I - Red Eyes

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O ar estava pesado e quente. O calor impedia-me de dormir o que me estava a irritar profundamente. Mesmo só com os boxers sobre um lençol fino e nada a cobrir o meu corpo eu suava por todo o lado. “Uma noite dos Infernos” pensei. Olhei em redor. No meu quarto só entrava a luz da lua. Luz essa que refletia no vidro da janela por sua vez aberta. Em cima da minha secretária tinha o meu computador e alguns livros. Perto da minha cama tinha uma estante cheia de livros os quais nunca li. Livros que vi em feiras de livros e achei interessante para um dia, talvez, ler ou então livros que me deram. Seja como for eu chamava àquela estante “Livros para ler antes de morrer”.  Ao lado havia o meu roupeiro. No chão havia algumas camisolas espalhadas. Camisolas que eu tirava quando chegava a casa e que depois tinha preguiça de as apanhar e colocar para lavar. Olhei pela janela. O céu estava negro e sem estrelas, apenas a lua. O único som que se ouvia era o som dos grilos. Nada mais, ninguém andava sem rumo naquela rua deserta. Não havia lixo a voar pois não havia vento nenhum. Estava demasiado calor, logo decidi levantar-me. Vesti umas calças e uma t-shirt e peguei nas chaves de casa. Rapidamente sai e num impulso comecei a andar pela rua sem saber para onde ir ou o que fazer. Apenas não conseguia continuar naquela casa. Bom de viver sozinho é mesmo o facto de eu não dever explicações a ninguém de onde vou ou do que vou fazer. Apenas saio de casa e ponto final.

Olhei para o grande relógio na praça. São 3 e meia da manhã. Três da manhã e eu aqui na rua. A rua está, obviamente, deserta. Num domingo a esta hora é normal não estar aqui ninguém. Têm os empregos amanhã. Continuo a caminhar em direção a nada.

Acabo por chegar perto de um parque. Cheio de arbustos e árvores. Agora só ouço grilos e o som dos meus sapatos no chão. Sento-me num dos bancos, a descansar e a aproveitar a natureza. O cheiro das folhas invade o meu corpo e eu respiro profundamente de maneira a inalar todo aquele maravilhoso odor.

Ouvi algo que me pareceu vir detrás dos arbustos. Rapidamente me levantei tentanto não fazer um único som para que o animal, ou a pessoa, não se assustasse.

Aproximei-me um pouco mais.

A pessoa tinha um manto preto com capuz a cobrir o seu corpo por completo. Estava de cabeça para o chão e parecia sussurrar qualquer coisa.

Aproximei-me ainda mais mas, com a pouca sorte que tenho, pisei um ramo que estava no chão sem querer. A pessoa olhou-me nos olhos.

E eu vi. Eu vi os seus olhos vermelhos como rubis e o seu cabelo comprido e negro. Os seus olhos transbordavam raiva. Por momentos pensei que me fosse atacar ou algo parecido. Mas numa fração de segundo, ela desapareceu por entre a noite.

Os seus olhos marcaram a minha mente. Não é possível. Talvez, eu tenha imaginado. A uma hora destas, sem dormir e estanto muito cansado é normal que eu tenha apenas visto coisas que não são reais.

Não notei muito na sua cara com os seus olhos ardentes a prefurarem o meu corpo. Mas consegui ver que ela tinha lábios finos e claros. E o seu cabelo esvoassou quando ela me olhou de frente, deixando me ver o seu pescoço. Ela tinha uma tatuagem que ia desde o pescoço até às orelhas. Essa, que brilhava tanto como os seus olhos.

Olho de novo para o relógio da praça e ele marca 4 da manhã. Decido voltar para casa e tentar dormir.

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