levando a xícara novamente até a proximidade de seus lábios e tomando um gole do líquido cafeinado de aroma gostoso que estava por todo canto do ambiente. Alguns segundos depois seu celular vibrou, notificando que o pagamento havia sido concluído.

   Seus negócios funcionavam bem, mas não era como se isso importasse agora, sua mente estava completamente dispersa em seus pensamentos que atropelavam uns aos outros com diferentes hipóteses sobre o que teria acontecido com seu irmão. Mas nada não passava de apenas hipóteses, suposições, o único que saberia lhe dizer a verdade Rintarou, mas ela deveria confiar nele realmente?

   Não lhe parecia uma boa ideia confiar em seu sequestrador.

   Hiro a tirou de seus pensamentos a chamando novamente para a terra, tentando arrancar o motivo dela estar tão aérea nos últimos dias que se passaram, nem sequer respondia direito as mensagens ao celular e quando se encontravam ela parecia estar no mundo da lua. A morena suspirou fundo dizendo apenas que era cansaço e sono das noites acumuladas o qual não dormiu nem sequer uma hora.

   Seu encontro com Hiro não durou por muito mais tempo do que meia hora, apesar de ele insistir para que ela fosse a sua casa e passasse a resto da tarde com ele assistindo a filmes ou conversando, a morena recusou gentilmente o pedido, realmente estava exausta e necessitava descansar mesmo que por pouquíssimas horas. Saiu da cafeteria após se despedir do amigo traçando o caminho até a sua casa pelas estradas do bairro.

   Novamente dispersa em suas suposições criadas em sua cabeça, seus pensamentos eram destinados somente ao seu irmão, seu único parente vivo que havia lhe criado como se fosse uma filha, dando o seu máximo para protegê-la e fazê-la uma mulher de se orgulhar. Suas últimas três noites que passara procurando por informações de Keita mas que não levavam a absolutamente nada, era frustrante, só lhe causavam dores de cabeça.

𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐎𝐁𝐒𝐄𝐒𝐒𝐈𝐕𝐎, 𝐬𝐮𝐧𝐚 𝐫𝐢𝐧𝐭𝐚𝐫𝐨𝐮 Donde viven las historias. Descúbrelo ahora