XVIII - Matthew está doente.

203 18 10
                                    

Assim que recompôs os pensamentos que estavam bastante acelerados, Anne foi até a secretaria da Queen's para informar sua breve ausência por duas semanas.

— Então a senhorita pretende fazer aulas extras quando voltar, para recuperar o tempo destas duas semanas perdidas?

— Sim senhor — Anne encarou o rapaz que escrevia em uma folha.

Assim que terminou, ele solicitou que ela assinasse na linha destinada.

— Essa folha é um documento que ficará arquivado em nossos registros — ele informou — caso a senhorita não cumpra o combinado, a chance de fazer esse semestre novamente são consideráveis.

— Não se preocupe, honrarei com o acordo.

— Boa viagem, senhorita Shirley.

— Obrigada, até breve.

Anne caminhou de volta para a hospedagem e quando pôs os pés na varanda, notou entre a janela de vidro que Roy Gardner estava na sala de visitas. Seu coração palpitou por um instante e ela sentiu as maçãs de seu rosto aquecerem, como nunca antes.

Ela desfez a postura cansada e levou às mãos frente ao cós da saia, como uma verdadeira dama.

Assim que cruzou a porta, Roy se levantou e deferiu um beijo no dorso de sua mão enluvada.

— É bom vê-la — ele sorriu, alegremente — parece um pouco preocupada, se esqueceu de nosso passeio?

— Lamento por não poder acompanhá-lo na caminhada de hoje, Roy. Mas, recebo notícias um tanto preocupantes de Avonlea e tirei uma licença para ir para casa. Preciso arrumar minhas coisas agora, sinto muito, de verdade. Com tudo isso, acabei me esquecendo dos meus compromissos.

Ao perceber que Anne estava extremamente preocupada, Roy segurou em suas mãos, acalmando-a. Aquele gesto de carinho fez com ela ficasse com o coração ainda mais pulsante dentro do peito.

— Não se preocupe — ele falou calmamente, reconfortado-a com um simples olhar — a esperarei aqui para ajudá-la com a mala, caso não se importe.

Anne assentiu e subiu as escadas para preparar a mala, apesar da preocupação ainda perdurar em sua mente, ela estava um pouco mais aliviada por Roy estar com ela.

. . .

Estava sentado ainda na sala de visitas, quando observou que uma humilde carruagem parava em frente à hospedagem. No mesmo instante, Anne desceu as escadas eufórica, como se estivesse atrasada.

Ele caminhou até ela e se dispôs a levar a mala, Anne suspirou aliviada, pois estava super pesada e agradeceu com um gesto.

Os dois saíram da pensão e foram acompanhados pelo olhar nada discreto e completamente surpreso do jovem que conduzia os cavalos.

— Este é o Roy, um amigo... — Anne olhou para Jerry que sorriu, sem graça — e este é o Jerry.

Ambos estenderam as mãos e se cumprimentaram.

Apesar de saber que era o amigo de Anne, Roy não pensou que seria tão doloroso ouvi-la dizendo com tanta relevância que eram apenas aquilo. Tentou ao máximo manter o semblante que estava outrora, entretanto, a única coisa que queria fazer era pensar em como a pediria em casamento, sendo que dentro dela, o que pesava mais era seu sentimento de amizade.

Sem prolongar muito àquela situação que de certa forma estava ficando incômoda, Roy deferiu um beijo no dorso delicado das mãos enluvadas de Anne e temporariamente se despediu.

(Des)encontros - SHIRBERT Where stories live. Discover now