Pra gente, enfim, se amar...

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Olá, rábias! Espero que gostem dessa história escrita por mim com muito carinho. A música tema vai aparecer várias vezes durante o capítulo, quem quiser, coloquei aqui embaixo.

Boa leitura!

POV Narrador.

São Paulo. Janeiro de 2020.

Assim que terminou de ajeitar pela milésima vez o rascunho de seu desenho, Rafaella suspirou, tirou os óculos de grau, escondeu o rosto nas mãos e se afundou em sua cadeira. Precisava urgentemente descansar. Tinha cinco dias que não sabia nem o que era dia e nem o que era noite. Sentia a exaustão, sentia o corpo pedir por descanso, mas não podia se dar esse luxo tão cedo.

Os últimos dias estavam sendo muito corridos para a estilista. Rafa Kalimann era uma profissional muito dedicada, se certificava que cada mínimo detalhe do seu trabalho saísse perfeito, portanto, ocupava a maior parte de seu tempo revisando cada modelo desenhado e produzido por ela e por sua equipe.

A mineira havia saído da capital do Goiás, onde seus pais moravam, na adolescência, pois com 14 anos já sabia que fazia parte do mundo da moda, e para ter melhores oportunidades, a mudança para São Paulo era essencial.

Rafaella chegou na cidade com poucos recursos, sem nenhuma amizade, sem nenhum parente. Com muito esforço, conquistou uma bolsa em uma boa escola. Foi onde um anjo caiu do céu direto na sua vida.

Bianca Andrade acolheu a mineira como se fosse de sua família. A carioca havia se mudado do Rio de Janeiro para São Paulo dois anos antes, portanto, já estava mais adaptada ao ambiente. As duas caíram na mesma turma do 9° ano. Nos primeiros dias se estranharam um pouco, chegaram até a ter uma briga estranha, mas assim que se permitiram conhecer uma à outra, se identificaram de forma surreal. Rafaella chegou, inclusive, a passar muitos anos morando na casa de Bianca.

Com o passar do tempo, Rafa foi trabalhando e conquistando suas coisas, até adquirir condições de ter um apartamento para si. Porém, não conseguindo viver longe da amiga, Bianca se propôs a dividi-lo com ela.

– Rafa? Alô, tá me ouvindo? Terra chamando você. – Manoela Gavassi, uma grande amiga da mineira e da carioca, estava na porta, apenas com a cabeça para dentro da sala.

– Ah, oi Manu. Pode entrar. – Abriu o maior sorriso que pôde, que não foi muito grande.

– Bianca veio aqui, sua secretária falou que você não queria ser incomodada, então ela me encarregou de te alimentar. – A mais baixa caminhou até a mesa de Kalimann. Depositou ali uma sacola de restaurante, a abriu e foi retirando os itens de dentro. – Ela mandou eu te dizer que por mais que você seja a rosa dela, você não é planta de verdade e não sobrevive por meio de fotossíntese, você precisa comer.

– Eu como! Já almocei hoje, inclusive. – Disse analisando as embalagens que Manu organizava.

– Ela disse que você iria dizer isso, e que se eu perguntasse o que foi seu almoço você iria dizer um cookie e uma coquinha da máquina da empresa, e aí era pra eu dizer que isso não é almoço e enfiar essa comida aqui goela abaixo. Só que vamos evitar essa conversa desnecessária, né? Não precisamos disso, você vai comer direitinho, sem reclamar.

– Ai, eu não sei quem é pior: você ou a Andrade. – Revirou os olhos, pegando os talheres e se preparando para abrir o pote de comida. – Hum, como será que a Bia adivinhou que eu tava desejando esse salmão do Paris 6?

Lisboa || RabiaWhere stories live. Discover now