Problemas Sociais

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Recomendação: Believer - Cravity
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O caminho para casa foi bem legal, tirando a parte dos meus sustos com alguns veículos, e acabar esbarrando nas pessoas por ter me distraído.

Como eu disse antes, o conselho havia me colocado para morar perto do Seongmin, o que me fez andar uns seis metros atrás dele, para que não achasse que eu estava o seguindo. E de vez ou outra acabava admirando as ruas cada vez mais, eu já conhecia tudo, mas em tamanho humano tudo ficava mais lindo, era realmente incrível.

Já o meu querido coelho estava andando de cabeça baixa, com seus fones do ouvido, cantarolando alguma música, e minha vontade de sair voando e ouvir sua voz voltou, a distância não me permitia indentificar a melodia. Mas, para todo problema, a solução, mesmo que a solução seja passar vergonha.

- Hey! Seongmin. Pelo visto moramos na mesma direção - me aproximei falando como se não quisesse nada

- Oh! Olá! Camyla, certo? - o modo como ele falava meu nome era ainda mais lindo

- Sim, sim.

E um silêncio se instalou. Para mim estava super confortável, já que quase todos os dias eram assim, porém, ele normalmente não me via. Já para ele eu não sei, porque ele sempre aparentava que ia dizer algo, porém, parava antes mesmo de abrir a boca.

- Minha casa é aqui. Obrigado por me acompanhar, até amanhã.

E assim ele se foi, em passos curtos e rápidos.

[...]

Sabe aquela sensação de saber que tem algo para fazer, só que não saber como fazer? Era como eu estava me sentindo. Fui mandada para o ajudar, para resolver algum problema. Estava claro que se tratava de ser sozinho. Porém não sabia como o ajudar nisto. Eu poderia ser sua amiga, mas uma hora eu iria embora. Precisava conseguir amigos para ele.

Desde pequena eu sempre fui uma menina muito extrovertida, sempre falei com todos ao meu redor, mas quando se trata de falar com essa pessoa, é como se eu ficasse muda, as palavras somem da minha cabeça. E é por isso que estou aqui, jogada no sofá, comendo algo que os humanos chamam de macarrão instantâneo, assistindo a um documentário sobre baleias. Eu estou afundando em paradoxos.

Os sentimentos são tão confusos que já pensei em parar de telos.

E foi com essa coragem, que resolvi levantar do sofá e ir olhar minha nova vizinhança. A rua não era tão grande, tendo no máximo cinco casas cada lado, era possível ver algum verde espalhado pelo local, mas mesmo assim não era muito estilo natureza, se é que me entende. Cada casa era bem organizada, algumas de dois, outras com apenas um andar, era realmente muito bonito.

Parei para observar as pessoas na rua, havia pouco movimento, mas era possível ver algumas crianças brincando com seus animais de estimação, era algo bem reconfortante. E neste pequeno tempo, pude reparar una menina cabisbaixa logo ao lado de um grupo de amigos, que ao contrário dela estavam bem felizes. E com meu instinto de guardiã, não pude apenas olhar e não fazer nada

- Boa Tarde! Meu nome é Camyla, sou nova no bairro. Mas pode me dizer o porquê de estar tão triste?

- Meus amigos não querem brincar comigo - ela disse bem baixo, mas pude entender

- Ah sim... Mas porque não? Se não quiser responder não precisa.

- Um menino chato mentiu para eles, e agora eles não gostam de mim.

Então era isso.

- Você já tentou falar com eles? Falar a verdade?

- Não. Eles não vão acreditar. Eles não gostam mais de mim - e foi aí que eu quase entrei em desespero, ela estava começando a chorar

- Ei! Não precisa chorar okay? Vamos fazer assim, você vai falar com eles, e se eles não quiserem, você vem falar comigo e eu peço para sua mãe para a gente passear, o que acha?

- Tá bom

Limpando as lágrimas ela levantou e foi até o grupo, de onde estava pude ouvir alguns gritos, mas nada preocupante, e de repente ela saiu de lá com uma cara emburrada, aparentava estar estressada. Porém, no meio do caminho duas meninas vieram atrás dela, e ela sorriu. Pelo visto, essas meninas acreditaram nela.

Pode ser que muitos não acreditem em nosso lado, mas com certeza, alguém ajudará. A verdade vai ser revelada, e ninguém irá ficar sozinho. O mundo é grande demais para permanecermos solitários.

[...]

Mas um dia se iniciou, junto dele minha vontade de visitar o colégio.

Okay, talvez minha vontade não seja inteiramente estudar, mas talvez ver meu precioso naquele uniforme que o deixa ainda mais bonito.

Antes de sair tratei de aprender a usar o celular, eu já possuía algo igual no Reino, mas aquele parecia ser bem mais complicado. E depois de muitos tutoriais, já me considerava uma expert.

O dia estava lindo

Muita chuva e pouco sol. Com certeza levarei uns três casacos de reserva.

Resolvi sair mais cedo, caso eu me perdesse por culpa da minha incrível atenção, ainda poderia achar o caminho novamente.

E então segui meu caminho, andando devagar admirando a pouca claridade que o sol proporcionava

Chegando no colégio, me sentei no meu lugar. Pego meu celular e fones e coloco em uma playlist que fiz ontem a noite, deixo o volume baixo para poder ouvir as pessoas ao redor, evitando perder algo importante para meu estudo aqui.

[...]

Com o passar o tempo mais pessoas vão chegando, e cada vez mais o falatório aumenta, me fazendo aumentar o volume, não ouvi nada que preste até agora, não vou desperdiçar meu tempo.

Neste meio tempo percebi que dois meninos estavam olhando para dentro de nossa sala, parecendo nervosos, talvez esperando alguém.

Mas logo minha atenção muda de direção quando vejo o Seongmin entrar pela porta, e em movimentos rápidos, o mesmo coloca sua mochila pela cadeira e sai da sala, antes mesmo de eu falar um simples 'Bom Dia'. Sua expressão não era uma das melhores, o que me fez ficar completamente preocupada. E me levantando rápido tento o seguir, mas quando chego na porta, ouço sussuros e risadinhas vindo de um certo grupo

- Ya! Você não vai atrás dele não é? - uma menina gritou no fundo da sala - Ninguém te falou nada? Melhor tomar cuidado com ele estrangeira.

Frases como essas começaram a rodar pela sala, me fazendo voltar a andar cada vez mais rápido.

Eu não ia deixar falarem dele assim.

[...]

Depois de muito andar, girar de lá para cá, o achei encostado em uma árvore, seus soluços eram ouvidos claramente, e por um instante, quase perdi o controle e corri até ele.

Com alguns passos rápidos fui até ele, que estava sentado no chão, encolhido, e completamente indefeso.

- Hey! Não chore! Não ligue para o que as pessoas estão dizendo.

Eu sei que este ato não é comum ou ao menos educado neste país, mas não pude evitar de o abraçar, ele precisava disso, notei porque ao invés de se afastar, o mesmo retribuiu o abraço, e continuou a chorar, quebrando cada vez mais meu coração em pequenos pedaços.

Não entendia como as pessoas podiam o machucar tanto. Ele precisava de alguém. E esse alguém iria ser eu.

Coelhinho Cor de Rosa [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now