Capítulo 4

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Luma Panazzolo

O dia havia amanhecido bem frio, não tinha vontade de por os pés no chão e nem de sair da cama.
Que saudade faz um piso térmico!

- Luma, seu avô está esperando você na casa dele, é para você ir o mais rápido possível sem se atrasar, hoje ele terá a visita do capo e precisas de você lá.- disse minha mãe assim que entrou em meu quarto.

- Tenho quanto tempo?- perguntei bocejando de sono.

- Exatamente 20 minutos!-respondeu olhando seu relógio no pulso.

- Hum. São que horas agora?

- Quase duas da tarde, se apresse il mio amore.- disse a mesma saindo do quarto.

Me joguei na cama novamente esperando minha alma e meu estado bom de espírito, voltar para o meu corpo.

Fiquei deitada por um bom tempo até ouvir minha mãe me gritando.

- Sim?- disse assim que cheguei em seu quarto.

- Ainda não se arrumou? Faltam dez minutos Luma pelo amor de Deus!

- Tá bom mãe, vou me arrumar rapidinho. Só isso?

- Vai se aprontar, depois falo com você.

Fui para o banheiro onde fiz minha higiene o mais rápido possível, e voltei para o meu quarto para me arrumar.
Vesti uma saia com uma meia calça, uma blusa confortável e por último um casaco a apenas um rímel. Sabia que já estava mais que atrasada!

- Filha, hoje você será apresentada novamente ao capo, seu avô falará com ele hoje. Peço para que fique calma e não diga nada do que não deva, por favor.- disse minha mãe enquanto eu descia as escadas correndo.

- Tudo bem! Beijo mãe, amo a senhora tchau.

Saí de casa onde havia um carro me esperando. Se não estivesse tão atrasada iria andando, mas não tenho mais tempo para isso, somente na volta.

Assim que cheguei na casa do meu avô, percebi seu mal humor pelo meu atraso, para piorar Martina também estava lá. Olhei ao redor agradecendo a Deus pelo fato do capo ainda não ter chegado aqui, seria uma bronca a menos que eu levaria hoje.

- Luminha chegou atrasada, sabe como nosso vô odeia isso.- disse Martina soltando seu veneno.- Olha, ali vem ele!- disse se afastando e se sentando no sofá.

- Menina insolente, eu disse a sua mãe o horário que você tinha que estar aqui a espera do capo e faz esse atraso todo!- disse meu vô muito bravo.

- Mas eu não tinha que estar aqui se vocês vão conversar sobre negócios, é uma conduta certo?!

- Hoje trataremos de um assunto muito mais importante!- disse ignorando o que eu falei.

- Hum. O que seria?- perguntei me fazendo de desentendida já imaginando sobre o que se tratava.

- Isso você saberá quando o capo chegar Luminha.- disse Martina com um sorriso perverso, fazendo eu revirar meu olho.

- Irei ver minha vó e depois irei para o ateliê, assim que o capo chegar virei imediatamente.

Subi as escadas e fui para o quarto onde estava minha vó.

- Minha filha, como está?- disse a mesma estragando minha surpresa.

- Muito bem dona Violetta, e a senhora?

- De mal a pior.- disse rindo no mesmo instante.

- A senhora sempre estraga minhas tentativas de surpresa, quero chegar na sua idade e ter uma audição igualzinha a sua para saber distinguir as pessoas, você é ótima nisso!- disse beijando sua mão.

- Soube que o capo virá aqui hoje, ele já chegou?

- Não, ainda não. Sabe o que ele veio fazer aqui? Digo isso por que meu vô chamou eu e Martina aqui para isso. Pelo o que eu me lembre, é contra a conduta estarmos em uma reunião ou conversa que envolva a máfia.

- Sei meu bem. Creio que sua mãe já deva ter falado para você que a Cúpula havia a escolhido como a esposa do capo, mas pelo o que eu soube seu avô conseguiu convencer algumas pessoas do clã a deixar Martina a ser uma das pretendes de Paolo. Não sei como, mas ele conseguiu e é por isso que o capo, você e Martina estão aqui hoje, ele escolherá qual das duas irá desposar.

- Sim, minha mãe me disse mas não sabia da Martina apesar de desejar que ela seja escolhida pelo...- minha vó me cortou com uma cara séria.

- Não sei como seu avô fez isso, mas não será a Martina, será você! Você é a prometida do capo. Essa de encaixar Martina como uma "pretendente" não deve causar muito efeito pois, como eu disse, algumas pessoas do clã aceitou e outras não. Você é pura e Martina não é mais.

- Mesmo assim queria que fosse ela a escolhida, não quero essa vida para mim, não quero viver aqui. Essa vila pra mim se tornou uma prisão, parece um campo de segurança máxima.

- Il mio amore, não fique aflita, tudo dará certo!- disse minha vó me abraçando.- Acho que você não veio aqui só para ficar de conversa fiada comigo, deve esta ansiosa para ir ao ateliê.- balancei minha cabeça em sinal positivo e minha vó se levantou da cama aos poucos, e caminhando lentamente pude ver que havia uma bolsa de soro sendo levada por ela.

- A senhora tem certeza que está bem mesmo?- perguntei preocupada.

- Sì, não há nada com o que deva se preocupar. Vamos antes que o capo chegue e você ainda está aqui.

- Certo!

Saímos do seu quarto e fomos direto para o ateliê, aqui sempre foi um lugar onde me sentia em casa quando vinha visitar minha vó e ela estava sempre pintando, aqui é o lugar mais encantador da casa.

- Uau, quando a senhora fez isso? Não me lembro de ter visto essa pintura aqui.- disse admirada quando vi a tela com a mesma pintura a noite estrelada, de Van Gogh uma das minhas preferidas.

- A pouco tempo.- respondeu sorrindo sentando-se na cadeira ao lado do quadro.

- Meu Deus, isso aqui tá muito lindo. Queria ficar mais um pouco com a senhora olhando suas telas, mas tenho que descer acho que o capo chegou.- disse assim que olhei pela janela um carro entrando pelo enorme portão da casa.- Prometo que assim que tudo acabar subo aqui para ficar mais um tempinho com a senhora. Vamos para o quarto dona Violetta?- perguntei estendendo minha mão para que ela levantasse.

- Mas eu acabei de sentar.- disse bem humorada me arrancando um sorriso.

Deixei a nonna no seu quarto e desci rápido para sala, pois o capo já adentrava a porta com um semblante sério de arrogância, o oposto de ontem.

Cheguei perto dele e esperei sua permissão para o cumprimentar, e seguimos para a sala onde estava meu avô e Martina.

Novamente mais um dia cheio na presença do capo, não sei qual o efeito que essa conversa irá causar em mim, apenas suplico a Deus para que Martina seja a escolhida de Paolo Collalto.

Já imagino as investidas depravadas que Martina irá dar no capo, e nunca desejei que todas delas funcionasse pelo menos dessa vez, é muito estranho mas estou confiante que Martina assumirá o cargo de esposa gada do capo.
Por favor Deus, seja ela e não eu!

Meu coração estava acelerado assim também como a minha respiração, não conseguia me concentrar em mais nada, só almejava o momento em que o capo iria escolher a Martina e tudo isso acabaria e eu seria feliz.
Prefiro mil vezes ser a solteirona sem filhos do que ser a mulher do capo e um alvo prato cheio para seus inimigos, ou Deus me livre fosse escolhida e depois do casamento tivesse filhos, essa vida não é para mim não a quero nem ferrando. Não sou madura o suficiente para isso. Depois que voltei para Itália minha vida teve uma enorme revira volta, parece que está rodopiando até me deixar tonta com tantas coisas que tá acontecendo.




























Meus amores, vou tentar postar duas vezes por semana mas não vou me comprometer até ter certeza, mas tentarei visse? Beijinhos pro cês 🤭❤️.

A Prometida do Capo (EM ANDAMENTO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora